Pesquisador aponta ser possível reagir à imposição dos algoritmos nas redes sociais

04/10/2023 14h45 - última modificação 04/10/2023 14h46

O algoritmo decide o que vemos nas redes sociais, quando e de quem são os posts, porém – o mais importante – esse conjunto de instruções base da internet determina também aquilo que os usuários não devem ver. “Isso dá um poder enorme para quem processa os dados de programação”, alerta Fernando Thompson Viegas Filho, jornalista e administrador que se especializou no que ele chama de mediação algorítmica. Seus estudos indicam que é possível, sim, os usuários de redes sociais se revoltarem e não aceitarem a imposição das plataformas digitais, indo em direção oposta às informações e imagens postadas.

Fernando Thompson falou na aula magna das turmas de Gestão Ambiental, Comunicação Digital e Redes Sociais, Jornalismo e Produção Audiovisual da Educação a Distância Metodista, na noite de 2 de outubro. Entre os episódios que o despertaram para a pesquisa de doutorado que realiza sobre algoritmos no mercado financeiro está o espancamento de um negro no Carrefour em Porto Alegre que viralizou em 2020. Alcançou 1,7 bilhão de pessoas, mas essa crise de imagem não impactou o preço das ações da empresa na bolsa de valores.

Outro episódio foi com a Game Stop, cujo colapso financeiro levou traders (operadores de ações) a apostarem maciçamente na queda do valor de mercado da empresa. Porém, reação inesperada fez com que fãs dos jogos da marca iniciassem uma compra firme dos papéis em uma rede social específica desse mercado. Conclusão: a ação da Game Stop subiu de U$ 5 para US$ 25. Isso é conhecido como meme stock.

“É possível concluir que há um momento em que o algoritmo deixa de influenciar as pessoas e elas assumem o comando do querem ver”, pontua Fernando, que é doutorando em Ciências da Comunicação na Universa Nova de Lisboa, em Portugal, onde mora desde 2021.

Cursar programação

O pesquisador aconselhou a todos fazerem curso de programação para entender a complexidade da linguagem de computação e o direcionamento que algoritmos realizam nas postagens, além de defender a regulação das redes sociais, que a seu ver se tornaram um vício. Também criticou a postura das grandes redes que negam a garantia de privacidade dos dados dos usuários - vendidos a terceiros a partir do acompanhamento da navegação que fazem na internet.

Veja a íntegra da aula magna, que teve como tema Mediação Algorítmica: A Disputa entre Algoritmo e Usuários de Redes Sociais. Quem Levará a Melhor?

Texto: Malu Marcoccia
Última atualização: 04/10/2023

 

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