Diretor da Bombril defende multiconhecimentos para profissional de logística
09/02/2017 18h09
Embora o especialista seja importante na corrente profissional que cerca uma empresa, ter multiconhecimentos estabelece grande diferença na carreira. “Educação continuada é alicerce fundamental para dar saltos profissionais. Aliar trabalho e estudos é sacrificante, mas muito valorizado pelas empresas”, testemunha Luis Guilherme, diretor de Supply Chain da Bombril, líder no mercado brasileiro de higiene e limpeza, ao declarar-se grande defensor da continuidade permanente nos estudos, ele que se formou originalmente em engenharia civil e lecionava.
Luis Guilherme falou na aula magna do curso de Logística da Educação Metodista a Distância na noite de 9 de fevereiro, comentando as particularidades do profissional da cadeia de suprimentos e a importância da qualificação para atender as exigências do mercado, dos clientes e da própria empresa. Ele começou como trainee na América Latina Logística (ALL) quando a companhia operava exclusivamente com transporte ferroviário de cargas e, após cursar pós-graduação e aprimorar outros conhecimentos, saiu da prestação de serviços para atuar na logística de indústrias, “do outro lado do balcão”, como disse.
Interagindo com os professores Roberto Macedo e André Pelarin, o diretor da Bombril, que tem 38 anos de idade, comanda hoje três gerências e diz que iniciou na área numa época em que havia poucos cursos e literatura escassa sobre logística. “O aprendizado naquela época era na prática mesmo, por isso minha curva de instrução foi ainda mais forte e foi uma excelente escola, pois conheci todos os processos de uma empresa. Era a logística dentro de quatro paredes apenas. O conceito de custo atrelado a estoque não era tão evidente como hoje”, contou.
A complexidade de hoje para administrar estoques e transportes é que demanda profissionais com variados conhecimentos. A Bombril tem três fábricas no Brasil e cerca de 350 produtos em linha integrantes de nove famílias. O supply chain acaba se envolvendo com praticamente todos os processos dentro da empresa - desde o nascimento da relação com um cliente até a entrega da mercadoria.
“Damos suporte para o que pode ser vendido e serviços oferecidos, e para toda a cadeia atrás disso: planejamento de produção, compra e disponibilidade de insumos, produção em si, tudo faz parte de supply chain, um processo bastante transversal para garantir a rentabilidade e a boa prestação do serviço de uma companhia”, relatou o diretor.
Intercâmbio de informações
Na Bombril o supply chain é composto de três gerências: PCP (Planejamento e Controle de Produção), Suprimentos (responsável pela aquisição e gestão de estoques de matérias-primas e de serviços), além da Gerência de Logística, que responde por toda a movimentação interna das fábricas (intralogística) e pelo outbound, ou seja, todo o transporte de distribuição para clientes finais. As três fábricas - São Bernardo (SP), Sete Lagoas (MG) e Abreu Lima (PE) – têm CD (Centro de Distribuição) contíguos, de onde partem os produtos para todo o Brasil e alguns países da América do Sul.
“No sentido inverso, temos o processo de fluxo de informação. Se por um lado o supply chain se incumbe de produzir o que foi encomendado pelo cliente e de garantir a entrega no prazo a um custo apropriado, na contramão desse processo você tem que retornar com informações sobre o que foi efetivamente realizado, como foi entregue (prazo e quantidade) e todos os KPIs de logística (indicadores de desempenho)”, relatou.
Segundo Luis Guilherme, o intercâmbio de informação entre um operador logístico e um prestador de serviços era algo rudimentar antigamente. Hoje a velocidade na troca de informações é a alavanca da operação.
Professor Roberto Macedo reforçou que a logística passou a ser fator de diferencial competitivo para qualquer empresa, por isso o profissional deve estar preparado e atento às mudanças para quando surgirem novas oportunidades profissionais. O diretor da Bombril, depois da ALL, passou por outra operadora ferroviária, a MRS, e pela Vallourec, produtora de tubos de aço para exploração de óleo e gás.
Desafios constantes
Para ele, a carreira deve ter estágios de desenvolvimento, ser construída tijolo a tijolo, ao ser perguntado pelo professor André Pelarin sobre a ansiedade dos jovens de hoje, que querem galgar postos rapidamente.
“Carreira é como a natureza, não dá saltos. Mas esse construir aos poucos não quer dizer sair de casa, ir para o trabalho, cumprir as tarefas esperadas e voltar para casa ao final do dia. As empresas esperam além disso. Querem profissionais que a todo tempo se desafiam e essa é a chave para o crescimento profissional”, receitou, acrescentando:
“Desafiar-se significa ter perseverança. Não quer dizer que você vai acertar todas as vezes. O fato de não jogar a toalha, observar os processos na empresa e trazer novas ideias, discutir com os superiores, isso destaca um profissional do outro”.
Luis Guilherme também destacou que, apesar de ser um chavão, as organizações são a cara das pessoas que nelas trabalham. “A empresa não consegue se transformar se as pessoas não se transformarem”, afirmou, incentivando gestores a terem bom relacionamento com as equipes e a construírem ambientes alicerçados em times, “um dos segredos da boa gestão nas empresas”, definiu.