Guerra na Ucrânia faz repensar a dependência da globalização, diz pesquisador da Holanda
28/03/2022 13h35 - última modificação 28/03/2022 16h30
Repensar as lideranças nas empresas e reavaliar de forma mais abrangente os riscos dos negócios são duas lições fundamentais a extrair com a atual invasão da Ucrânia pela Rússia. O mundo está cada vez mais instável na economia e na política, por isso é preciso rever a dependência criada em torno da globalização seja pelas empresas seja pelas nações, segundo adverte professor Eduard Overes, da Escola de Negócios da Zuyd International Business, da Holanda, que falou na aula magna dos cursos de Gestão e Negócios da Metodista na noite de 25 de março.
O docente e pesquisador expôs os benefícios do intercâmbio comercial mundial, entre os quais a escala da produção, o aumento da clientela e a troca de conhecimentos, além da divisão de riscos, mas sublinhou que isso se dá em um cenário ideal de paz. Quando irrompem conflitos políticos ou territoriais como o atual, o mundo empresarial não está preparado.
“Temos que aprender a gerenciar melhor os riscos do livre mercado. Primeiro, criando líderes que tenham visão clara e ações prontas para tirar vantagem das adversidades e proteger o negócio. Segundo, traçar todos os cenários, inclusive os menos prováveis, para ter precauções e modos de enfrentamento”, afirmou o especialista em Gestão Estratégica, também professor visitante na Peter the Great University, St Petersburg, Rússia.
Cenários impensáveis
Eduard Overes citou como exemplos de cenários recentes impensáveis a saída do Reino Unido (Brexit) da União Europeia, o encalhe do cargueiro Ever Given no golfo pérsico, a Covid-19 e a guerra na Ucrânia. Somente o Ever Given congestionou 420 navios durante cinco dias, há um ano, obrigando ao fechamento de vários negócios. “Imaginem o dano provocado por uma guerra”, alertou.
Uma variável que ameaça bastante a globalização é o crescimento dos governos populistas no mundo. São governantes que não pensam no bem-estar geral, global, mas apenas na pequena parcela que os sustenta no poder e que os torna imprevisíveis, disse o docente. “E isso vai contra um dos mandamentos dos gestores privados, que é a estabilidade no horizonte”, arrematou.
O especialista fez um histórico dos riscos aos negócios diante de vulnerabilidades que impactam os custos, entre os quais o currency (desvalorização da moeda), a dependência de poucos mercados em vez da abertura ao maior número de países, parceiros inconfiáveis ou que não aderem à gestão ESG (governança responsável e sustentabilidade).
Veja a íntegra do encontro, realizado em parceria com a Assessoria de Relações Internacionais da Universidade Metodista de São Paulo e coordenadores dos cursos de Gestão e Negócios presenciais e a distância (EAD). A Metodista mantém programa de intercâmbio de alunos com a Zuyd International Businees da Holanda. Foi o primeiro evento pós-pandemia com o retorno das aulas presenciais, realizado no auditório Sigma com transmissão on-line. Em menos de dois dias houve 1,3 visualizações pelo Canal Metô e quase 1 mil assistindo ao vivo.