Semana de Capacitação 2018 debate o aprimoramento constante dos docentes
30/01/2018 14h55 - última modificação 13/03/2018 17h53
Boa parte dos professores no Brasil vem de outras profissões. Muitos se envolvem com a educação por serem especialistas em suas áreas de conhecimento, porém não têm a prática de como ensinar.
“Temos a função de formar alunos, mas nós mesmos não fomos formados para isso”, cita a professora Luci Ferraz de Mello, uma das coordenadoras de programa que introduz tecnologias de ensino na rede municipal de São Paulo e debatedora na mesa redonda que inaugurou a Semana de Capacitação 2018 da Universidade Metodista de São Paulo, na noite de 29 de janeiro.
Luci Ferraz tomou seu exemplo para evidenciar como é necessária a formação pedagógica do docente, sobretudo na atualidade de alunos hight-tech. Graduada em administração de empresas, ela precisou estudar metodologias de ensino para ingressar na área acadêmica. “Muitos docentes assumem a sala de aula sem saber o que é ser professor e aí o processo ensino-aprendizagem não caminha”, reforçou a professora da Metodista Fabiana Cabrera Silva Santos, responsável por uma das oficinas da Semana de Capacitação.
A semana já é tradicional na Metodista, mas ganhou mais dinâmica com a nova plataforma “Atualizo 3.0”, cujo objetivo é ser um espaço para reflexão permanente e construção coletiva dos saberes pedagógicos. “Nesta semana vivenciamos várias práticas e entendemos como é importante estar em constante atualização”, explicou a coordenadora de Graduação e Extensão da Metodista, professora Alessandra Zambone, que conduziu a mesa redonda sobre “A Universidade do Século XXI – Metodologias Ativas”.
Criatividade
Cláudio Fernando André, da PUC-São Paulo, foi enfático ao dizer que se os docentes não se abrirem para o novo, fazendo sempre do mesmo em vez de serem disruptivos, o resultado já é conhecido: a pedagogia do fracasso. Ele lamentou os frequentes últimos lugares de estudantes brasileiros no PISA (exame educacional aplicado pela OCDE em 72 países para avaliar conhecimentos em ciências, leitura e matemática).
“Temos que acabar com as aulas expositivas e deixar fluir a criatividade. É preciso coragem para promover mudanças, correr riscos e fazer correções pelo caminho”, afirmou, citando exemplos de metodologias ativas como estudos de casos, inteligência artificial, aula invertida e aprendizagem baseada em problemas como formas de estimular o aluno a compreender conteúdos. Também citou conceitos como Jornada do Herói, Empreendedorismo Digital e Gamificação (uso de jogos) como outras técnicas de impulso na aula. Enfatizou, porém, que metodologias ativas só fazem sentido se as pessoas assumem o protagonismo de seu uso, como por exemplo deixar alunos – com orientação do professor – buscar soluções para os exercícios ministrados.
Para ser agente de ensino, no entanto, o professor precisa estar capacitado. Luci Ferraz, que se especializou no uso de tecnologias na educação, questiona se docentes têm de fato conhecimento sobre todos os recursos de um celular, por exemplo, para interagir com estudantes. “O professor tem que se apropriar primeiro das tecnologias para, então, enriquecer o aprendizado dos alunos. Não adianta exigir que o estudante resolva uma questão em 10 minutos usando um app se o professor não conhece a finalidade desse dispositivo”, citou, apontando também outra realidade frequente: professores com projetos pedagógicos fabulosos, mas que não sabem se comunicar com a classe.
Interdisciplinaridade
Descobrir a capacidade de estar sempre aprendendendo deixa os professores com grande potencial para mudar a perspectiva do cenário educacional brasileiro. A professora Rosemary Leonovo Verrone, da Universidade Municipal de São Caetano (USCS), narrou experiência que reverteu a evasão de alunos de pedagogia ao colocá-los em busca de novos saberes por meio de projetos de trabalho. Uma das turmas em estágio identificou que a alimentação era um grande problema entre crianças e, por meio da interdisciplinaridade, chamaram alunos dos cursos de nutrição e comunicação para interagir no projeto pedagógico.
“Temos que colocar o aluno-professor para trabalhar, tirá-lo da passividade e da repetição de modelos. É preciso acabar com a rigidez da sequência linear dos conteúdos, do professor fechado só nos seus livros e teorias”, descreveu Rosemary, entendendo que certas distorções colocam em campos opostos todos os envolvidos com um mesmo tema.
Uma forma de furar a parede de gelo da área de Exatas é trabalhar com a técnica da Construção de Mapas. O professor do Centro Universitário da FEI Paulo Henrique Trentin mostrou como vem conseguindo bons resultados com essa experiência para quebrar o que chama de “barreira dos cálculos”. Para driblar o “matematiquês” em conteúdos que exigem números e lógica, os mapas de conceitos ajudam a colocar questões-problema em um organograma. Contexto do tema, palavras de ligação, proposições, lista de questões, cruzamento de soluções, entre outros, abrem caminhos mais fáceis do que fórmulas hermeticamente fechadas.
“É mais difícil, lento, mas o mapa conceitual constrói o conhecimento do aluno conforme suas reflexões sobre um tema”, descreveu o professor da FEI, que introduziu o método no curso de administração e discute a adoção nas graduações de engenharia.
A Semana de Capacitação 2018 da Metodista foi programada sob dois eixos temáticos: “Identidades e Saberes Docentes” e “Metodologias de Ensino para o Ensino Superior”. As oficinas abordam os seguintes subtemas:
• Planejamento de aulas EaD: Leitura @tiva e ferramentas de interação
• Capacitação para teleaula e videoaula na EaD
• Onedrive
• Uso de imagem e direito autoral
• Capacitação para Webaula - Performance no ambiente web
• Moodle Básico e Avançado
• Oficina PPT
• Collaborate
• Ferramenta Analítica do Moodle
• Fechamento de notas: Categoria, Importação e exportação de notas
• Produção de Material Audiovisual
• Livro Moodle
• Recording
• Questionário – Moodle