Atualizo 3.0: aprendizagem não acontece sem ambiente interativo, de engajamento, dizem especialistas
25/07/2018 17h45 - última modificação 27/07/2018 14h04
"Se a gente não mudar, ninguém aguenta”, desabafou em tom de advertência a coordenadora-assistente e professora de Tecnologia Educacional no Colégio Dante Alighieri, Verônica Martins Cannatá, logo na abertura do Atualizo 3.0 do segundo semestre, na noite de 23 de julho. Seu alerta foi reforçado por outros dois palestrantes do encontro, unânimes em orientar que a aprendizagem no século 21 não acontece se o aluno não encontrar ambientes interativos, de muito engajamento e motivação.
“Não podemos oferecer o conhecimento pronto. Temos que fazer o aluno pensar em seu contexto e buscar soluções para problemas, buscar seu próprio fazer”, acrescentou Ana Maria Di Grado Hessel, professora do Departamento de Fundamentos da Educação da PUC São Paulo, cujo pensamento foi seguido por Felipe Barreiros, fundador e CEO da Mastertech, especializada em Capacitação em Habilidades: “Alfabetização digital, treinamentos mais curtos e mais práticos”, citou como novas necessidades na educação corporativa.
O Atualizo 3.0 é um programa de atualização que a Universidade Metodista de São Paulo promove a cada abertura de semestre escolar com temáticas contemporâneas. Em 2018 o tema tem sido A Universidade do Século XXI. Além de Jornada Pedagógica que trouxe discussões como sala de aula invertida e jogos, gameficação e mapa mental e sensibilização docente, as oficinas deste 2º semestre versaram sobre Fundamentos e Saberes Docentes no Século 21, Atendimento Educacional Especializado na Universidade, Programa Office 365 (Onedrive, PPT Mix e Sway) e aula prática de Capacitação para Teleaula e Vídeoaula na EAD.
Ensino hibrido
Mestre em Educação pela Umesp, Verônica Cannatá especializou-se em ensino hibrido, que une conteúdo online e presencial. No Colégio Dante Alighieri desde o 2º ano os alunos são introduzidos em plataformas como moodle e dispositivos móveis para familiarizar-se com o aparato tecnológico do mundo atual, mas sem serem dispensados de aulas práticas que lidam com interação em classe, lousa, livros e carteiras enfileiradas.
“Eles são nativos digitais, mas não sabem tudo. Só tecnologia não resolve se não houver um bom projeto pedagógico por trás”, disse, apontando que inclusive os espaços físicos foram reconfigurados. Na Sala de Criatividade, professores de Arte e de Tecnologia dão aulas juntos, não mais cada um no seu horário, e na oficina FabDante são juntados conteúdos de ciência química, física e biológica. E o celular é liberado para pesquisas acadêmicas em geral.
Professora Verônica também citou a introdução do Comitê Gestor Discente, espaço de escuta onde o aluno fala de tecnologias, conteúdo curricular e dos próprios professores. No Ensino Médio, o colégio antecipou-se à nova Base Nacional Curricular e já oferece 78 matérias eletivas, para que os alunos conheçam variadas áreas antes de optarem por um curso superior.
Já Ana Maria Hessel, da PUC-SP, falou de sua experiência em formação on-line de educadores e de como modelos prontos de ensino impõem massa de conhecimentos que não é refletida nem aplicada a cada realidade. “Quando trabalhei com projetos em escolas públicas, propus que cada professor trabalhasse com um problema da sua escola e construísse uma solução de forma autônoma, sem copiar ideias prontas”, orientou, aconselhando que se faça o mesmo com alunos, estimulando-o a refletir sobre seu contexto social e existencial, indo além da mera aquisição de competências profissionais.
Antenado e pró-ativo
Felipe Barreiros abordou sua trajetória de estudante do século 21 com perfil antenado e pró-ativo que o levou a ser hoje empreendedor tecnológico fundador, entre outros, da Estação Hack, eleita a startup mais atraente do País, e da Mastertech, principal parceira do Facebook em educação digital.
Ele descreveu o perfil do jovem hoje como harduser de tecnologias e que aprecia competências técnicas. “Os jovens hoje se perguntam: o que me toca, o que me leva a trabalhar em tal empresa, o que quero fazer?”, citou, afirmando que é desafio das escolas responder a isso. “Quem vai mudar a educação são os alunos que hoje estamos capacitando”, sentenciou.
O encontro foi aberto pelo reitor Paulo Borges Campos Jr e conduzido pelos professores Marcelo Furlin e Adriana Barroso, coordenadores do Mestrado-Doutorado em Educação e da Pós-Graduação e Pesquisa, respectivamente.
Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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