Entrevista com Profª. Maria do Socorro Couto Guarnier
ATUALIZA – Quando você começou a trabalhar com o ensino a distância?
M. Socorro -
Iniciei a minha atuação no ensino a distância como aluna do Programa de
Capacitação Docente da Universidade Metodista. Depois que terminei o
curso, fui convidada pelo Prof. Luciano Venelli e Prof. Jacques,
membros da equipe do ATUALIZA, para exercer a tutoria do mesmo programa do
qual fizera parte. No segundo CAPDOC já desenvolvi o trabalho de
tutoria para 100 alunos. Este é o quarto curso que participo como
tutora, todos eles de Capacitação Docente.
Antes de iniciar este
trabalho nos cursos de extensão a distância, fui capacitadora na
Diretoria de Ensino de Santo André. Essa experiência ajudou-me muito no
e-learning, pois passei a atuar também com professores do Ensino
Superior e pude ensinar ferramentas e conceitos básicos para a prática
da docência e da vivência tecnológica no cotidiano.
ATUALIZA – Como você vê a evolução do ensino a distância?
M. Socorro -
A percepção que eu tenho a esse respeito está baseada no contato com os
participantes dos cursos. No início da minha atuação, percebia que
alguns não acreditam muito nessa modalidade de ensino. Havia um pouco
de resistência, deparava-me com depoimentos de descrença. No decorrer
das atividades, já diziam-se surpresos pelas possibilidades de
aprendizagem que o determinado curso oferecia, e admitiam que,
anteriormente, quando comentavam sobre o ensino a distância, não o
faziam com conhecimento de causa.
Hoje, com a crescente presença do
e-learning na sociedade, as pessoas já olham os cursos de outra
maneira, enxergando-os como uma possibilidade efetiva para o processo
de ensino-aprendizagem, e não somente um complemento do ensino
presencial. A maioria já percebeu que há necessidade de capacitação
para essa modalidade de ensino, visando o aperfeiçoamento da prática da
docência, tanto para modalidade presencial quanto em EAD.
Há relatos de participantes sobre os cursos afirmando que um programa
de capacitação docente nestes moldes acaba produzindo uma maior
aproximação dos alunos, pois quando o professor se apropria desses
conhecimentos, existe um maior interesse pelas aulas que se tornam mais
interessantes, pois não ficam somente expositivas e o professor pode
adotar recursos diferenciados para estimular os aprendizes.
ATUALIZA – Quais as experiências bem e mal-sucedidas que você poderia citar quanto a EAD, de acordo com sua vivência no assunto?
M. Socorro -
Primeiramente, ser tutor exige tempo e dedicação. A pessoa responsável
pela tutoria de um curso a distância deve interagir constantemente com
a equipe de suporte, professor-gestor, alunos, etc., e, para isso, o
ideal seria o tutor algumas repsonsabilidades, como aulas e trabalhos
pendentes.
Passei por uma experiência não muito bem-sucedida
quando, ao matricular-me como aluna em um curso da Escola da Vila, a
equipe organizadora que estabelecia contatos técnico-pedagógicos com os
alunos acabou não dando o suporte necessário aos participantes, o curso
não foi concluído, e não houve nem possibilidade de receber o
certificado de participação. Ah, é bom destacar que não foi um curso
gratuito.
Vivenciei várias experiências bem-sucedidas na EAD, e a mais
interessante foi no programa da Universidade Aberta de Verão da
Metodista, no curso de Capacitação Docente oferecido aos professores
das Redes estadual e municipal do Grande ABC. No curso, praticamente
não houve evasão, que foi inferior a 10% do total de alunos, o que
indica que os participantes aprovaram o curso, visto que a equipe que
organizou as aulas via Internet conseguiu, com sucesso, fazer com que
os aprendizes se mantivessem interessados, pois tiveram a possibilidade
de entrar em contato com conteúdos significativos para o crescimento
profissional dos mesmos.
ATUALIZA – Qual sua opinião sobre as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação na educação?
M. Socorro -
Penso que, atualmente, as tecnologias utilizadas na educação são
essenciais. O mercado de trabalho está muito competitivo e exigente, o
que acaba criando quase que uma obrigatoriedade para as pessoas, no
sentido de buscar cursos de aperfeiçoamento, extensão, e-learning,
utilização do computador como ferramenta para atuação profissional e
mais uma infinidade de opções. O docente e o aluno não podem estar
limitados a aulas expositivas e tradicionais, devem estar atentos às
inovações para que possam usá-la da melhor forma possível.
Todo
professor, quando deseja usar as Novas Tecnologias de Informação e
Comunicação na EAD, deve ter um projeto para que os alunos não recebam
informações repetitivas. Deve sempre haver um progresso no aprendizado.
ATUALIZA - O que um curso de EAD deve ter como mais importante?
M. Socorro - É difícil apontar apenas um fator importante em um curso a distância, entendo que seja um conjunto de fatores. A meu ver, a possibilidade de retroalimentação é fundamental. É um processo pelo qual são produzidas modificações em um determinado sistema. Quando há possibilidade de trocas, quaisquer que sejam elas, somos retroalimentados e, assim, de maneira dinâmica, evoluímos. Com relação ao curso, isso é importante para que o aluno, por meio de um trabalho reflexivo, vá percebendo o que aprendeu, o quanto está se modificando e as implicações dessas mudanças no coletivo. Deve haver um aprofundamento cada vez maior sobre os conteúdos e interação entre professores e aprendizes, pois todos nós aprendemos uns com os outros, ainda mais na EAD, em que o foco principal deve estar centrado no diálogo e troca de experiências.
ATUALIZA – Qual a função do tutor? Tutor e Professor-gestor desenvolvem a mesma tarefa?
M. Socorro -
O Professor-gestor e tutor desenvolvem atividades afins. Eles devem
estabelecer relações próximas, de profissionalismo e cordialidade,
afinal são pessoas extremamente importantes no processo de
ensino-aprendizagem. É importante destacar que é perfeitamente possível
desenvolver, ao mesmo tempo, a função de Professor-gestor e Tutor.
Nos cursos que venho participando, a atuação do professor-gestor é
muito mais ampla do que a do tutor. O gestor cria o curso, é aquele que
planeja, elabora o plano de ensino, produz a fundamentação
teórico-prática e põe em prática o que produziu. Reúne-se com a equipe
para ter suporte que o seu curso necessita. No decorrer do curso,
acompanha-o, participando das atividades que foram propostas e
interferindo no que for necessário.
O tutor é a pessoa responsável por corrigir as atividades dos alunos,
encaminhar ao Núcleo de Tecnologias Aplicadas à Educação problemas
específicos que surjam no decorrer do curso, acompanhar o fórum,
revisar materiais que vão ser postados no site e, principalmente,
oferecer atendimento individualizado ao aluno. Ao contrário do ensino
presencial, na EAD é possível atender e "conversar" com todos os
participantes, refletir sobre as opiniões deles e dar um parecer sobre
as tarefas e comentários postados.
ATUALIZA – Quais sugestões você oferece para quem deseja ser tutor de cursos de extensão em educação a distância?