Faculdades e Universidades Historicamente Negras: uma história de justiça social
26/05/2015 11h02
Faculdades e Universidades Historicamente Negras (HBCUs, na sigla em inglês): quem ouve esse termo pode pensar em locais restritos a essa população. Mas, pelo contrário, as HBCUs têm muita diversidade e desejo de falar com alunos do mundo inteiro. Essa foi a mensagem passada pelo reitor da Claflin University, Henry N. Tisdale, que ministrou na última segunda-feira, 25 de maio, a palestra “Origem e gestão das Black Universities nos Estados Unidos – o papel e apoio da Igreja Metodista na criação dessas relevantes IES”.
O evento foi promovido pela Assessoria de Relações Internacionais da Metodista, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Educação e o Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião. O reitor da Claflin fez um retrospecto das HBCUs e da importância que tiveram na integração da população negra, especialmente após a Guerra de Secessão, para os negros do Sul dos Estados Unidos e também nos anos 60, época da luta pelos direitos civis. “Passamos muitos dias protestando contra a segregação, pelo direito de votar, pelo direito de sentar na cantina, pelo direito de ser tratado como ser humano”, relembra Tisdale.
A Claflin foi fundada exatamente em 1869, após a Guerra de Secessão, por missionários metodistas. Ainda hoje mantém essa origem, sendo afiliada à Igreja Metodista Unida. Mas isso não significa que a Igreja domine a administração da Universidade, conforme explica o reitor da Claflin: o comitê de diretores, responsável pela administração da universidade, é composto por representantes da Igreja, da comunidade, por ex-alunos e empresários, por exemplo.
Assim como no Brasil, nos Estados Unidos existem universidades públicas, privadas, que visam lucro e privadas sem fins lucrativos; neste último grupo se inserem as instituições relacionadas às igrejas como a Claflin, que têm, além das missões do ensino, pesquisa e extensão, um compromisso com a justiça social. Tisdale explica que a Igreja teve um papel fundamental na Claflin, ao insistir que fosse aberta a todos, promovendo assim a inclusão.
Atualmente, as HBCUs respondem por 3% dos alunos de graduação e 24% dos afrodescendentes que se formam nos Estados Unidos. 80% dos governadores negros, 75% das negras com PHD e 75% dos médicos negros se formaram nas HBCUs.
Tisdale lembrou que a Universidade sofreu os impactos da crise econômica de 2008, e a Claflin vem buscando outras fontes de lucro e outros modelos de financiamento. A modalidade de educação a distância é uma dessas possibilidades. O reitor defende a existência de cursos tecnólogos, de dois anos, mais focados nas necessidades do mercado e questiona a duração dos cursos de bacharelado: “Em 2015 ainda precisamos de 4 anos de bacharelado? Não podia ser em 3 anos?”. A diminuição da duração seria outra forma de se economizar, acredita o reitor.