Segundo dia do Pensacom debate novas formas de sociabilidade e o futuro da pesquisa em comunicação

O evento contou com a presença da fundadora do projeto AfroeducAÇÃO

18/12/2018 12h34

Nila Maria

O segundo dia da Conferência do Pensamento Comunicacional Brasileiro 2018 (Pensacom) foi aberto pelo colóquio “Juventudes e Comunicação: novas formas de sociabilidade”. Na mesa coordenada por Nair Prata, Diretora Científica da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares e Comunicação (Intercom), apresentaram seus trabalhos Moisés Sbardeloto, doutor em Comunicação Social pela Universidade do Vale do Rio do Sinos (Unisinos), Marcus Faustini, fundador da Agência Redes para Juventudes, e Paola Prandini, fundadora e diretora do Afroeducação. A mesa foi mediada por Roseli Fígaro, diretora de Relações Internacionais da Intercom.

Sbardeloto tratou de sua pesquisa sobre Tecnologias Digitais e Sociabilidade, que aborda a maneira como se dá a comunicação dos jovens na era digital, sobretudo com a presença das redes sociais.

O diretor de teatro e cineasta, Marcus Faustini, contou sua experiência com a criação da Agência Redes para Juventudes, no Rio de Janeiro. Trata-se de uma metodologia que busca trazer jovens moradores das favelas e periferias da capital fluminense para o protagonismo das pautas sociais. Faustini enfatizou, diversas vezes, a necessidade de acabar com a hierarquização que coloca o jovem pobre como um ser sem desejos, carentes, como são retratados e colocados por outras organizações. Segundo ele, a Agência Redes não é uma organização social, mas é “a possibilidade de criação de um novo espaço-tempo para os jovens (...) onde eles sejam reconhecidos como sujeitos criadores”.

Seguindo na área de educomunicação, Paola Prandini apresentou o projeto AfroeducAÇÃO, criado por ela e que completou, em 2018, dez anos. A empresa social é pioneira na produção de ações estratégias para a redução de desigualdade e promoção de equidade racial. A organização parte do princípio da Lei Federal número 10.639/03, que torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira no ensino básico. Assim, promove diversos eventos culturais com o objetivo de garantir a visibilidade da cultura negra no Brasil.

O Fórum Ensicom teve como tema “Juventude: Formação para o mundo do trabalho, para a pesquisa e extensão na área da Comunicação para 2020. Como deve ser a Pós-Graduação Lato e Estrito Sensu”. Dele participaram André Tezza (Universidade Positivo – UP), Maria Ataíde (UFPA), Cláudia Moura (PUCRS) e Rodrigo Gabriotti (UMESP).

Tezza compartilhou sua experiência como professor da graduação na Universidade Positivo. Em 2017, criou uma disciplina optativa para os cursos de Jornalismo, Publicidade e Design, chamada “As Artes de Viajar”. Segundo ele, a proposta era relacionar viagem com artes: “criar interesse em repertório a partir de artistas que, de algum modo, foram viajantes”. André criou um passaporte que mostra, em cada página, um país e uma seleção de artistas das áreas da literatura, artes plásticas e cinema nascidos neste país. A proposta é que, ao final do curso, cada aluno tivesse lido, ao menos um dos livros propostos. As aulas contavam com a presença de professores que palestravam sobre os temas abordados em cada página do passaporte e, ao final da disciplina, cada aluno fez uma apresentação sobre um país e um livro. Tezza define esta como a melhor experiência que teve como professor.

Claudia Moura apresentou sua pesquisa “Ensino em comunicação: um estudo sobre os grupos de pesquisa no Brasil”. Doutora em comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), observa, em seu trabalho, um crescimento na produção científica sobre comunicação e uma ampliação no número de Grupos de Pesquisa (GP) que se dedicam a estudar o tema. Realizou um mapeamento de GPs existentes no Diretório do CNPq e apresentou dois grupos de pesquisa que ilustram diferentes trajetórias para tratar a formação superior.

Gabriotti apresentou sua pesquisa “Tendências e perspectivas da pesquisa em comunicação: uma cartografia no contexto FAPESP (1992-2016)”, em que mapeou o crescimento da pesquisa em comunicação dentro de um período de 24 anos. Analisou em que universidades estão concentradas as bolsas de pesquisa da FAPESP e também bolsas de universidades estrangeiras.

No período da tarde foram realizados os Grupos de Trabalho (GTs) Comunicação e Saúde (coordenado por Ieda Borges), Comunicação e Mercado (Daniel Galindo), Comunicação e Política (Roberto Gondo) e Comunicação e Juventudes (Ricardo Alvarenga).

O evento foi encerrado com a intervenção artística do Violeiro Fábio Bello.

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