O Método da compreensão e o Brasil nosso atual.

27/07/2021 14h05 - última modificação 27/07/2021 14h13

Compreender o Brasil atual.

“Para compreender o Brasil atual: uma contribuição de Hannah Arendt e de Carl Gustav Jung.” Ousado, quase traindo uma certa arrogância, este foi o tema que o grupo de pesquisa “Da Compreensão como Método” elegeu para a sua webconferência do dia 3 de junho de 2021, tendo como conferencistas os professores e pesquisadores Dimas A. Künsch (líder do grupo de pesquisa), que falou sobre Hannah Arendt, e Leonardo Torres, do Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa, o Ijep, que abordou o tema sob a perspectiva da Psicologia Analítica de Jung. O evento foi organizado pela Cátedra Metodista/Unesco de Comunicação, sob a condução de seu dirigente, Roberto Chiachiri.
Compreender é diferente de explicar. E talvez resida aí o principal erro de avaliação por parte de quem viu no “Para compreender o Brasil atual” do título uma tentativa de explicar o Brasil deste ano de 2011, um país que é vítima muito mais do que necessário da pandemia da Covid tanto quanto de uma crise política que a cada dia assusta a sua população mais crítica e esperançosa com novas e perigosas ameaças à democracia e ao estado democrático de direito. Compreender (do latim, comprehendere) tem nesse contexto o sentido de integrar, abraçar, ou, sob o ponto de vista de Hannah Arendt, de sentir o mundo como nossa casa, com suas sombras e os seus pecados, e não como se fosse algo distante de nós.
Diferente da explicação de tipo racional, tão necessária como às vezes unilateral e exagerada, a compreensão se nega a dividir o mundo entre bons e maus, bandidos e mocinhos, redimidos e condenados. Hannah Arendt chama o mundo de seu tempo para “compreender” o totalitarismo feroz em sua Alemanha e alhures. Humano e constitutivo do humano, o gesto da compreensão não compactua com o erro, a injustiça, a violência, não aceita o mal nem perdoa: luta contra. Mas entende que esse “sentir-se em casa”, numa comunhão universal de destinos e sob o escuro de muitas sombras, é indispensável, essencial. Na mesma linha se situa por seu lado Jung, a partir de sua ótica própria, quando remete a discussão sobre o totalitarismo nazista – qualquer totalitarismo! – ao mundo dos símbolos mitológicos, cujos conteúdos, lá no fundo da inconsciência pessoal e coletiva, chama para uma conversa muito séria, de tipo compreensivo, com os nossos deuses e deusas e com os nossos monstros.
O grupo de pesquisa “Da Compreensão como Método” (www.dacompreensao.com.br), do CNPq, está sediado junto ao Programa de Pós-graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

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