VIII eCom propõe debates sobre corpo, cidade, arte e mercado
04/10/2019 13h05
Igor Neves
A oitava edição da Conferência Brasileira de Estudo em Comunicação e Mercado, organizado pelo Grupo de Pesquisa Comunicação e Mercado – coordenado pelo professor Daniel Galindo – junto à Cátedra UNESCO/UMESP de Comunicação para o Desenvolvimento Regional e ao Centro Universitário Belas Artes, que ocorreu na última quarta-feira, contou com palestras sobre cidade, diversidade e design e suas relações com o mercado.
A abertura do evento foi feita pela professora Patrícia Cardim, diretora do Centro Universitário Belas Artes, e pelo professor Daniel Galindo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e coordenador do eCom, que frisou a importância de entender que mercado são pessoas e que, por isso, é necessário humanizar as relações feitas pelo mercado.
A primeira palestra foi feita pela professora Ana Claudia de Oliveira, da PUC/SP, que discutiu a relação de corpos com a cidade. Para a pesquisadora, a cidade é um sujeito que na sua relação com o habitante, o objetifica a partir de suas ações. “A cidade tem sobre nós um fazer que nos torna objetal, nós perdemos as nossas condições de ser um sujeito”, declarou a professora.
A cidade age sobre as pessoas a partir do deslocamento que elas têm que fazer diariamente para chegar ao trabalho, ao local em que estuda, ao espaço de lazer, etc. E é também, segundo Oliveira, na observação que fazemos da cidade, de quais partes conhecemos, ou não, que nos transformamos enquanto corpos que transitam nesse espaço.
A fala seguinte foi feita pelo professor Wilton Garcia, da FATEC Itaquaquecetuba e da Universidade de Sorocaba (UNISO), que discutiu diversidade e mercado. O palestrante levantou a discussão sobre como a mídia e o mercado tratam as novas demandas por diversidade e como se apropriam dela para gerar engajamento e tirar lucro.
Garcia usou como como exemplo o caso da unidade do Carrefour na Rua Augusta, em São Paulo, que durante o mês do Orgulho LGBTTQI+, estampou em suas dependências as cores do arco-íris com os dizeres TODXS MERECEM RESPEITO, além de um manifesto onde se mostrava a favor da diversidade. A empresa anunciava também que tinha produzido uma coleção de camisetas estampada com as cores do movimento.
O professor destacou que a ação ficou restrita à aquela unidade e não foi adotada por todas, já que naquela região o público que a marca tentava atingir era mais frequente ou possuía consumidores que também apoiavam as causas. Ou seja, o mercado se apropriou das demandas por diversidade para lucrar, mas não se comprometeu em fazer disso sua bandeira oficial, já que em outras localidades em que o Carrefour se encontra – e onde o público médio poderia não ser a favor do movimento – a ação não foi realizada.
A última palestra da manhã foi realizada por Suely Garcia, do Centro Universitário Belas Artes. A professora falou sobre a sua experiencia pessoal com o design, como a memória e a identidade a ajudaram a moldar o trabalho que faz, além da importância com o contato com o outro e com o espaço para a sua formação de professora e designer. “Ser professor e ter uma verdadeira paixão pelo outro; e ser designer é gostar de gente, porque vamos solucionas problemas para pessoas”.
A parte da tarde ficou reservada a apresentação dos grupos de trabalho, que discutiram comunicação e consumo; comunicação de mercado e redes sociais online, mídia e inovações; comunicação e mercado, arte, design e experiências; além de um espaço para apresentação de resultados de Iniciação Científica que abordaram os temas de comunicação e mercado.