Uma semana de curiosidades
29/10/2019 13h24
Victor Fermino
A Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) recebeu a Sefime (Semana de Filosofia da Metodista), um evento de quatro dias (14 a 17 de outubro) que teve como objetivo refletir sobre o tema: é possível educar sem filosofar? Organizada pelo Centro Acadêmico Professor Rui Josgrilberg, a semana de discussões acadêmicas se mostrava interdisciplinar por natureza. Educação e Filosofia, juntas em um ambiente propício para discussões de todos os tipos.
Como pós-graduando na Comunicação, acreditei no meu potencial de poder oxigenar o debate acadêmico, mesmo que minimamente, e participei também da semana com um trabalho que tentava ao máximo dialogar com Educação e Filosofia. Era a união do útil ao agradável. A variedade de temas no caderno de resumos, por si só, já denotava o caráter dialógico do evento.
No primeiro dia, com a moderação do Professor Dr. Ismael Forte Valentim, apreciamos a presença da Professora Dra. Sanny Silva da Rosa, da pós-graduação da USCS, com palestra sobre Política na Educação. Ela parafraseou Paulo Freire, nos lembrando que nenhuma educação é neutra. Falou sobre os projetos funcionalistas que buscam instrumentalizar a educação para fabricar trabalhadores sem a capacidade de filosofar. Embora a plateia fosse pequena, não faltaram discussões sobre políticas neoliberais, labor versus trabalho, papel do estado na formação filósofa do ser humano.
“Uma autora pouco discutida na Educação, Hannah Arendt, tem uma frase dentro do livro Condição Humana, que é: ‘quanto mais completamente a sociedade moderna rejeita a distinção entre particular e público, mais difícil torna as coisas para suas crianças’. Numa sociedade como a que temos vivido”, diz Sanny, “onde o principal valor parece ser o do individualismo, fica cada vez mais difícil ensinar às crianças que elas não são o centro do mundo e que tudo tem limites. ”
No meu dia de apresentar um trabalho, a experiência foi de aventura. Entrando em um mundo totalmente diferente, mas que ainda existia dentro dos mesmos corredores do Capa e do Delta. Discentes e docentes, todos falando sobre filosofar e educar, em diferentes óticas. Na minha vez, mencionei a importância do diálogo e da subjetividade no campo da Educação assim como no da Comunicação. Citei Mikhail Bakhtin, o que deu espaço para uma discussão sobre a natureza subjetiva da linguagem. Naquele momento, a natureza da Sefime se tornou explícita: um mesmo objeto sendo discutido a partir de uma multiplicidade de pontos de vista.
Como dito em um parágrafo anterior, o auditório não estava lotado de corpos, mas lotado sim de ideias e questionamentos. Certificados, viagens, taxas de inscrição, submissões, templates que ignoram completamente a ABNT Certamente associamos essas propriedades a congressos acadêmicos. O diálogo não precisa, necessariamente, ser entre pensadores de campos completamente distantes, mas neste caso, a interdisciplinaridade funcionou. Como diria o Professor Ismael: “Somos poucos, mas estamos aqui”.