Professor Vitor Chaves de Souza discute hermenêutica e Paul Ricoeur em reunião de Grupo de Pesquisa

25/10/2019 13h17

Igor Neves

Paul Ricoeur e compreensão. Foi assim que se iniciou a última reunião do Grupo de Pesquisa ‘Da Compreensão como Método’, com Vitor Chavez de Souza. Coordenada pelos professores Mateus Yuri Passos e Dimas Künsch do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista (PPGCOM/UMESP), o encontro recebeu o docente, que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião. Estudioso do filósofo francês Paul Ricoeur, Chavez publicou o livro ‘A dobra da religião em Paul Ricoeur’, resultado da sua tese de doutoramento.

O professor começou a sua apresentação discutindo um pouco da vida de Ricouer, que perdeu a mãe pouco depois de nascer e o pai ainda na infância, e chegou a viver em um campo de concentração na Polônia durante e Segunda Guerra Mundial. Mas, apesar de todas as dificuldades que enfrentou, Souza enfatiza o fato de o filósofo apresentar um otimismo pela vida.

O pesquisador comentou um pouco a ideia de hermenêutica para Ricoeur. Opondo-se à ideia de um arco hermenêutico, que divide de um lado explicação e do outro a compreensão – que associa o explicar às ciências naturais e o compreender às ciências humanas – o francês preferia a ideia de círculo hermenêutico que foi apresentada pelo filósofo Friedrich Schleiermacher. A explicação e compreensão estão nas duas ciências, se envolvendo continuamente com a leitura e interpretação do mundo. Ler faz parte de qualquer esfera da vida.

Para Ricoueur, a hermenêutica não se preocupa com compreensão correta e com a compreensão justa. Se houvesse apenas uma interpretação certa, todas as outras estariam erradas. Com isso trabalha-se com a ideia de justeza para que se entenda o contexto do texto e de forma que as diferentes interpretações convivam entre si. A hermenêutica é um processo duplo, por um lado ético, por outro ontológico, não há preocupação estética ou gramatical.

Souza terminou comentando os três estágios da hermenêutica: tudo começa em um texto, o símbolo, que desagua em uma ação, a narrativa que dependem da relação que o indivíduo estabelece com o Outro, a alteridade.

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