Professor Luís Mauro Sá Martino discute estética e política em reunião do Grupo de Pesquisa
01/10/2019 13h21
Igor Neves
A reunião de setembro de Grupo de Pesquisa ´Mídia, Cultura e Arte’, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista (PPGCOM/UMESP), coordenado pelo professor Herom Vargas, recebeu o pesquisador Luís Mauro Sá Martino para discutir as relações entre a estética e a política.
O professor começou sua fala contando sobre a Cruzada Albigense, que começou em 1209, quando o papa Inocêncio III decidiu confrontar o movimento religioso conhecido como Catarismo que se estabeleceu no sul da França. Após a vitória da Igreja Católica em 1229, foi erguida na região uma catedral que se desviava dos padrões góticos da época para se assemelhar a uma fortaleza, para que assim se reforçasse a ideia de poder e dominação da igreja no local. Para Sá Martino, esse exemplo demonstra que o regime de poder é sempre um regime estético.
Segundo o pesquisador, o poder que não se torna visível perde pontos no jogo político, por isso sempre há uma apropriação da estética pelos governos para que assim ele seja visto pela população e possa estar presente em seu imaginário.
Sá Matino comentou também que ocorre uma despolitização da política e politização do entretenimento. Citou como exemplo o fato do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, que tirou uma foto mostrando que estava com uma meia da saga Star Wars. O que aconteceu nesse caso foi o uso de uma estética da cultura pop para que o político se mostrasse mais próximo da linguagem atual, e, assim, tenha ganho de capital político. O mesmo aconteceu no encontro entre a ex-presidente Dilma Rousseff e a cantora colombiana Shakira, a cantora se aproximou da política ao ser recebida por um chefe de estado e a presidente ganhou de capital político ao se aparecer junto a uma cantora pop.
Para o professor, devido à competição com os outros tópicos presentes nas mídias digitais, os políticos perceberam a necessidade de se aproximar das linguagens midiáticas para se fazer ouvir, como ocorreu na troca de tuítes entre o presidente americano Donald Trump e o chefe de estado da Coreia do Norte Kim Jong-Un.