Pesquisadora alerta importância da centralização de pesquisas sobre a COVID-19

03/07/2020 17h15 - última modificação 03/07/2020 17h22

João Gabriel Fiasche 

Em entrevista à jornalista Agnès Bardon, da UNESCO, a pesquisadora Nathalie Strub-Wourgaft falou sobre a necessidade de uma centralização das pesquisas e informações sobre a COVID-19, para que o combate à doença seja mais eficaz. Nathalie, que é diretora de  Doenças Tropicais Negligenciadas da iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas, também alerta para a necessidade da realização dos estudos sobre a COVID-19 nos países subdesenvolvidos. 

Nathalie é uma dos criadores da Coalizão de Pesquisas Clínicas COVID-19 e afirma que a principal razão para essa iniciativa foi a percepção de um desequilíbrio entre as pesquisas nos países dos Hemisférios Norte e Sul. Segundo ela, ainda no início do ano, era previsível uma alta taxa de contágio em países da Ásia, África e América Latina, mas ainda haviam poucas pesquisas sobre a doença nessas regiões.

A pesquisadora ressalta a importância de centralizar esses estudos, para evitar o que aconteceu durante a epidemia de ebola, onde diversos projetos de pesquisa foram feitos, mas não havia coordenação e compartilhamento entre eles. O fato de a COVID-19 ser uma doença nova também reforça a necessidade de centralização uma vez que, para responder perguntas básicas sobre prevenção e tratamento, é necessário evitar a duplicação de informação.

Outro fator que motivou a criação da Coalizão de Pesquisas Clínicas COVID-19 foi incerteza sobre possíveis variações geográficas do vírus, pois existe a possibilidade de ele não ser o mesmo em todos os lugares do mundo. Além disso, cada país tem seu próprio contexto social, econômico e demográfico, e a tendência é que países pobres sofram mais com a doença, devido à precariedade dos sistemas de saúde.

Nathalie acredita que essa pandemia será um divisor de águas para as pesquisas na área da medicina, pois o momento histórico que o mundo está vivenciando, com uma crise de saúde em escala global, deixa clara a necessidade de centralizar os esforços para identificar tratamentos e diagnósticos. “ Perdeu-se tempo em pesquisas sobre esta doença, mas menos do que no passado. O ebola foi um ponto de inflexão. A COVID será um detonador. Esta crise é, inegavelmente, uma lição”. 

A entrevista completa está disponível neste link:

https://pt.unesco.org/courier/2020-3/pesquisas-esta-epidemia-sera-um-detonador

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