Novos informes de políticas da UNESCO são lançados para avaliar a “Desinfodemia” sobre o Covid-19
17/06/2020 17h08
A UNESCO publicou dois Informes de Políticas que avaliam a “desinfodemia” sobre a COVID-19, que inclui informações falsas, fraudes e desinformação que semeiam confusão em momentos de se tomar decisões pessoais e políticas que podem salvas vidas, impactando quase todas as pessoas no planeta e a economia global.
A COVID-19 gerou vários tipos de desinformação e respostas criadas por muitos atores diferentes. Os Informes de Políticas da UNESCO avaliam nove tipos de desinformação sobre o coronavírus em quatro modalidades e identifica dez categorias de respostas que estão sendo aplicadas, frequentemente com implicações para a liberdade de expressão em todo o mundo.
A desinformação prejudica o acesso a informações verificáveis e confiáveis. Esse acesso torna significativo o direito à liberdade de expressão.
O Secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu para "combater o flagelo da desinformação: um veneno que coloca mais vidas em risco". No início da crise, em 2 de fevereiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde mencionou que a "infodemia maciça" impede o acesso a fontes e informações confiáveis.
Os Informes de Políticas convidam os Estados Membros da UNESCO, empresas de comunicação na internet, editores de notícias, provedores e reguladores de serviços e seus reguladores, jornalistas, organizações da sociedade civil e outros interessados- chave para ajudar a "achatar a curva" da desinfodemia da COVID-19. O foco está em quatro objetivos projetados para:
Efetivamente conter e combater mentiras perigosas causadas pela desinformação;
Ajudar os Estados Membros da UNESCO a alinhar suas respostas contra a desinfodemia, que deve basear-se em padrões internacionais de direitos humanos sobre liberdade de expressão, acesso à informação e privacidade;
Empoderar os cidadãos por meio dos meios de comunicação e as habilidades de alfabetização informacional;
Apoiar o jornalismo independente de qualidade para fornecer informações verificáveis e confiáveis.
Considerando como a desinfodemia tem ajudado a acelerar a propagação da pandemia da COVID-19 através das fronteiras, poderia surgir um consenso global sobre a necessidade de cooperação de múltiplos atores interessados em conter os riscos virais da desinformação.
Os Informes de Políticas da UNESCO foram escritos pela Dra. Julie Posetti, do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), e pela professora Kalina Bontcheva, da Universidade de Sheffield (Reino Unido). Os documentos avaliam as oportunidades, suposições e impactos da desinfodemia e oferecem ideias para respostas que podem ser abrangentes, eficazes e alinhadas às normas de direitos humanos acordadas internacionalmente.
Os Informes de Políticas propõem possíveis soluções para lidar com a desinfodemia da COVID-19, com foco em novas oportunidades:
Para a identificação, monitoramento e investigação da desinformação e das redes que a promovem, juntamente com as etapas normativas, educacionais e de certificação de credibilidade;
Para cláusulas de suspensão de disposições de emergência que enfraquecem e podem normalizar violações de privacidade, liberdade de expressão, acesso à informação e outras normas de direitos humanos;
Para que as empresas de comunicação na Internet garantam a participação de múltiplas partes interessadas. Ao fazê-lo, demonstram vontade de melhorar políticas e práticas de apoio ao acesso à informação de qualidade, incluindo o jornalismo independente, transparência em seus controles de conteúdo e mecanismos de reparação;
Para governos, empresas de comunicação na Internet e outros doadores, para apoiar o financiamento de meios de comunicação independentes e os esforços de verificação de fatos, sem "condições";
Para os formuladores de políticas e instituições promoverem dados abertos que contenham disposições e as devidas garantias à privacidade, especialmente com referência à vigilância e coleta de dados de saúde;
Para que os Estados se comprometam com a transparência nas estratégias de combate e recuperação da pandemia, incluindo gastos públicos em pandemias e de recuperação econômica, como forma de combater informações falsas; e
Para que as empresas de comunicação na Internet monitorem e relatem respostas algorítmicas automatizadas para combater a desinfodemia, enquanto abordam erros de automação na ausência de moderadores de conteúdo humano e a dissolução de um método robusto de apelação e correção durante a crise.
Os Informes de Políticas da UNESCO contaram com o apoio do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), que está ajudando jornalistas que trabalham na linha de frente da desinformação em todo o mundo, para garantir informações de saúde pública precisas, confiáveis e verificáveis cheguem às comunidades de todo o mundo. Os informes estão disponíveis em acesso aberto no Creative Commons By Attribution ShareAlike 3.0 IGO (CC BY SA 3.0 IGO).
Texto em espanhol enviado por Pierre Giguère e traduzido por Renata Juliotti