Workshop faz resgate histórico sobre a televisão brasileira

25/11/2016 13h38

Luiza Lamas

Antônio de Andrade, pesquisador da Cátedra Unesco/Metodista de Comunicação e investigador da história da imprensa no Brasil, fez um resgate histórico sobre a história da televisão brasileira no Workshop “Memória da Televisão Brasileira”, realizado no dia 31 de outubro, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). O evento mostrou um lado não aprofundado da história da televisão: relatos sobre o assunto antes da década de 1950, suposições em jornais impressos sobre como ela seria e como a população reagiria quando ela chegasse.

Andrade explicou que o princípio básico de transmissão do sinal de televisão surgiu em 1817. A partir do uso do selênio, utilizado para transformar energia luminosa em energia elétrica, houve a possibilidade de transmissão dessas informações luminosas por fios e a sua transformação em imagens por um receptor. Apesar disso, a palavra “televisão” apareceu aqui pela primeira vez só em 1910, no jornal Correio Paulistano, antes mesmo da energia elétrica chegar.

Para o pesquisador, a década de 1950 foi perdida para a televisão por não existir tecnologia de gravação, o que deixou a época sem registros. Andrade destacou que é muito complicado realizar pesquisas sobre o assunto, pela falta de referências. “São muito raros os livros, são muito poucas as publicações. Nós não temos no Brasil um museu da televisão brasileira, um órgão, um instituto que se dedique a pesquisar ou armazenar a pouca documentação que existe sobre a história da TV brasileira”. E acrescentou que as emissoras de TV quase não se preocupam em preservar a própria memória.

Ao longo do Workshop, Andrade destacou alguns momentos importantes para a evolução da televisão brasileira no mundo, e comentou que o final do século XIX e o começo do século XX foram os momentos das grandes invenções. Entre os nomes de importância, Andrade citou Vladimir Zworykin, que criou o princípio para a TV de tubo, um grande avanço para resolução da imagem. Fato este, que impulsionou a comercialização do aparelho televisivo. “Ninguém ia comprar televisão cuja resolução de imagens era de trinta linhas; era um horror aquilo”, disse o pesquisador. Depois, em 1933, Roquette Pinto fez testes sobre transmissão da televisão pelo sistema mecânico (televisão que funcionava por motor). Esse modelo foi inclusive comercializado, mas como transmitia apenas letras, não vingou.

Outro fato histórico que chama a atenção é a evolução da televisão ter sido facilitada pela aproximação do governo Vargas com a Alemanha nazista. O interesse alemão era vender equipamentos e instalar uma emissora no Brasil, com o ideal da televisão estatal. Sendo assim, começaram a ser enviados para cá aparelhos de boa transmissão. Essa ideia foi confrontada por Assis Chateaubriand, que se posicionava a favor do sistema americano, que era privado. Andrade destacou ainda duas emissoras “importantíssimas” para a formação da televisão brasileira:  a TV Tupi, que depois virou a MTV e hoje não existe mais, mas foi a emissora pioneira; e a TV Excelsior, que existiu entre 1960 e 1970, como transformadora da TV brasileira em um meio profissional. Ele explica, porém, que a primeira transmissão em São Paulo não foi feita pela TV Tupi, mas em um evento de uma congregação de medicina internacional que transmitiu uma operação médica para um auditório.

Por fim, Andrade destacou que os registros dos jornais impressos são os melhores guias para quem quiser pesquisar a história da comunicação no Brasil. “Os jornais eram extremamente bem feitos, de extrema qualidade. Era comum você encontrar em qualquer jornal do Brasil suplemento cultural, suplemento literário e suplemento científico, tudo num único exemplar”, conclui ele sobre o tema. 

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