Professores falam sobre como o Google auxilia nas pesquisas
16/10/2012 15h35 - última modificação 18/10/2012 11h05
Por Rony Marques
Para alunos de uma escola deste século é impossível se pensar que até os anos noventa, para se fazer uma pesquisa, era preciso se deslocar para uma biblioteca pública da cidade, para ler um dos dezoito volumes que compõem a enciclopédia Barsa, a versão brasileira da famosa enciclopédia Britannica, produzida pela editora Planeta. Por conta deste deslocamento, era muito mais difícil a tarefa de pesquisa. O conhecimento era caro e não era acessível a todos.
Com o avanço de serviços de busca e pesquisa, como o Google e a Wikipédia, a tarefa de pesquisa se tornou mais simples. De acordo com o professor da Universidade Metodista de São Paulo, Roberto Joaquim, “atualmente, o aluno só necessita querer, para obter qualquer informação, hoje, graças ao acesso a internet, o conhecimento e a cultura estão fáceis de encontrar. Qualquer pessoa pode ter tudo de uma maneira prática e simples. Hoje o conhecimento é barato e fácil de encontrar”.
Para Joaquim, há um problema que persiste desde a época das enciclopédias. “Um dos únicos problemas que persistem desde a época das enciclopédias são as cópias de parágrafos ou textos inteiros”, afirma.
Para o professor de ciências exatas de cursinhos pré-vestibulares, Vinícius Correia, além do problema das fontes das informações, há também, o problema da distração. “Apesar de haver mais facilidade em obter informações, os alunos usam a maior parte do tempo para ver vídeos no Youtube e mexer no Facebook. Antigamente, as pessoas tinham menos acesso, porém queriam obter mais informações e hoje temos mais acesso, porém não aproveitamos com o que deveríamos”. O professor ainda completa dizendo que na época em que os alunos copiavam a mão, além de o texto ser mais seguro, desenvolvia mais a capacidade de escrita.
Outro grande problema em trabalhos de alunos é o plágio. Joaquim acredita que, “na época das enciclopédias também existia plágio e cópia de parágrafos inteiros de artigos. A diferença é que naquela época os professores conseguiam identificar mais facilmente, pois a fonte usada pelos alunos era sempre a mesma”.
O professor José Carlos Antonio do blog Professor Digital, em seu artigo “Pesquisa escolar na Internet: Ctrl+C & Ctrl+V versus Cópia Manuscrita”, argumenta que ”vendo-se diante do problema de receber trabalhos de pesquisa que são meras cópias, muitos professores tentam impedir que o aluno faça uso do computador e da Internet e, nessa tentativa, solicitam que os alunos lhes entreguem os trabalhos ‘escritos à mão’, como se isso fosse alguma espécie de garantia de que o aluno fez o trabalho ao invés de apenas copiá-lo. Argumentam também que, tendo que copiar à mão, o aluno é obrigado a ler o texto que está copiando. Esquecem-se, esses professores, de que 'copiar à mão' é tão somente uma forma rudimentar de cópia e que todos nós podemos copiar textos escritos em línguas que não compreendemos sem cometer nenhum erro gramatical e sem compreender absolutamente nada do que estamos copiando.” Fazendo, também, um contraponto ao que o professor Vinicius disse.
Atualmente os professores de colégios e universidades podem contar com softwares cada vez mais sofisticados para descobrir partes copiadas em trabalhos. O site Escrita Científica da USP de São Carlos, mostra alguns softwares disponíveis para serem usados.
Estes softwares são uma ajuda enorme ao professor. “É ótimo que um software possa produzir um relatório de originalidade”, comenta Loriza de Almeida, professora da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp e nova usuária da ferramenta. “Em um mundo ‘Ctrl C + Ctrl V’ isso é bastante útil”.
Segundo Loriza, o programa facilita a correção por parte do docente e dá mais credibilidade ao trabalho do discente. O programa funciona de uma maneira bem simples. Ele analisa o texto e busca na rede se há partes parecidas, que possam ter sido copiadas. O programa Turnitim, criado nos E.U.A. e usado pela Unesp desde 2010, por exemplo, mostra em porcentagens, quanto um parágrafo do trabalho, tem de similaridade com outro texto já publicado.
Estes softwares, porém, tem uma falha. Eles funcionam como o Google, caso o texto tenha sido copiado de algo que foi impresso, mas que não tenha uma versão digital, ou seja, citado em algum texto – algo cada vez mais difícil com a constante digitalização de textos – ele não conseguirá descobrir o plágio. Isto mostra que apesar de ser de grande ajuda, ainda há problemas.
Para o professor Joaquim, outro problema importante do uso de textos da internet são as fontes. “Com a enorme quantidade de informações, se tornou muito difícil saber se a fonte do texto é confiável. Com a enciclopédia, ao menos, você sabia que o texto era analisado por algum especialista da área. O aluno precisa saber separar informação boa de informação ruim e de textos opinativos”. Com a facilidade de se achar informações, as pessoas não verificam suas fontes. Segundo o professor, “Temos que saber separar as boas informações, das más informações e opiniões”.
Roberto finaliza dizendo que o problema é a falta de leitura e interpretação, pois muitas vezes o aluno não consegue entender o significado do texto. Apesar dos constantes plágios por partes de alunos e o uso de fontes não especializadas, ferramentas como o Google e a Wikipédia são importantes para o acesso a informação, pela sua rapidez e simplicidade para o aluno.
Abaixo, seguem dicas, feitas pelos professores, para que o aluno possa ter mais confiança de que terá boas fontes:
- Usar sites de escolas e universidade, ou sites em que textos e artigos mostrem os profissionais e suas especialidades e formações (como os sites Brasil Escola ou Ciência Hoje);
- Procure textos de sites de jornais e revistas, onde as informações passaram por jornalistas, que sempre verificam suas fontes e informações, e segundo os professores, são os filtros para informações seguras;
- Use livros e textos publicados. Eles podem ser mais específicos e conter informações difíceis de achar na internet;
- Sempre procures seus professores para que eles possam lhe passar sites, blogs e artigos confiáveis.
- Leia o texto que você precisa para fazer o trabalho e depois escreva em um papel tudo o que você se lembra da leitura. Isso pode gerar um ótimo texto próprio.