Estudos em Comunicação e Artes são tema de evento na USP

30/05/2016 16h02

Arthur Marchetto

A Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP) realizará o 2º Seminário de Difusão de Produção Científica. O encontro acontecerá no dia 31 de maio, a partir das 13h30 e terá como foco os estudos desenvolvidos pelos docentes da faculdade no decorrer de 2015. O objetivo do evento é fazer a troca de experiência entre os professores que se afastaram das aulas para realizar as atividades de pesquisa e extensão e a comunidade acadêmica, tanto interna quanto externa. Mediado pela presidente da Comissão de Pesquisa, Maria Cristina Castilho Costa, o evento contará com 11 expositores, listados a seguir:

Alice Kiyomi Yagyu (Departamento de Artes Cênicas): em 11 de março de 2011, a região de Tohoku no Japão foi devastada pelo Daishinsai (grande terremoto) seguido de tsunami e radiação. Milhares de pessoas perderam familiares, amigos, a vida.  Imagens do desastre percorreram o mundo.  O que fizeram as pessoas, as escolas, os artistas? A pesquisadora relata e compartilha a pesquisa Artistas japoneses após Daishinsai realizada no Japão em dois períodos: em 2013, dois anos após o Daishinsai; e recentemente, no segundo semestre de 2015.

Anderson Vinícius Romanini (Departamento de Comunicações e Artes): irá discutir a evolução do conceito de informação dentro da filosofia de Peirce até chegar a informação semiótica propriamente dita, em que a informação é definida como uma quantidade vinculada ao pólo do interpretante dos símbolos, embora aspectos indiciais e icônicos também sejam essenciais. A teoria da informação de Peirce é fundamental para entendermos os processos de comunicação e significação, mas ainda é pouco compreendida e aplicada na pesquisa em comunicação. Pesquisa de pós-doutorado na Universidade de Indiana, conforme o projeto A Semiótica como Lógica para uma Teoria Pragmática da Comunicação.

Esther Império Hamburger (Departamento de Cinema, Rádio e Televisão): o trabalho Em um mundo de telas: cinema, televisão e mídias digitais no espaço público brasileiro se situa na confluência da antropologia e dos Estudos de Cinema e Audiovisual, no âmbito da Cultura Audiovisual Contemporânea e na História Recente. Mais concretamente, o trabalho envolve análise fílmica de certas obras, escolhidas porque elas podem ser interpretadas como elos em uma rede de que se constitui para além de fronteiras convencionalmente delimitadoras de meios como o cinema, o vídeo, o documentário, a TV e a internet. A análise de obras específicas revela conexões audiovisuais que constituem dimensões pouco conhecidas e re-conhecidas do espaço público contemporâneo. Aborda a materialidade cinemática do debate que ocupou a primeira década do século XXI no Brasil e que continua a reverberar. De Santo Forte (Eduardo Coutinho) e Notícias de uma guerra particular (João Moreira Salles), a Branco Sai, Preto Fica (Adirley Queirós). A apresentação se concentra no último filme.

Ivan Claudio Pereira Siqueira (Departamento de Informação e Cultura): a exposição apresentará cenários da cultura japonesa que plasmam fundamentos constitutivos do passado e da contemporaneidade do país. Nessa breve viagem temporal imbrincam-se elementos da língua japonesa, pintura, literatura, mangá e museus de mangá. Iniciando-se com a mitologia japonesa, passando pela filosofia zen-budista, objetiva-se indicar possibilidades de experienciar a cultura japonesa a partir do conhecimento de correlações existentes entre as artes e o desenvolvimento social do país. A transição operada entre o Japão antigo e o Japão moderno terá como baliza eventos anteriores e posteriores à Era Meiji (1868). 

Luciano Guimarães (Departamento de Jornalismo e Editoração): a pesquisa Políticas Da Imagem No Jornalismo Visual investigou as três dimensões que determinam o estado do jornalismo visual hoje a partir das experiências na Espanha, origem dos principais articuladores de um campo específico para a atuação em jornalismo visual, dos dois principais escritórios de design e redesign de periódicos do mundo (Cases i Associats e García Media), e sede do principal prêmio de infografia em periódicos, o Malofiej, que já realizou 20 edições anuais.

Maria Lúcia de Souza Barros Pupo (Departamento de Artes Cênicas): a partir do acompanhamento do processo de criação de Dizer o que não se pensa em línguas que não se fala [Dire ce qu’on ne pense pas dans des langues qu’on ne parle pas], encenação de Antonio Araújo, docente do CAC no Teatro Nacional da Bélgica, propusemos oficinas de mediação teatral dirigidas a espectadores do referido espetáculo. O trabalho foi realizado com a colaboração de três estudantes do master da Universidade Livre de Bruxelas, especialmente formados ao longo de seis semanas para formular e coordenar conosco as referidas oficinas. Os resultados abrem férteis perspectivas de pesquisa e formação em Pedagogia do Teatro.

 Massimo di Felice (Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo): apresentará relato sobre o II Congresso Internacional de Net-Ativismo, realizado nas cidades de Roma (22 e 23 de outubro), Paris (3 e 4 de novembro), Porto (5 e 6 de novembro) e São Paulo (16 a 18 de novembro). O evento, organizado pelo Centro de Pesquisa Internacional Atopos, reuniu estudiosos brasileiros e estrangeiros que pesquisam a temática do ativismo nas redes digitais, nas áreas das ciências sociais e da comunicação. As diversas formas de participação e protagonismos que se difundem nas redes digitais no mundo inteiro não são apenas expressões de um novo tipo de esfera pública, nem o advento de um tipo de opinião pública digitalizada, mas constituem-se como uma nova arquitetura do social, na qual territórios, pessoas, dados, dispositivos, biodiversidades conectam-se, modificam-se, alteram-se, desenvolvendo um novo tipo de condição habitativa, cuja compreensão desafia as categorias e os conceitos produzidos pelas disciplinas das ciências sociais e da comunicação.

 Rogério Luiz Moraes Costa (Departamento de Música): fará relato de pesquisa de pós-doutorado intitulada Improvisação livre, novas tecnologias e a estética da sonoridade, realizada na Université Paris VIII sob a supervisão do professor e musicólogo Makis Solomos. Neste projeto, aprofundou pesquisas que desenvolve a respeito das relações entre a improvisação livre e a ideia de sonoridade. Parti-se de considerações de ordem estética constatando que, durante os séculos XX e XXI ocorreu uma gradativa transformação de elementos tradicionais da música e o estabelecimento de um novo foco sobre as qualidades do som em si com o consequente surgimento de novas formas de organização do fluxo musical. A ideia de livre improvisação surge neste contexto já que ela só é possível com a superação dos idiomas, num ambiente em que o material da música passa ser sua essência molecular: o som e suas qualidades energéticas. Investiga-se o papel desempenhado pela livre improvisação e pelas novas tecnologias na consolidação deste novo paradigma, examinando as formas de relacionamento entre os músicos e os computadores em performances de improvisação. Investiga-se ainda, em que medida, neste cenário, a prática da livre improvisação contribuiu para uma espécie de “reabilitação” da escuta e para a expansão das possibilidades técnicas dos instrumentistas. O foco de pesquisa é a utilização de novas tecnologias em performances de livre improvisação musical. Além disso, a partir de uma perspectiva estética e musicológica, trata-se de inserir estes estudos no âmbito da discussão sobre as novas formas de pensamento musical baseadas na sonoridade.

 Rogério Mugnaini (Departamento de Informação e Cultura): esta pesquisa apresenta um sistema de indicadores para subsidiar a avaliação trienal da CAPES, quando da definição e aplicação de critérios para classificação das revistas científicas. O Brasil depende de indicadores oferecidos por bases comerciais (internacionais), e pouco tem avançado na proposição de novos indicadores para avaliação de sua produção científica, enquanto outros países – também à margem da ciência mainstream – vêm criando alternativas de avaliação das revistas nacionais buscando uma visão mais fidedigna da produção científica nacional. Propõe-se o enriquecimento da análise de impacto das revistas, ao se considerar o impacto nacional.

 Vitor Souza Lima Blotta (Departamento de Jornalismo e Editoração): apresenta os resultados de dois períodos de pesquisa no exterior. O primeiro, Privacidades em Público: Privacidade e Liberdade de Informação na Imprensa Britânica e Brasileira – o Inquérito Leveson e o Marco Civil da Internet, analisa discursos da imprensa sobre privacidade e liberdade de informação em casos de regulação da mídia na Inglaterra e no Brasil. Já o segundo, com o título "Você Nunca Vai Entender": o monopólio do lugar da fala a partir de narrativas sobre traumas culturais na Croácia e o Brasil, analisa narrativas de obras sobre traumas culturais da guerra da independência na Croácia e da ditadura no Brasil, com base em literatura de não ficção e quadrinhos de ambos os países. 

 Wagner Souza e Silva (Departamento de Jornalismo e Editoração): apresenta relato das atividades desenvolvidas no âmbito da pesquisa sobre a presença do fotojornalismo na rede social do Instagram, cuja política de uso permite a equalização da participação de periódicos, fotojornalistas e usuários comuns na produção de vasta documentação fotográfica. A pesquisa foi desenvolvida em Portugal, entre dezembro de 2014 e março de 2015, na Universidade Nova de Lisboa, mais especificamente junto ao Centro de Investigação em Media e Jornalismo (CIMJ).

2º Seminário de Difusão de Produção Científica

Quando: 31 de maio de 2016

Local: Auditório Lupe Cotrim – Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443, Prédio Central, Cidad Universitária, São Paulo – SP.

Informações www.eca.usp.br

 

 

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