Curso aborda censura a livros nos períodos ditatoriais

O conteúdo abrange desde a chegada da corte portuguesa até o Estado Novo e a Ditadura Militar

08/05/2012 16h17

Folder do curso “Censura a Livros no Brasil” - Foto: Divulgação

Por Natália Petrosky

O curso “Censura a Livros no Brasil”, organizado pela professora da Universidade de São Paulo (USP), Sandra Reimão, será realizado nos dias 8, 15, 22 e 29 de maio, das 20 às 22 horas, no Centro Universitário Maria Rita.

No conteúdo serão abordados os mecanismos de censura utilizados ao longo do período do Estado Novo e da ditadura militar para oprimir a disseminação de conteúdos culturais no país, principalmente a circulação de livros. Segundo Sandra, muito da história cultural brasileira se perdeu por conta dos atos de repressão ocorridos nos períodos ditatoriais. “Concebemos a censura como parte de um aparelho de coerção e repressão que [...] restringia a produção e circulação de cultura, engendrando uma profunda mudança no exercício da cidadania e da cultura em geral.”

Obras como Zero, de Inácio Loyola Brandão; Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca; A Revolução Brasileira, de Caio Prado Jr.; e A Universidade Necessária, de Darcy Ribeiro, serão os principais obras discutidas.

O especialista em televisão e membro da Cátedra Unesco/Metodista de Comunicação, Antonio de Andrade, que trabalhou com Sandra Reimão durante  dez anos na pesquisa sobre a censura nos meios de comunicação, foi convidado para atuar como expositor no evento.

Andrade apresentará o tema “A censura ao cinema e à televisão: vetos a filmes, programas e adaptações literárias” por meio de uma “Linha do Tempo”, na qual ele discorre sobre a ação da censura em relação à televisão. “Na época, a imprensa mesmo tinha dificuldade de publicar alguma coisa, porque a censura caía em cima. A censura não podia falar sobre a censura. Era uma situação muito estranha”.

Andrade explica qual era a forma de censura na televisão. “Como na televisão já existia o tape, toda a programação, as novelas, eram gravadas e submetidas à censura. Lá já se fazia os cortes antes da exibição.”

Quando questionado sobre a possibilidade de driblar o Departamento da Polícia Federal como eram feitos nos livros, nos jornais, e até no cinema, Andrade disse que era algo difícil de realizar, pois a preocupação do governo militar era muito maior em relação à TV: “Às vezes até passava... mas as emissoras acabavam sendo punidas. [...] A televisão é uma coisa mais popular. Alcança um grande número de pessoas de forma imediata, coisa que nem o cinema, a literatura ou o teatro fazem”.

O curso  contará ainda com a presença da Conselheira da Comissão de Pesquisa Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Marisa Midori Deaecto, e a líder do grupo de pesquisas Literatura no contexto pós-moderno  da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), Helena Bonito Couto. Elas irão expor os temas “Produção e circulação de livros no Brasil, e em São Paulo, no séc. XIX” e “Panorama da literatura brasileira nos anos 1960 e 1970: representações da censura”, respectivamente.

Serviço

Curso: Censura a Livros no Brasil

Data: 8, 15, 22 e 29 de maio
Endereço do Centro Universitário Maria Antonia: Rua Maria Antonia, 294, Vila Buarque, nos antigos prédios da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, USP.
Taxa de inscrição: R$170,00.
Estudantes e professores têm desconto de 20%, e idosos, de 40%.
As inscrições devem ser feitas na sala de cursos, no terceiro andar do Maria Antonia, de segunda a sexta, das 10 às 18 horas

 

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