Manchetômetro analisa a abordagem da política na grande mídia e nas redes sociais
10/07/2020 20h05
João Gabriel Fiasche
O Manchetômetro é um site produzido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública (LEMEP), ligado à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e tem como objetivo o acompanhamento da cobertura da grande mídia sobre temas de economia e política.
Em entrevista ao JBCC, o professor de ciência política da UERJ, João Feres, coordenador do projeto, afirmou que a finalidade do Manchetômetro é ser uma ferramenta para promoção da cidadania. “A comunicação é fundamental para o funcionamento da democracia contemporânea e no Brasil a gente tem um problema sério de oligopolização da comunicação pública, o que causa distorções”, explica. “O Manchetômetro chama a atenção para essas distorções ao fazer uma análise quantitativa da produção diária dos principais jornais do país.”
Além da análise diária das capas e das páginas de opinião dos maiores jornais do país, como Folha de S.Paulo, O Estado de São Paulo e O Globo, o Manchetômetro também monitora o conteúdo sobre política compartilhado em redes sociais. Um de seus relatórios, desenvolvido entre os dias 1° e 7 de junho, constatou que a extrema direita tem protagonizado o debate político no Facebook e vem utilizando a rede social como plataforma para defender o presidente Jair Bolsonaro. Foram observados para a elaboração desse relatório 17.191 posts em 719 páginas, que geraram 10.230.467 compartilhamentos.
No mesmo relatório é possível observar que as páginas que mais publicam conteúdo são as dos grandes veículos de comunicação, como portais de notícias, jornais, revistas e emissoras de televisão. No entanto, as páginas com maior número de posts compartilhados são de personalidades ligadas à extrema direita.
Para João Feres, isso se deve ao fato de as grandes empresas de mídia possuírem uma imensa capacidade de produção de conteúdo, porém não tendo uma forte colocação nas redes sociais. “As pessoas muitas vezes sabem de artigos de jornal através de outras pessoas e nem sempre o usuário precisa visitar a página desse jornal. Por mais que a extrema direita não tenha a mesma capacidade de produzir conteúdo que a grande mídia, o seu principal pilar na comunicação são as redes sociais, onde seus usuários conseguem gerar bastante compartilhamento e interação, muitas vezes com a ajuda de robôs”, destaca Feres.
Para ler o relatório sobre o Facebook produzido entre os dias 1° e 7 de junho, clique aqui.
Para acessar o site do Manchetômetro, clique aqui.