Livro conta história esquecida da tradução no país

Autoras também relembram personagens que ficaram nas sombras

04/07/2018 14h05

Igor Neves

Se você já leu livros como Crime e Castigo, Orgulho e Preconceito, Os Miseráveis, Alice no País das Maravilhas e Harry Potter, foi graças ao trabalho de um profissional que atua nas sombras: o tradutor. Muitas vezes esquecido, o tradutor tem um papel importante na história do país.

Como que os colonizadores portugueses se comunicavam com os indígenas ao chegarem no país? Como os primeiros livros foram traduzidos no brasil? O que aconteceu quando os filmes estrangeiros com falas chegaram aos cinemas brasileiros? Foi pensando em revisitar essas histórias e personagens que Damiana Rosa de Oliveira e Andreia de Jesus Cintas Vazquez lançaram o livro A Fantástica História (Ainda Não Contada) da Tradução no Brasil, editado em 2018 pela editora Transitiva.

Em pouco menos de 100 páginas e em uma linguagem bastante acessível as autoras constroem uma linha temporal sobre a história da tradução que se inicia com a chegada do colonizador e vai até a era tecnológica que vivemos hoje. “A gente queria que tivesse esse viés de história, de onde começou onde terminou, que fosse uma viagem pelo tempo”, conta Damiana.

O livro revela os personagens históricos que não são normalmente associados com o trabalho de intérprete e tradução, como o fundador de Santo André, João Ramalho, a índia Bartira, D. Leopoldina, Monteiro Lobato, entre outros. “A gente tentou resgatar nomes que ficaram ali escondidos. Ninguém nunca pensa no Machado de Assis tradutor, D. Pedro II é um nome muito forte, era uma pessoa que se dedicou e acho que se ele não fosse um imperador seria um intelectual das letras”, explica. 

Segundo a autora, a ideia do livro surgiu durante o período que trabalhou com o professor José Marques de Melo na Cátedra Unesco/Metodista. “Eu trabalhava como assistente do professor Marques e na época ele estava com o projeto do Imprensa Brasileira-Personagens que fizeram história e foi muito interessante descobrir que muitos desses personagens eram tradutores. E aí comecei a pesquisar a respeito disso e comecei a colecionar essas histórias como um álbum de figurinhas”, lembra.

Damiana ainda comenta que a tradução é um bom mercado hoje em dia e, apesar das tecnologias, o tradutor ainda é essencial. “A máquina auxilia, ela vai até certo ponto, hoje nós temos máquinas de traduções automatizadas muito boas, mas sempre vai precisar de um humano com seu olhar de águia para colocar as coisas nos eixos”, conclui Damiana.

Confira a entrevista a seguir:

 

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