Jornada Beltraniana: a memória afetiva da cultura popular

02/08/2017 15h05 - última modificação 03/08/2017 15h19

Imagem de divulgação

Sonia Regina S.da Cunha*

A VI Jornada Beltraniana acontece no dia 8 de agosto de 2017, a partir das 9 horas da manhã, no Centro Cultural José Marques de Melo, em São Paulo. Além do debate científico sobre as contribuições beltranianas para os estudos acadêmicos do campo da comunicação o evento celebra o 99º aniversário de nascimento de Luiz Beltrão.

A primeira Mesa Redonda do evento conta com a participação da pesquisadora e professora do PPGCOM (ECA/USP) e PROLAM (USP), Cremilda Medina, que assim como Luiz Beltrão vivenciou os primeiros passos dos estudos da comunicação no Brasil. Medina é a primeira mestra em Comunicação pela Universidade de São Paulo e seu estudo teórico reflexivo sobre “Jornalismo Interpretativo”, escrito com Paulo Roberto Leandro e publicado no livro “A Arte de Tecer o Presente”, em 1973, é citada por Beltrão como sendo o único subsídio brasileiro para o estudo do Jornalismo Interpretativo. Beltrão recomenda a leitura do livro, em especial, o capítulo inicial “Uma Teoria da Interpretação”, onde Medina e Leandro “oferecem suscinta mas precisa resenha da evolução do conceito de interpretação, desde Aristóteles aos pensadores contemporâneos, destacando e conjugando as ideias de Nietzche, Marx e Freud”. (BELTRÃO, Luiz. Jornalismo Interpretativo. Porto Alegre: Sulina, 1976). Também participam os professores Marcos Zibordi e Elinaldo Meira que trabalham as narrativas visuais urbanas da contemporaneidade. A professora Monica Martinez será a mediadora.

A segunda Mesa Redonda conta com a participação dos professores Jorge Miklos e Agnes Arruda que vão debater a “metamorfose urbana dos processos sociais, religiosos e comunicacionais. Uma devoção e expressão que se configuram como um pagamento de promessa cultural e de vida”. Também participa o grafiteiro Chuck, Alexsando Santos, com uma análise pessoal e coletiva sobre o movimento dos grafiteiros em São Paulo, com destaque para as “desartres do Dória”, e a proposta inédita para um evento científico: a de fazer uma intervenção artística “ao vivo” com um grafite de Luiz Beltrão. A professora Cristina Schmidt será a mediadora.

Luiz Beltrão nasceu em 8 de agosto de 1918, em Olinda, Pernambuco. Escreveu cerca de vinte livros e inúmeros artigos científicos, organizou currículos de diversas faculdades por todo país e ministrou cursos nas áreas do jornalismo e relações públicas no Brasil e no exterior. Em 1963, criou o Instituto de Ciências da Informação – ICINFORM, primeiro centro brasileiro dedicado aos estudos da comunicação. Do Recife, onde realizou os primeiros estudos empíricos sobre o “ex-voto” como veículo jornalístico foi para Brasília, “desvendando a complexidade das expressões informativas e opinativas dos candangos (habitantes dos cinturões de miséria que se multiplicaram ao redor da capital federal)”. Na Capital Federal se tornou o primeiro doutor em comunicação do Brasil pela Universidade de Brasília, em 1967, e defendeu em sua tese a teoria da Folkcomunicação. “O processo de intercâmbio de informações e manifestação de opiniões, idéias e atitudes da massa, através de agentes e meios ligados direta ou indiretamente ao folclore”. Para o professor e pesquisador José Marques de Melo, Beltrão inspirou-se na “concepção gramsciana de folclore cultivada pelo baiano Édison Carneiro, estudando o processo de aculturação das populações marginalizadas, procedentes da zona rural; fenômeno por ele rotulado como folkcomunicação”.

A primeira Jornada Beltraniana aconteceu em agosto de 2010, na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no Paraná. O tema do encontro científico, coordenado pela profa. dra. Karina Janz Woitowicz e pelo prof. dr. Sérgio Gadini, ambos da UEPG, era “50 anos do livro Iniciação à Filosofia do Jornalismo”, um clássico do jornalismo brasileiro escrito por Luiz Beltrão. Participaram do encontro o prof. dr. José Marques de Melo (Cátedra UNESCO/Metodista), o prof. dr. Roberto Benjamin (UFRPE), profa. dra. Betania Maciel (UFRPE), Cristina Gobbi (UNESP), Maria Érica de Oliveira Lima (UFRN, hoje UFC), Eliane Mergulhão (FATEC), Paulo Rogério Tarsitano (Metodista), Cristina Schmidt (UMC), Elias Machado (UFSC) e Emerson Cervi (UEPG).

Em 2011, a II Jornada Beltraniana aconteceu em Recife, Pernambuco, com apoio da Fundação Joaquim Nabuco.

A III Jornada Beltraniana foi realizada em agosto de 2014, no Centro Cultural José Marques de Melo, em São Paulo, com o apoio da INTERCOM. O tema do evento foi “Cordel de época, o jornal das classes subalternas” e reuniu pesquisadores de todo o Brasil que, além dos debates acadêmicos sobre a obra de Luiz Beltrão também tiveram a oportunidade de visitar o “Museu da Xilogravura” de Antonio e Leda Costella, em Campos do Jordão, no interior paulista, e conhecer a história do ‘Cordel de Época”,  através  da  apresentação feita por Eliane Mergulhão (FATEC) do “Inventário Crítico do Acervo Marques de Melo”. O evento contou ainda com as palestras de Audálio Dantas e Sonia Luyten que apresentaram ‘leituras beltranianas’ afetivas e marcantes. Audálio Dantas é estudioso de Joseph Luyten – um dos grandes pesquisadores do trabalho de Luiz Beltrão – responsável pela pesquisa sobre os 100 anos da literatura de cordel, que foi apresentada em uma exposição artística no SESC Pompeia, em São Paulo. Sonia Luyten, viúva de Joseph Luyten, trouxe a memória viva das andanças do casal pela Universidade de Poitiers, na França, onde foi preservada a maior coleção mundial de cordel, resultante das pesquisas feitas no Brasil por Raymond Cantel

A partir de 2014, as Jornadas Beltranianas passaram a acontecer no Centro Cultural José Marques de Melo, em São Paulo, contando com a participação de pesquisadores da Rede FOLKCOM, INTERCOM e da Cátedra UNESCO de Comunicação. A JB2015 registrou os “10 anos de Produção Científica em Folkcomunicação na INTERCOM” e destacou o tema “Folkcomunicação: história, pesquisa e manifestações”. A JB2016 ressaltou a “Atualidade e Vigor do Pensamento de Luiz Beltrão”.

 

(*) Sonia Regina Soares da Cunha é jornalista, doutoranda em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e diretora da Rede de Estudos e Pesquisas em Folkcomunicação. email: reginacunha@usp.br


VI JORNADA BELTRANIANA 2017

Data: 8 de agosto de 2017

Local: Centro Cultural José Marques de Melo (R. Joaquim Antunes, 711 – SP – SP)

 

Comissão Organizadora:

Cristina Schmidt

Guilherme Fernandes

Sonia Regina S. da Cunha


Comissão Científica:

José Marques de Melo

Itamar Nobre

Eliane Mergulhão

Sonia Jaconi

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