Grupos de Pesquisa MIRE e Teologia no Plural realizam Colóquio de Mídia, Religião e Gênero

O evento aconteceu no dia 21 de novembro e teve o tema "Como as expressões são compreendidas e comunicadas pela religião?"

28/11/2017 07h40 - última modificação 28/11/2017 09h18

Vittória Cataldo 

Nos dias de hoje as pessoas encontram dificuldades nas discussões sobre mídia, religião e gênero.  O respeito ao ponto de vista do outro é fundamental para uma discussão produtiva e consciente. Quando isso não ocorre, infelizmente nos deparamos com a falta de compreensão, intolerância e discursos de ódio.

Foi pensando nessas questões que os grupos de pesquisa Mídia, Religião e Cultura (MIRE), e Teologia no Plural, da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), promoveram o Colóquio de Mídia, Religião e Gênero, com a temática: Como as expressões de gêneros são compreendidas e comunicadas pelas religiões? O evento aconteceu na Universidade Metodista de São Paulo, na terça-feira, 21 de novembro de 2017, com 50 pessoas presentes para debater a temática.

A professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP, Magali Cunha, começa sua fala explicando o encontro, e o definiu como uma “preparação” para um evento maior que pretende ser realizado entre abril e maio de 2018. O debate do evento girou em torno das questões de gênero na perspectiva das religiões de matriz africana e do cristianismo. A coordenação do evento foi realizada pelo professor Marcos Correia, responsável pela estruturação do colóquio e também mediador do debate.

As exposições foram iniciadas com a fala do Reverendo Cristiano Valério que coordena as Igrejas da Comunidade Metropolitana, (ICM) em São Paulo. As Igrejas da Comunidade Metropolitana estão ativas desde 1968. Tudo começou com reuniões caseiras com a participação de homossexuais, negros, lésbicas e mulheres em segunda união, pessoas historicamente excluídas e marginalizadas na sociedade. “Embora essas pessoas tivessem sua fé, não tinha espaço na comunidade para expô-la”, afirma o Reverendo. As primeiras celebrações de casamento entre pessoas do mesmo sexo foram realizadas na ICM, com a condução do reverendo Troy, fundador da instituição.

Na sequência a pastora transgênera, Alexya Salvador, membro da ICM, relatou sua experiência na instituição e o importante papel que a mesma teve em sua vida. Ela comentou que a Igreja está constantemente aberta, para todos, particularmente aqueles que se sentem excluídos na sociedade. “Eu sonho com um mundo onde não existam gays, lésbicas, e sim pessoas, onde nada separe as pessoas e todos cuidam um dos outros” afirmou a pastora, que finalizou sua fala ressaltando a necessidade de se respeitar a identidade de gênero das pessoas.

O Babalorixá no Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá, Rodney William, fez a terceira fala do colóquio e iniciou afirmando que “quando Jesus disse para amar uns aos outros, ele nos desafiou”. Na concepção do babalorixá, trata-se de um grande desafio o amor ao próximo, pois é fácil amar o igual. É de fato necessário desconstruir uma série de coisas para construir e debater sobre outras, possibilitando assim a construção de uma sociedade diferente. Ele destacou em sua fala que as religiões de matriz africana, historicamente acolhem as pessoas que a sociedade exclui, como os homossexuais, negros e prostitutas. Uma religião onde se canta, dança, e acolhe todas as diversidades. William finalizou sua fala lendo um texto da sua própria autoria sobre a temática, publicado no site da Carta Capital. 

A última fala do colóquio foi de Samuel Gomes, youtuber e escritor. Ele contou um pouco sobre a sua trajetória de vida, e como, quando criança, ele pensava carinhosamente nos colegas após a famosa pergunta “e as namoradinhas?”. Samuel foi criado em uma família religiosa e por isso reprimiu por muitos tempos a sua sexualidade, comentou ainda que também sofria racismo na escola, e como passou por cima de tudo, mostrando que a primeira aceitação precisa vir dele mesmo, e não dos outros.

O respeito é sempre uma virtude que todos deveriam ter, pois respeitar é sempre preciso. Samuel Gomes escreveu o livro “Guardei no Armário – você é o que é e não tem nada de errado nisso”, onde ele reúne várias histórias que aconteceram com ele, sobre aceitação, religião e respeito, e também possui um canal no youtube, Guardei no Armário, onde convida pessoas LGBTs para participarem e contarem suas histórias de vida e experiência.


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