Grupo de Pesquisa Da Compreensão como Método discute nova crítica literária e narrativas futurísticas

29/03/2019 13h40 - última modificação 29/03/2019 14h33

Segunda reunião de 2019 do Grupo de Pesquisa 'Da Compreensão como Método'. Foto: Igor Neves

Igor Neves

“Exú nas escolas!”, gritava Elza Soares no último sábado (23), durante o encontro de março do grupo de pesquisa Da compreensão como Método. A música faz parte do último álbum da cantora, Deus é mulher, e foi uma das canções analisadas pela pesquisadora Lisandra Pingo na dissertação Uma análise das múltiplas faces de Exu por meio de canções brasileiras, para discutir a desmistificação do Orixá Exú como um ser malvado no ambiente escolar. O professor Dimas Künsch, um dos líderes do grupo de pesquisa, iniciou a reunião com a mensagem de que o saber espiritual é um dos conhecimentos válidos para a compreensão da vida.

Dois integrantes do grupo apresentaram seus trabalhos de mestrado. Arthur Marchetto, orientando do professor Mateus Yuri Passos, falou sobre a pesquisa Booktubers: uma nova face da crítica literária jornalística. O pesquisador construiu um panorama histórico da função do crítico literário como definidor daquilo que se encaixa nos padrões do “bom gosto”, da legitimação de grupos responsáveis pela produção intelectual e do processo histórico que levou à crise da crítica com a perda de relevância dos cadernos literários.

A partir das novas configurações dos espaços de expressão, com foco principal no YouTube, Marchetto analisou o trabalho realizado por esses críticos, que entendem não ser mais necessário ter uma formação tradicional em letras ou jornalismo, mostrando que o papel de legislador, daquele que define o que é bom ou ruim, ocupa agora vários espaços que além dos meios tradicionais.

Quando o crítico como legislador é soterrado, explicou Marchetto, surge a criação do crítico enquanto comunidade. "O booktuber configura uma comunidade ao seu redor, as pessoas começam a dialogar com os vídeos, principalmente em outras redes sociais, mas não existe um diálogo do público com o público. Quem norteia a configuração que a comunidade cria em torno de um assunto é o próprio booktuber”.

Pamella D’Ornellas, orientanda do Professor Dimas Künsch, cuja dissertação foi defendida e aprovada agora em 26 de fevereiro, apresentou a pesquisa Futuro do presente: narrativas ficcionais acerca do futuro e projeções teóricas relativas a seres artificiais. O estudo discutiu se filmes de ficção científica que se propuseram a imaginar o futuro tiveram impacto nas pesquisas científicas. Além da aproximação teórica da história do gênero ficção científica, da robótica e inteligência artificial, ela também realizou um levantamento de cerca de 100 filmes que tinham no enredo personagens robôs, androides ou inteligência artificial.

Mesmo não conseguindo provar a influência das narrativas de ficção na pesquisa científica, a pesquisadora encontrou pontos de convergência entre a realidade e a ficção. “Minha pergunta de pesquisa não pode ser totalmente respondida porque eu não posso afirmar que a ficção científica de fato influenciou a existência desses robôs na realidade” comentou Pamella. "Mas consegui identificar uma interligação. Apesar disso, cheguei à conclusão de que realidade e ficção estão diretamente ligadas e que a ficção científica é, no mínimo, uma parcela da realidade”.

Após as apresentações, o professor Dimas anunciou a realização de um encontro internacional em novembro na UMESP, em São Bernardo do Campo, que será realizado a partir de uma parceria entre a Universidade Metodista de São Paulo e a Universidad de Antioquia, na Colômbia, o IV seminário Brasil-Colômbia. Por fim, foi definido que a próxima reunião do grupo de pesquisa será em 24 de abril, no edifício Capa do campus Rudge Ramos da Universidade Metodista de São Paulo, a partir das 19h30.

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