Folkcom discutiu a ancestralidade e o desenvolvimento local

Décima nona edição do evento aconteceu em Parintins, no Amazonas

06/07/2018 12h00 - última modificação 07/07/2018 04h32

Foto: Glenda Dinely

Igor Neves

Realizada entre os dias 25 e 27 de junho, em Parintins, no Amazonas, a XIX Conferência Brasileira de Folkcomunicação comemorou o centenário de Luiz Beltrão e sua importância para os estudos da comunicação no país. O evento teve como tema “Folkcomunicação, Ancestralidade e Desenvolvimento Local”. Realizado na mesma semana do Festival de Parintins, o congresso trouxe o folclore amazonense para dentro da discussão, com a apresentação do boi Garantido no show de abertura.

Com um resultado acima do esperado, a participação de estudantes e pesquisadores foi surpreendente, de acordo com o coordenador geral da conferência, Allan Rodrigues. “Boa parte das pessoas vão de barco para chegar em Parintins e mesmo assim o congresso alcançou 97 trabalhos já publicados nos anais do evento e que foram apresentados em 14 sessões dos grupos de trabalhos. Nós recebemos pessoas de todas as regiões do país, desde estudantes de graduação a professores e pesquisadores”.

O Encontro proporcionou também debates sobre folkcomunicação na Amazônia. Convidado a participar de uma das mesas temáticas, o doutorando em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) levou uma discussão a partir do seu trabalho sobre Rede e processos colaborativos e criativos na produção e circulação de filmes amazonenses. Rafael conta que a principal intensão é compreender como foi construído o imaginário hegemônico sobre a Amazônia e quais as influencias que isso recebeu do processo sócio econômico a partir dos relatos construídos pelos colonizadores e propagados por diferentes meios de difusão.

“Busco entender em função das transformações tecnológicas, como os jovens cineastas alto de datas que não tem acesso aos meios tradicionais de transmissão criam estratégias para produzir suas obras audiovisuais e a partir disso, retratar a sua realidade por meio de seus próprios olhares”, relata.

Além dos GTs, as oficinas e cursos abordaram temas como a produção audiovisual, a pesquisa e o mercado comunicacional no Amazonas, as redes sociais e a construção da identidade relacionados à folkcomunicação. A oficina “Jornalismo cultural e folkcomunicação” ministrada pela professora da Universidade Estadual de Ponta Grosa/PR (UEPG), Karina Janz Woitowicz, fez um diálogo da teoria beltraniana com o jornalismo cultural, atividade que ela já desenvolve no curso de Jornalismo da UEPG.

“A ideia é mostrar de que modo a teoria da folkcomunicação nos propõe uma visão de cultura que tem muito o que contribuir nos estudos de jornalismo e até mesmo na prática e na produção jornalística. E trabalhar também com alguns tipos de produção jornalística bem presentes no jornalismo cultural, como por exemplo as próprias reportagens de perfil trazendo perfis de pessoas e de lugares como uma maneira de retratar a cultura popular”, conta.

Um dos fundadores da Folkcom e um dos maiores discípulos de Luiz Beltrão, o professor José Marques de Melo, que faleceu no último dia 20, também foi homenageado. Logo na sessão de abertura, a presidente de rede Folkcom, Eliane Mergulhão, fez questão de ressaltar a importância do professor para os estudos folkcomunicacionais. Além disso, em homenagem ao professor Marques de Melo, a coordenação do evento fez uma alteração na programação e inseriu uma mesa temática intitulada “José Marques de Melo - memória e legado do Guerreiro Midiático”

Pensando nas novas formas de manifestações populares, a Folkcom de 2018 mostrou que o legado de Luiz Beltrão continuará em desenvolvimento. É o que diz o coordenador do evento. “A cada momento se apresentam novos objetos para serem avaliados, novas formas desses grupos ligados a cultura popular acabam encontrando nas formas para se expressar. A teoria da conta disso, mas é preciso ter abordagens especificas para esse novo momento. Os pesquisadores que deram continuidade ao trabalho de Beltrão conseguiram não só ampliar a teoria como analisar esses novos objetos e dar a ela contemporaneidade e os trabalhos do evento mostram essa multiplicidade”, afirma Allan Rodrigues.

Os anais do evento estão disponíveis no link: https://doity.com.br/anais/folkcom2018. Outras informações podem ser encontradas no portal da Rede Folkcom: http://www.redefolkcom.org/

 

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