Extremismo nas redes é possibilitado por ambientes sociais personalizados, segundo Wilson Gomes
01/09/2017 16h25
Texto publicado originalmente no portal Metodista
Na última segunda-feira (21), o Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo promoveu o I Seminário Temas Contemporâneos em Mídias, Religião e Cultura “Religião, Política e Ativismo Digital”. Na aula magna, Magali Cunha falou sobre sua obra “Do Púlpito às Mídias Sociais: Evangélicos na política e ativismo digital” e o professor Wilson Gomes foi o conferencista convidado.
O docente da Universidade Federal da Bahia falou sobre Democracia e Mídias Sociais, abordando a atuação de grupos mobilizados na internet. O professor afirma que dois movimentos conservadores agem nas redes: o ‘antipetismo’ e o ‘trumpismo à brasileira’, que se manifestam como um ódio aos partidos de esquerda, aos direitos humanos, à discussão de gênero e se movimentam pedindo o retorno da Ditadura Militar.
“Em meu levantamento, vi que esse é um movimento de jovens, pessoas com 30 anos ou um pouco mais, que não viveram a Ditadura. Temos a primeira geração de brasileiros que não viveu uma Ditadura autoritária, mas é uma juventude autoritária”, comenta. Pesquisando, também, algumas expressões agressivas na internet, analisa que algumas atitudes só podem ser explicadas considerando a teoria de ambiente social, que permite certos comportamentos aos usuários.
“Os ambientes sociais são forças de constrangimento ou reconhecimento social, quanto mais o indivíduo é recompensado por certo comportamento, mais extremo se torna. Por que as pessoas se sentem à vontade para atacar outras nas redes? Porque os ambientes sociais on-line permitem isso. Diferente da vida, eles podem ser personalizados. As decisões de seguir ou deixar de seguir alguém, por exemplo, criam grupos por afinidade, as chamadas bolhas”, explica.
Além dessas bolhas, Gomes chama a atenção aos ‘hubs’ que compartilham dessas opiniões. Blogueiros, personalidades famosas, políticos, religiosos e ativistas que postam conteúdo de ódio e alcançam grandes números nas redes sociais. “É um ativismo digital para atacar o direito dos outros e há um eco desse discurso de ódio. O Trump, por exemplo, é um ativista social, é um Obama por outro lado, porque se articula pelas redes”, comenta.
E para rebater essa onda de ódio, Gomes convida professores e pesquisadores a participar das redes: “precisamos de intelectuais públicos, atuando na esfera pública e digital, porque outros já estão ocupando esse espaço”. Você pode conferir a conferencia completa abaixo:
A segunda parte do Seminário pode ser conferida no Youtube, no canal do Grupo de Pesquisa Mídia, Religião e Cultura (MIRE). Clique aqui para assistir.