Cátedra entrevista: Edgard Rebouças

O professor concedeu entrevista ao JBCC sobre sua experiência na época em que estagiou na Cátedra e também sobre sua vida profissional

14/06/2022 15h07

No último dia 24 de maio, o professor da Universidade Federal do Espírito Santo, jornalista e pesquisador de Indústrias Culturais, Políticas, Ética e Direitos Humanos na Comunicação, Edgard Rebouças visitou a Cátedra UMESP.

JBCC: Em que ano o senhor começou na Cátedra?

ER: Eu tive o primeiro contato com a Cátedra, em 1999, quando  comecei meu doutorado. Eu era orientado pela professora Ana Maria Fadu, mas já tinha uma relação de longa data com o professor José Marques de Melo.

JBCC: Como foi sua experiência com a Cátedra?

ER: Infelizmente eu só não tive mais participação porque eu morava em outro estado, por isso acabei não tendo mais participação. Eu achava muito interessante isso de poder ter um intercâmbio, contato com outros pesquisadores da América Latina.

ER: Mesmo com essa questão de não poder estar presencial a todo momento, eu tentei colaborar com minha experiência de jornalista e também da área de comunicação científica, então eu ajudei na criação da revista científica do Pensamento Comunicacional Latino Americano (PCLA), que fizemos a opção por criar uma revista online, em uma época de revistas impressas. Ajudei na criação do Jornal Brasileiro de Ciências da Comunicação (JBCC), que era online e tinha uma função mais informativa sobre os eventos. A revista foi uma experiência muito boa, eu era um dos editores, me ocupava da parte de editar as entrevistas, e foi muito rico para meu crescimento profissional e pessoal e me deu um rumo nessa minha trajetória.

JBCC: Quais eram as atividades naquela época da Cátedra?

ER: As principais atividades da Cátedra era sobretudo o intercâmbio com pesquisadores de outros países, então conheci muitas pessoas do México, Chile, etc. Fazíamos publicações desses países, traduzíamos textos, fazíamos seminários, vinham professores e pesquisadores desses países para realizar estágio, pesquisa. Isso era muito enriquecedor para nós estudantes, esse contato com pensadores de outros países, tudo proporcionado pela Cátedra, em uma época onde não tínhamos muitos recursos, mas mesmo assim conseguíamos realizar publicações, seminários, principalmente discutir com esses pesquisadores internacionais, isso foi um grande ganho não só para os alunos da Metodista, mas para fora, os eventos da Cátedra eram muito concorridos e voltados para movimentos sociais, tinham parcerias com entidades da sociedade civil. O grande articulador disso, era o professor José Marques de Melo.   

JBCC: O senhor conheceu o Dr. José Marques de Melo, como era trabalhar com ele?

ER: Eu já conhecia o professor há um tempo como uma grande referência da comunicação e do jornalismo, foi ele que me incentivou a fazer o doutorado na Metodista.

ER: O professor José Marques de Melo era um grande incentivador dos estudantes, pesquisadores, ele motivava as pessoas que queriam seguir uma carreira acadêmica, ele era muito generoso, esse apoio dele fez eu e meus colegas de trabalho crescer profissionalmente, e tendo a Cátedra como esse local de reunião, era o local ideal para o professor José Marques de Melo estar.

JBCC: Qual a importância de uma Cátedra de comunicação

ER: É muito grande a importância da Cátedra, vinculada a UNESCO, ainda mais sendo a única Cátedra de comunicação e tem que ter esse papel de ser o ponto de encontro de pesquisadores para o pensamento comunicacional para o Brasil inteiro

JBCC: O senhor conhece a Orbicom? O que pensa sobre?

ER: Minha relação com a Orbicom, já vem de muito tempo, desde a época que eu estava fazendo meu doutorado na Metodista, eu tive a oportunidade de estar com diversos pesquisadores, catedráticos. Tive uma oportunidade de estar na Orbicom recentemente, tivemos algumas reuniões sobre parcerias de pesquisa ára o Brasil com outros países, estamos com um projeto via Orbicom, de parceria com alguns países africanos, que tem uma identidade de realidade social muito próximo com o Brasil. E por estar como Diretor internacional da Intercom, acho que vou fazer essa ponte com a Cátedra, Intercom, etc. Ter redes de comunicação internacional é extremamente importante. 

JBCC: Fale um pouco sobre você, sua formação, o que o senhor faz hoje?

ER: A carreira de toda pessoa tem um ponto de partida, e com certeza a Cátedra Metodista tem um papel muito importante, assim como o professor José Marques de Melo, o que eu fazia era tentar compreender os fenômenos da comunicação e a realidade socioeconômica, política e cultural brasileira dentro dos grupos midiáticos e as indústrias culturais e midiáticas, o que eu fiz foi aprimorar ao longo desses anos sempre tendo como meu norte o aprendizado da Cátedra, hoje eu sou pelo segundo mandato Diretor internacional da Intercom, atuo também como um dos coordenadores do observatório da mídia, que trabalha questões como Direitos humanos, é um grande núcleo de pesquisa e ação, sou também um dos coordenadores da rede nacional do combate a desinformação, além de professor da Universidade Federal do Espírito Santo e professor, convidado e visitante de algumas universidades internacionais, acho que eu posso tentar passar para a frente um pouco do meu aprendizado, tenho algo a colaborar com a sociedade.

ER: Na área das ações sociais, eu faço parte do conselho estadual de ética pública do Espírito Santo, já fui membro do conselho estadual de direitos humanos, então sempre tento pautar minhas atividades junto à sociedade civil à partir daquilo que eu adquiri de conhecimento e reflexão como pesquisador. Não faz sentido acumular conhecimento se não pudermos usar de uma transformadora para a sociedade.

 

Em sua última vinda para São Bernardo do Campo, o professor Edgard Rebouças consultou o acervo da Cátedra para completar os documentos necessários a seu memorial de apresentação no processo de sua livre docência. 

 

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