Booktubers: os livros também têm lugar na plataforma do YouTube
08/02/2018 18h15 - última modificação 09/02/2018 09h23
Vittória Cataldo
Com o avanço tecnológico e aceleração dos processos comunicacionais, a leitura se torna muitas vezes vista como uma prática cultural mais complicada. De certo, as novas gerações estão mais conectadas e ligadas às inovações tecnológicas. Mesmo assim, de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, houve um aumento de 6% de leitores nos últimos 5 anos.
O ambiente digital se tornou um estímulo para que as pessoas conhecessem novos livros, além de ser um local de compartilhamento de dicas literárias. Outro agente muito importante nessa rede de atrair novos leitores é o booktuber.
Os conhecidos “booktubers” são pessoas que possuem canal no Youtube dedicado à literatura. Com uma linguagem descontraída, eles despertam o gosto pela leitura e conseguem reunir amantes de livros. E há booktubers para todos os tipos de literatura: infantil, clássica, terror, suspense, etc.
Alguns booktubers brasileiros, como Pamela Gonçalves, com seu canal “Pam Gonçalves”, têm mais de 4 milhões de visualizações e mais de 221 mil inscritos. Gonçalves posta na integra vídeos sobre livros, séries, filmes e afins, apesar de ser mais focado na literatura. Outros booktubers propõem discussões sobre livros em grupos, como faz o canal Cabine Literária, com mais de 153 mil inscritos.
Bárbara Krauss (22), estudante de jornalismo na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), criou seu canal literário, intitulado “B de Barbárie”, em 2017. Ela conta que sempre apreciou a leitura e, antes de cursar jornalismo, pensou em fazer Letras.
A booktuber, ao dizer sobre a criação do seu canal, afirma que fez isso com o objetivo de falar sobre algo que gosta muito, a literatura, em um campo com bastante nicho na internet. Segundo ela, o curso de jornalismo ajudou muito na linguagem televisa que usa no canal.
Bárbara relata que é difícil ganhar espaço em um meio em que “gigantes” estão consolidados, pois muitas pessoas estão acostumadas a assistir vídeos dos booktubers mais famosos e, com isso, não procuram coisas novas.
Mas quem não deseja crescer e tornar essa produção de conteúdo realmente um negócio? Bárbara explica que muitos canais podem deixar de produzir vídeos exatamente por não enxergar essa perspectiva de crescimento com as novas leis de monetização do YouTube.
Ela afirma que vai continuar com o canal, porque gosta, e que seria muito interessante ganhar alguma coisa com isso. Segundo a booktuber, além da monetização do Youtube, é possível ganhar dinheiro por meio de parcerias com editoras e clubes de leituras.
Bárbara conta que também tem um blog, que começou junto o seu canal no Youtube, mas ressalta que é mais focada nas produções de vídeos. Para ela, o blog é uma ferramenta mais tradicional para a prática de textos, as famosas resenhas.
Em relação aos vídeos, diz: “eu acho um conteúdo mais fácil de ser produzido. A qualidade do som e da imagem faz muita diferença”. De acordo com ela, o booktuber deve se posicionar sobre o que achou do livro, se amou ou odiou, pois vê muita repetição de ideias nas produções. Dessa maneira, eles reproduzem conteúdos iguais em vez de criar novos conteúdos.
Como esse fenômeno colabora para formar uma nova geração de leitores?
Existe machismo no YouTube? Principalmente nesse nicho da literatura? Como você lida com isso?
Bárbara responde essas perguntas e ainda faz indicações de livros para quem está na área de comunicação. Confira nosso vídeo com a entrevista completa: