AI-5: 50 anos

A Cátedra UNESCO/UMESP produziu documentário sobre o Ato com falas de professores e alunos do PósCom

20/12/2018 12h35 - última modificação 20/12/2018 14h56

Nila Maria

O último dia 13 de dezembro foi o marco dos 50 anos do Ato Institucional número 5, o AI-5, considerado o mais duro golpe da Ditadura Militar no Brasil.

Decretado no governo de Arthur da Costa e Silva, em meados de dezembro de 1968, o AI-5 vigorou por dez anos, quando foi suspenso no final do governo de Ernesto Geisel, em 1978, já às portas do fim da Ditadura e início da redemocratização. Durante o período de vigência do ato, o regime militar tinha poder para oprimir e punir qualquer cidadã ou cidadão que se opusesse a ele. Assim, foi criado um estado de sítio, de censura e de repressão arbitrária.

Caracterizado pela censura, muitos jornais e revistas tiveram de ser recolhidos das bancas, bem como músicas pararam de tocar nos rádios e seus autores foram perseguidos. Em todas as formas de arte, os olhos dos censores estavam atentos a qualquer detalhe que pudesse parecer subversivo. Assim, artistas das mais diversas áreas, além de jornalistas, buscavam formas sutis de driblar a proibição.

Na imprensa, matérias que eram censuradas davam lugar a receitas de bolo, o que causava estranhamento para o leitor. As páginas dos jornais traziam as notícias do dia, mas também a descrição de como preparar o café da tarde, ou então, um poema de Camões.

Na música, artistas davam recados para os militares nas entrelinhas, mas os faziam pensar que seus versos se tratavam de canções de amor. Um exemplo é a música “Apesar de Você”, de Chico Buarque. Ele, considerado subversivo, assinava suas letras como Julinho de Adelaide e colocava o protesto atrás de um samba agradável.

A teledramaturgia também sofreu com os golpes da censura. Em 1975 estrearia a primeira versão de Roque Santeiro, protagonizada por grandes nomes da Rede Globo, como Lima Duarte, Betty Faria e Francisco Cuoco. No entanto, por se tratar de uma adaptação de um texto teatral de Dias Gomes chamado “O Berço do Herói”, já vetado anteriormente, a Censura Federal proibiu a exibição do folhetim. 30 capítulos já haviam sido gravados e a emissora teve de produzir uma nova novela. No dia do anúncio do Governo, o jornalista e locutor Cid Moreira leu, ao vivo, no Jornal Nacional, o texto assinado por Roberto Marinho anunciando e explicando por que não exibiriam Roque Santeiro. Uma nova versão foi ao ar dez anos depois.

A Cátedra UNESCO/UMESP produziu um documentário sobre o período do AI-5, que conta com falas de professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista (PósCom/UMESP). Confira:

 

 

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