‘Iniciação científica ajuda a formar profissionais mais críticos e proativos’, diz Mateus Yuri

Primeira parte da série sobre iniciação científica aborda etapas da elaboração do projeto de pesquisa

08/11/2018 12h30 - última modificação 29/11/2018 13h01

Igor Neves

A iniciação científica é a porta de entrada para o mundo acadêmico. É nela que o estudante universitário tem o primeiro contato com a pesquisa e pode aprofundar aquilo que estuda na graduação.

A Cátedra Unesco/ UMESP de Comunicação para o desenvolvimento regional inicia uma série que contará com entrevistas de professores do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo (PósCom/Umesp) para explicarem as etapas de uma iniciação científica (projeto, metodologias e fomento) e com alunos que realizaram a pesquisa durante a graduação.

Nesta primeira parte, entrevistamos o professor do Mateus Yuri Passos, que explicou os processos necessários para a elaboração de um projeto de iniciação científica. Além disso, Melissa Galdino e Juliane Assis compartilham sua experiência com o projeto.

P: Qual a importância da iniciação científica?

R: A iniciação científica é uma oportunidade importante de, como o nome diz, início na carreira acadêmica. E eu acho interessante, inclusive, para quem não pretende seguir na academia. O bacana da iniciação é que a pessoa pode ter um contato mais profundo com a profissão que ela quer seguir. Por exemplo, estudantes de odontologia vão ter mais contato com desenhos de aparelhos, como funcionam, quais são os problemas de materiais. Simula problemas e soluções vão encontrar na carreira profissional. Na comunicação, o aluno pode ter mais contato crítico com questões de discurso, enunciação e com o mercado profissional da comunicação. A iniciação é um laboratório, eu diria que é essencial, inclusive, para que a pessoa tenha uma postura mais proativa no ambiente de trabalho, para que ela não pense que o mundo profissional dela é feito de coisas dadas, mas que é necessário sempre fazer algum tipo de pesquisa, algum tipo de levantamento para enxergar as mudanças e pensar em soluções viáveis para essas mudanças. A iniciação científica, mais do que formar um pesquisador, ou antes de formar o pesquisador, ela ajuda a formar um profissional mais crítico e mais proativo, que saiba acompanhar um mundo em transformação e propor mudanças. 

P: De onde pode surgir uma iniciação científica?

R: Qualquer questão da área vale uma iniciação científica, mesmo que seja uma revisitação teórica. Como a gente está falando de iniciação, o projeto não precisa ser uma coisa muito original, a pessoa não precisa tentar inventar a roda. Na iniciação, a pessoa vai se acostumar, se iniciar no uso de referencial teórico e de técnicas de análise na área em que ela vai atuar. A iniciação pode ser, inclusive, uma revisitação, um trabalho de revisão de outras pesquisas da área, um levantamento. Pode ser um aprofundamento em um autor ou assunto especifico. Um aluno de publicidade que queria acompanhar a transformação no mundo da publicidade a partir das discussões contemporâneas de gênero e sexualidade, por exemplo.  

P: Na formulação do projeto, qual tem que ser a prioridade do aluno?

R: O importante no projeto da iniciação é que ele seja muito bem recortado, muito bem delimitado. Digamos que o percurso da pesquisa de uma pessoa que entra na graduação até o (é isso?) doutorado é uma refeição completa. A iniciação científica é a entrada, precisa ser uma coisa bem específica, ela vai pegar só uns pedaços daquilo, mais para entender como o mundo da pesquisa funciona na área dela. 

P: Qual é o caminho para a formulação de um projeto?

R: A pessoa tem duas opções: ela pode escolher um tema que a interesse e daí entrar em contato com um docente para orientá-lo, que tenha algum conhecimento do tema, ou pode eleger outro, por afinidade, por gostar da aula desse professor, por gostar dos projetos e, daí, no diálogo com o orientador, numa primeira reunião, definir um objeto de pesquisa. A partir disso, ela precisa de duas coisas: uma é o referencial teórico que vai dar suporte para o desenvolvimento da pesquisa, um referencial de outras pesquisas na área, porque muito raramente alguém vai chegar com uma ideia que ninguém nunca fez antes. Então é importante que a pessoa conheça o que já foi feito, inclusive para dar passos adiante, para ver lacunas e ver até onde as pessoas chegaram e a partir de onde ela pode caminhar e oferecer alguma contribuição. Então, por um lado, conhecer pelo menos um pouquinho, no campo, do que já foi feito e identificar um método, uma estratégia de trabalho que a permita chegar no objetivo dela. E, para além da temática, desenvolver um recorte, que a gente chama de pergunta de pesquisa, ou seja, dentro daquela temática o que especificamente está inquietando a pessoa. 

P: Qual tem que ser a maior preocupação na hora de elaborar um projeto de iniciação científica?

R: O essencial, na minha visão de projeto de pesquisa, em qualquer nível, é que precisa se identificar exatamente a pergunta, o que ela quer tirar daquele objeto, os objetivos e os métodos. Os objetivos precisam dialogar muito bem com a metodologia. Não é possível ter objetivos soltos, quer dizer, um objetivo que está elencado ali, mas que não tem resposta no método, e nem elementos da metodologia que não atendam os objetivos, as coisas precisam se cruzar muito bem para que o projeto fique bem desenhado. Outra coisa é ser realista na metodologia e no cronograma para, novamente, não tentar fazer uma pesquisa que demande muito fôlego no momento que a pessoa precisa, no mínimo, cursar as disciplinas regulares da graduação. Ver exatamente o que é viável fazer em 12 meses em que a pessoa vai estar fazendo trabalho de disciplina, estudando, fazendo prova.  

As inscrições de projetos de iniciação científica na Universidade Metodista começam no dia 1 de março de 2019 e vão até o dia 20 de abril e podem ser feitas no escritório de apoio a pesquisa localizado no terceiro andar do edifico Capa.

Confira, abaixo, os dois primeiros vídeos da série:

 

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