19ª Conferência de Folkcomunicação celebra centenário de Luiz Beltrão

O evento será realizado em Parintins na mesma semana do Festival Folclórico, que conta com as apresentações dos bois Garantido e Caprichoso

21/06/2018 16h21

Nila Maria

No ano em que se celebra o centenário de Luiz Beltrão, a 19ª edição da Conferência Brasileira de Folkcomunicação chega ao estado do Amazonas trazendo a ancestralidade e o desenvolvimento local como temas. O evento acontece nos dias 25, 26 e 27 de junho, mesma semana em que será realizado o Festival Folclórico de Parintins, que mantém vivos os costumes, rituais e lendas indígenas da região.

A poucos dias do início do evento, foram submetidos 97 trabalhos com os mais diversos temas voltados à pesquisa da Folkcomunicação. De acordo com a organização, 230 inscrições já foram realizadas por pesquisadores, estudantes da graduação e da pós-graduação de todas as regiões do país, a despeito dos possíveis problemas de logística devido à localidade do congresso.

Segundo Allan Rodrigues, coordenador geral da Folkcom 2018, a data e a sede do evento não foram escolhidas ao acaso. “Parintins foi, recentemente, através de projeto aprovado no Congresso Nacional e sanção do presidente, eleita a capital brasileira do Boi-Bumbá”, explica, e acrescenta que a cidade é, por excelência, um território folkcomunicacional. Assim, ressalta que é em eventos como o Festival Folclórico de Parintins que as populações sócio e economicamente marginalizadas têm a oportunidade de se expressar de forma a atrair, como raras vezes conseguem, a atenção das mídias tradicionais. “Durante as apresentações do Garantido e Caprichoso, ganham a amplificação das suas vozes e têm vez, e invadem a tela das pessoas no mundo inteiro”, diz.

O coordenador acredita que esta é a essência dos ensinamentos de Luiz Beltrão, autor dos estudos da Folkcomunicação, única teoria da comunicação genuinamente brasileira, que completaria 100 anos no ano de 2018.

O evento deste ano tem como novidade a diversidade dos formatos em que estão sendo entregues as submissões dos trabalhos que serão apresentados nas 15 sessões dos Grupos de Trabalhos (GTS) da Folkcom. Na visão de Allan, essas novas propostas são positivas, já que, a todo momento, se apresentam novos objetos para observação e diversas outras maneiras de se expressar e comunicar. Ele diz que as pessoas que vieram depois de Beltrão “conseguiram não só ampliar os estudos da Folkcomunicação, como analisar também esses novos objetos e dar a ela continuidade para essa teoria da Folkcomunicação”.

Desta forma, pelo que tem observado, os trabalhos já submetidos foram produzidos desde as formas mais tradicionais e artesanais, como estudava Beltrão em sua época, às mais avançadas, como o fenômeno das redes sociais. “Então, essa teoria mostra-se com muito potencial de continuar atual, de continuar dando conta desse desafio que é a comunicação desses grupos que são social e economicamente marginalizados e estão fora da mídia”, conclui.

Para Guilherme Fernandes, o centenário de Luiz Beltrão é um tempo de comemorar e é também “tempo de refletir, não só o legado histórico, mas como a disciplina tem se evoluído nesse tempo”. Ele pontua que, desde 1998, ano da primeira edição do Congresso, é possível notar diversos traços evolutivos na teoria da Folkcomunicação: Nova Abrangência da Folkcomunicação, Folkmídia, Folkmarketing, Folkturismo, Folkcomunicação Política, Novos gêneros e formatos da Folkcomunicação, Ativismo Midiático.

Mas também acrescenta que ainda é necessário crescer no âmbito metodológico, já que, segundo ele, a grande maioria das submissões ainda têm foco em análise de caso, estudos de caso e análise de discurso. “Desta vez não podemos queixar da falta de bibliografia, mas acredito que precisamos desenvolver outras metodologias e sermos mais críticos com os trabalhos desenvolvidos. Vejo muitos ganhos teóricos, mas acho que ainda podemos nos consolidar mais”, observa.

As inscrições para participar da Folkcom 2018 em Parintins estão abertas até o próximo sábado (23). Todas as informações detalhadas estão no site https://www.doity.com.br/folkcom2018/

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