Mídia Ninja x Imprensa Tradicional
12/09/2011 14h23 - última modificação 08/08/2014 10h25
Daniel Sant’Anna
Tayná Araujo
A Mídia Ninja (Narrativas Integradas de Jornalismo e Ação) é um grupo de jovens jornalistas que traz uma forma alternativa de comunicação para a sociedade por meio de seus smartphones. O grupo teve grande visibilidade durante as manifestações de junho de 2013 e tem o apoio do circuito Fora do Eixo, grupo que apoia eventos culturais, especialmente voltados à música, no Brasil e na América Latina.
Inclusive, um dos artistas de maior representação no país, o cantor e compositor Caetano Veloso, apareceu nas redes sociais vestido como um Black Bloc – manifestantes que protestam usando preto e mascarados para dificultar a identificação em caso de repressão. Uma grande massa desse grupo esteve presente nas manifestações de julho, que ganharam as ruas do Brasil e estes não aceitavam ser filmados pelos veículos da mídia tradicional, enquanto que, a Mídia Ninja teve total liberdade para filmá-los.
Antes de atraírem o interesse do povo, eles cobriram a Marcha da Maconha, a Marcha pela Liberdade em 2011, bem como mostraram a situação das Aldeias Guarani-Kaiowá no Mato Grosso do Sul, no ano de 2012. O objetivo deles é fazer com que a informação seja passada do ponto de vista do povo sem nenhuma manipulação midiática, política ou cultural e, por conta disso, ganharam a atenção da sociedade ao cobrir com todos os detalhes tudo o que acontecia nas manifestações de junho, quando veículos e repórteres de imprensa com grande referência nacional foram expulsos de alguns locais.
Para Bruno Torturra, um dos líderes do Mídia Ninja, a imprensa tradicional enfrenta uma crise e eles são uma alternativa a essa crise. Além disso, o grupo pretende expandir sua área de trabalho, para que se formem diversos núcleos espalhados pelas capitais nacionais com o objetivo de abranger mais histórias e conquistar mais leitores.
A imprensa tradicional, por sua vez, não acredita que esse “fenômeno midiático” faça o papel que eles fazem - ao invés de passarem as informações ao vivo ao lado de jovens que foram reprimidos nas manifestações, por exemplo – e não demonstra temer qualquer perigo para a sua imagem, pelo contrário, há mercado tanto para este jornalismo “alternativo” quanto para o tradicional.
Tanto o trabalho da Mídia Ninja quanto o da imprensa tradicional são importantes para a sociedade e o que deve ser colocado em questão é a qualidade e a transparência da informação, afinal a liberdade de imprensa é um direito nacional constituído. Na verdade, o grande desafio deste novo contexto de comunicação é a era digital, onde qualquer pessoa pode se tornar um portador de informação, basta ter um celular e acesso à internet.