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Confirma

 

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Político profissional

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Roberta Rossi

 

Jurista e diretor presidente do Instituto Avante do Brasil faz campanha para o fim do político profissional 

 

Entender o que é um político profissional pode ser vantajoso na hora de votar em um candidato. Luiz Flávio Gomes do Instituto Avante Brasil, que promoveu a campanha Fim ao Político Profissional por meio das redes sociais, declara que a reeleição é uma das causas da permanência da corrupção do nosso país. Quanto maior o tempo na política, mais acesso à máquina da corrupção, diz ele.

A reforma política, sugerida por movimentos populares, faz com que o jurista afirme que é fundamental uma mudança que impeça com que os políticos façam uso dos cargos conquistados como uma profissão. Em entrevista concedida para a revista Confirma, Gomes destacou que a corrupção existe, e segundo ele “talvez ainda ocorra um grande processo para acabar com ela, seja com o fim do político profissional ou não”.

 

Confirma – Para começar, o que é o político profissional?

Luiz Flávio Gomes - Político profissional é aquele que se perpetua no cargo permanecendo no poder público por 30, 40, 50 anos. É esse tipo de político que não queremos mais. Por isso que a tese central do meu projeto é o fim da reeleição, com um mandato por Executivo e dois mandatos, no máximo, no Legislativo. É esse projeto que estamos colhendo assinaturas por todo o Brasil.

Confirma – O Sr. acha que, mudando isso, o Brasil vai mudar com relação a forma de governar?    

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Luiz Flávio Gomes - Foto Divulgação

LFG – É uma medida bastante acertada e que vai diminuir a corrupção, porquê quanto mais ele ficar na vida política, mais contato faz com a máquina da corrupção. Não há dúvida nenhuma que, com esta proposta, a corrupção vai diminuir. Esta regra é objetiva, ela não dá margem para discussão e segue a mesma linha da Ficha Limpa. Essa ficha foi uma lei importante que já denunciou muitos candidatos. Muitos casos estão sendo discutidos até agora, como por exemplo, o do Paulo Maluf.

Confirma – Qual a finalidade da campanha Fim ao Político Profissional? Como ela surgiu?

LFG - O surgimento foi o seguinte: primeiro veio a lei da compra do voto, depois a lei da Ficha Limpa e agora, nesta linha, é que vem a não reeleição, portanto este é o movimento.

Outra questão é que quem está no cargo e vai para uma reeleição no executivo, por exemplo, usa a máquina pública em função da reeleição e isso é muito ruim para o país. Nossa campanha quer dar equilíbrio na disputa entre situação e oposição. Uma das vantagens desta nova política é o surgimento de novas lideranças. Se houver revezamento contínuo do Legislativo, vamos dar abertura para novas lideranças, isso é muito importante no regime democrático republicano.

Confirma – Atualmente qual é a porcentagem dos políticos presentes nos poderes Legislativo e Executivo que se encaixam nessa definição de político profissional?

LFG - Na última eleição para o parlamento houve 55% de reeleição, portanto essa porcentagem hoje não estaria disputando mais os mesmos cargos. Isso significa que de 584 parlamentares, quase metade está no segundo mandato, é um número muito grande. Quase trezentos e poucos que estariam proibidos, não estariam mais no Congresso Nacional.

Confirma – Como podemos identificar um típico político profissional?      

LFG - O político profissional é justamente aquele que não quer deixar a política e não quer voltar para sua profissão original. Assim vai perpetuando todos os mecanismos de corrupção e acaba sendo comprado e financiado. Os financiadores de campanhas políticas jogam mais dinheiro nas mãos de quem já está na política porquê está tudo combinado. Há um alinhamento de interesses e isto se torna muito ruim.

Confirma – O que garante a longevidade desses políticos?

LFG – Em virtude do clientelismo que eles vão conquistando votos, que significa aprovar emendas ao orçamento para destinar dinheiro para várias entidades. Um dos fatores que desequilibra a disputa são os políticos que tem mais tempo na televisão e no rádio, pois vão se formando alguns feudos partidários de gente que está há 10, 20, 30 anos nessas posições.  

Confirma – O Sr. crê que os jovens que participaram das manifestações do ano passado tem consciência política sobre os problemas em relação à existência dos políticos profissionais?

LFG - Nossa campanha ainda não chegou à consciência dos jovens, mas logo que eles descobrirem isso e perceberem que estão em nossas mãos fazer pressão política em Brasília, eu acredito que vai haver uma adesão massiva.  

Confirma – Algum grupo de jovens já manifestou interesse em participar da sua campanha?

LFG - Sim, já tivemos interesses de vários jovens. Por exemplo, em uma semana 500 pessoas já baixaram a ficha e estão coletando assinaturas em vários lugares.

Os jovens formam um público preferencial da nossa campanha porquê eles têm facilidade de baixar os formulários, facilidade de conexão com amigos, com colegas e rapidamente fazem coletas.

Quem liderou tudo em julho do ano passado foram os jovens, portanto nós temos que prestigiar justamente quem tem mais disposição para mudanças.

Confirma – O que acha da reforma política? Acha que alguns dos seus pontos podem impedir que esses políticos continuem no poder?  Se sim, quais os pontos?

LFG - Sim. A Reforma Política vai acontecer de maneira inevitável, eu também faço parte das eleições limpas que pedem essa reforma para o ano que vem. Vamos pedir uma série de itens, queremos mais democracia direta, eleições mais limpas e também que acabem os financiamentos de empresas aos candidatos.

Há uma série de itens que estamos reivindicando e eu quero inserir o fim da reeleição neste momento.  Aspas2.png


Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ibope, 81% da população acha os partidos políticos corruptos ou muito corruptos, ou seja, eles estão deslegitimados.

Confirma – O Sr. vê alguma possibilidade de uma reforma que reduza a importância dos políticos profissionais?

LFG - Um dos itens da reforma que vamos pedir à Brasília é a inclusão do fim da reeleição, ou seja, acabar com o político profissional.

Confirma - Ainda falando em Reforma Política, o que o Sr. achou da organização de alguns movimentos sociais em realizar um Plebiscito. Qual a importância dessa ação e houve a sua participação?

LFG - Eu votei no Plebiscito para a Constituinte, foram colhidas sete milhões e meio de assinaturas, essas assinaturas foram entregues agora no dia 15 de outubro para o Parlamento. Já é uma forma de dizer: “Olha, o povo quer mudanças”, ou vai de Constituinte nova, ou de Plebiscito ou ainda de reforma aprovada pelo próprio parlamento. Sete milhões e meio de assinaturas foi um sucesso absoluto.

Confirma – Em ano eleitoral o que a população pode fazer para não cometer o erro de eleger esses políticos?     

 LFG - A população tem que se informar e buscar informações. Muitos meios hoje já estão disponibilizando tudo da vida dos candidatos. A internet já tem muita informação sobre eles, não pode votar pela emoção, tem que votar por algo correto, algo justo para que o voto fique realmente valendo. É nesta linha que o eleitor tem que seguir: fazer um voto consciente, porque isso é exercício de cidadania.

Confirma – Em que medida a personificação da política, isto é, campanhas muito centradas nos candidatos e não nas propostas ou ideários partidários fortalece a atuação dos políticos profissionais?

LFG - Como político brasileiro ele acaba sendo personalista, o nome dele é o que conta e não o seu programa de governo. O exemplo típico é o Tiririca, não apresenta um programa, um dado novo, só o nome dele, o rosto e as brincadeiras. Ele conseguiu o segundo mandato.

Se nós não aprovarmos a reforma, esse cara vai ficar o resto da vida lá. É uma chacota, ele só faz brincadeiras, mas como tem uma parcela da população que gosta disso, então acaba votando, ou seja, temos a falta de consciência do eleitor.

Confirma - O Sr. já votou em um político profissional?

LFG - Não, normalmente eu não voto para a reeleição. Uma reeleição ainda vai, mas mais do que isso não. É princípio nosso há muitos anos de não deixar perpetuar. Esse povo não pode perpetuar no poder.

Confirma - Vamos trabalhar com a hipótese de que um dia não existam mais políticos profissionais no Brasil. O que isso mudaria essencialmente na vida dos brasileiros?

LFG - Acho que se novas lideranças políticas chegarem a Brasília, principalmente se essa lei de dois mandatos no Legislativo e um no Executivo for aprovada, os políticos vão querer fazer mais dentro do congresso e não vão estar enraizados na máquina corrupta. O político vai poder agir com mais independência e isso significa benefício para a população. É isso que a gente espera desta regra ao fim do político profissional.

Confirma - Ainda não estou convencida de que os políticos profissionais sejam um problema para o Brasil. Talvez eles sejam mais um sintoma do que a origem dos problemas. O que quero dizer é que os conflitos e os impasses da política existem apesar dos políticos profissionais e não por causa deles. O Sr. acha que sem os políticos profissionais os conflitos e os impasses da política estariam resolvidos?

LFG - Eu acho que eles acabam contribuindo. Um exemplo é o caso do José Sarney que está há 60 anos na vida pública, este homem fez pouco para o Brasil e pouco para a população. Se outro político estivesse no lugar dele, por exemplo, um jovem ou alguém de cabeça aberta, alguém que queira trabalhar mesmo para a população, teria feito muito mais para o país. É isto que nos temos que evitar.

O Paulo Maluf já está há 45 anos na politica, é hora de renovar, vamos colocar pessoas novas, outras lideranças. Existem lideranças fantásticas em vários segmentos da sociedade. Tem que dar chances para as novas, porque a esperança é com pessoas diferentes, os antigos não dão nenhuma esperança para nós, a gente já sabe o que vai acontecer com eles.

 

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Luciana Vasconcelos e Thais Romano 

Q

uase 12 anos se passaram desde que Manuel Francisco de Souza, ou carinhosamente chamado de tio Maneco, se emocionou com a posse do presidente Lula em 2002. Os olhos cheios de lágrimas e as palavras intercaladas por pausas e respirações fundas confirmam a emoção que o tio Maneco sente, até hoje com seus 82 anos, ao se lembrar de Lula recebendo a faixa presidencial. Religioso, tio Maneco compara a trajetória de seu candidato à vida de Jesus contada na Bíblia e afirma que ele só venceu a eleição, porque tinha a mão de Deus sobre ele.

Mesmo doente, o petista não deixou de ir até as urnas computar seu voto e torcer pela vitória da presidente Dilma Rousseff. O aposentado acredita que Aécio Neves e Marina Silva não têm a mesma competência para cuidar do Brasil como Lula e Dilma.

 

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Nascido em Avanhandava, interior de São Paulo, Maneco trabalhou na agricultura e na pecuária com seus tios, pai e avô. Lembra, emocionado, que ele e a família demoraram a comprar suas terras, já que eram caras e o salário que ganhavam trabalhando para os fazendeiros era usado para o sustento da casa.

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Tio Maneco se emociona ao contar sua história. | Foto: Thais Romano

Quando conseguiram conquistar o próprio espaço, Maneco e a família precisavam cuidar das plantações e do gado, atividades que também exigiam altos custos. O dinheiro que chegava à cidade era distribuído para quem já tinha boas condições financeiras.

Por diversas vezes, fazendeiros vizinhos invadiam as terras do agricultor e ao fazer denúncias no departamento policial da cidade, as autoridades se negavam a intervir na situação e recomendavam que Maneco vendesse suas terras aos invasores. Para não perderem tudo, eram obrigados a vender muito barato, já que não tinham a quem recorrer. Foram obrigados a abandonar as terras que tinham por conta dos latifundiários, que eram protegidos pelas leis e pelos delegados da cidade.

Com o dinheiro que recebiam pela venda de seus patrimônios, Manuel e sua família não conseguiam comprar outras terras para recomeçar e aos poucos foram obrigados a voltar a trabalhar no plantio de fazendeiros da região.

Nos anos 50, ameaçado pelo voto de cabresto, o aposentado colocava em risco seu emprego, sua vida e de sua família ao mentir para os capatazes. Maneco lembra que, nessa época, apenas quem tinha dinheiro tinha “liberdade” para votar. Mas Tio Maneco, mesmo precisando do emprego e sendo ameaçado, não se submetia ao controle dos fazendeiros. Ao ser questionado se havia votado no candidato escolhido pelo patrão, Manuel dizia que sim, mesmo tento votado no candidato da oposição. “Hoje, graças a Deus, temos liberdade para votar, o voto é secreto”, afirma Maneco.

Com dificuldades financeiras e falta de oportunidades para continuar trabalhando na agricultura, Manuel muda-se com a família para São Paulo, em 1956 em busca de um novo recomeço. Quando Lula e Collor disputaram as eleições em 1989, Manuel já era fã e acreditava nas propostas do presidente petista.

Na época, Maneco era motorista da Receita Federal e as mulheres para quem ele dirigia falavam que não se devia votar no Collor, porque ele era bonito e falava bem.

Com o golpe de Collor, Maneco perdeu o dinheiro que tinha na poupança do banco e foi demitido. Mais uma vez precisou recomeçar e teve a certeza de que Lula seria a pessoa certa para cuidar do povo.

Maneco se aposentou e conta que logo depois veio o mandato do Fernando Henrique Cardoso, aquele homem que ele não gosta nem de falar o nome. “Ele não gostava de aposentados e diminuiu nossa aposentadoria”, ressalta tio Maneco.

 

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Aspas3.pngA vitória de Lula foi um dia emocionante na vida de Maneco. Com a voz tremula, os olhos cheios de lágrimas e muita emoção em cada palavra, ele acredita que o mais novo presidente foi um herói que lutou na política e na sociedade. Maneco arrisca dizer que o dia em que Lula foi eleito presidente do Brasil foi o dia mais feliz da vida dele.  


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 Manuel confirma seu compromisso com o Partido dos Trabalhadores a cada eleição, “sempre fui de esquerda, porque a gente tinha muita mágoa do socialismo”. Cita de cabeça todos os seus votos recentes, invariavelmente para candidatos do PT. Lembra de muitas vitórias, mas também de derrotas. A última ocorreu nas eleições de 2014, a do senador Eduardo Suplicy, com quem manteve amizade por muitos anos por intermédio do deputado Paulo Teixeira. Maneco conta que Suplicy e Teixeira são ‘matarazzos’, que se preocupam com o povo.

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“Sinto que tive a oportunidade de ajudar a mudar não só a minha vida, mas a vida de muitas pessoas que estavam na mesma situação que eu”, afirma tio Maneco ao contar do orgulho que sente quando se lembra do desafio que enfrentou para exercer seu direito de cidadania.

Maneco procura conscientizar seus filhos, netos e bisnetos sobre a importância de participar do processo democrático do país. Além disso, incentiva os amigos e a família a nunca votarem em branco e afirma que uma atitude como essa é desperdiçar a oportunidade de mudar o futuro.

 

Reportagem Especial

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Magda Souza e Renata Del Porto

 

Eleitores esquecem em quem votaram nas últimas eleições, e você?

Pesquisas comprovam que parte da população não memoriza os próprios candidatos


Você consegue recordar o que fez neste fim de semana? O que tomou no café da manhãde ontem? Bem, você pode estar achando estranho esses tipos de perguntas em meio a um texto sobre política, mas a verdade é que tem tudo a ver.

A lembrança de quem votou nas eleições passadas deveria ser tão simples e clara quanto daquela que usamos para lembrar do pãozinho na chapa que comemos. Ela se faz importante para lembrarmos o candidato, suas propostas e depois sabermos para quem cobrar o que prometeram, mas o fato é que esquecemos. Esse ato échamado de amnésia eleitoral ou, se preferir, de“desmemorização” do seu voto.

Em quem votou nas últimas eleições para deputado estadual? E senador?  Caso se lembre, então você com certeza é um eleitorantenado na política. Mas se não se recorda, não se culpe,saiba que não está sozinho.

Uma pesquisarealizada pelo portal G1 neste ano,comprovade que grande parte da população realmente acaba tendo um esquecimento dos votos após as eleições. Isso ocorre porque muitas vezes este assunto pode até mesmo não ser interessante para algumas pessoas, causando então a amnésia eleitoral.

A empregada Rosemeire da Silva, 47, conta “Voto por ser uma obrigação.” “Não me recordo os candidatos que votei nessa última eleição”, diz.

Segundo um levantamento feito pela Confirma, eleitores de várias faixas etárias e classes sociais afirmaram realmente possuir dificuldades de lembrar de seus candidatos após o período de votação.

Reunimos 20 eleitores com situações particulares bem distintas e perguntamos a eles se lembravam de todos os candidatos dos quais votaram nesta eleição de 2014. Dez delesesqueceram detodos os candidatos em quem votaram, sete somente se lembram dos principais candidatos como presidentes e governadores e apenas três que recordam totalmente do voto e até de suas devidas propostas de governo.

Rodrigo Sampaio, 44, vendedor, somente se recorda de alguns candidatos, como presidente, e conta que, “Me preocupo com a situação do país e por isso me atentei aos candidatos para presidência.”

Já por outro lado, também há pessoas que estudam e pesquisam muito para saber para quem irá destinar o voto, e uma delas é a professora de inglês Marcela Medeiros, 36, que diz que se preocupa com o futuro da política e afirma, “Quero ver mudanças no país em que vivo e por isso cada eleitor deve fazer a sua parte votando consciente”. E ainda acrescenta, “Todos devem estudar sobre os futuros candidatos”.

Claudia de Carvalho, 30, secretária, participou da pesquisa e afirma que, “Não sou uma pessoa muito antenada na política”, e acrescenta, “Voto em determinados candidatos, mas pouco sei sobre os trabalhos e demais coisas”.

 

Memória apurada

Ir às urnas sem uma pesquisa sobre os candidatos para determinado cargo é um fato que deveria ser evitado, mas que é corriqueiro. Com ela, podemos formar o nosso próprio repertório de informações sobre determinado postulante e assim ter certeza absoluta em quem irá votar.

Com o horário eleitoral ficou mais fácil dos eleitores localizarem os seus candidatos. Alguns possuem maior espaço na televisão, outros escolhem a internet para atingir o público e ainda possui o rádio, jornais e revistas. O que não falta realmente são as alternativas para buscar votos, ainda mais para quem não possue uma ligação e visibilidade tão grande com os indivíduos como os cargos de deputado estadual e federal.

A neuropsicóloga Janaína de Carvalho, 35, conta que a armazenagem desse tipo de informações – as chamadas declarativas –estão ligadas à nossa capacidade de aprendizado de informações verbais. A mente humana conserva com mais facilidade as informações menores. Por isso, lembramos de imediato números de candidatos com mais representatividade, pois eles possuem um número chave. “Cargos como presidente, governador e prefeito possuem uma numeração menor do que a de deputados e vereadores”. Janaína diz que temos uma pré disposição de conseguir evocar aquilo ou aquela função que tem maior representatividade em nossas vidas. 

 

Satisfação imediata

Uma pesquisa sobre o tema do voto foi realizada pela South University dos Estados Unidos. Na intitulada “A psicologia por trás do voto” (The Psycologybehindvotingbehavior), de 2012, Tamara Avant, Ph.D de psicologia afirma que o eleitor escolhe o candidato projetando nele o seu próprio comportamento.

Assim, o sóciopsicologista Vinícius Siqueira, 26, argumenta que nesse contexto atual, o consumidor-eleitor precisa de uma satisfação imediata que, não encontrando uma forma para se expressar, é transferida para a política. “O voto é unicamente para a satisfação dos prazeres individuais. É mais importante votar no candidato de que mais se gosta porque ele vai atender a minha demanda particular”.

Siqueira ainda enfatiza que, sendo a política um terreno de que contemple o pragmatismo e as satisfações particulares, o postulante ao cargo pode vender um discurso que “conquiste” o votante ou forneça algo irá beneficiá-lo, de diversos jeitos. Com isso, faz-se uma associação de que se o candidato é interessante para si, será bom para o país e terá o seu voto. Assim ele será lembrado pelo seu eleitor.

 

Campanhas políticas

A campanha eleitoral de 2014 foi a mais acirrada da história. Temas considerados essenciais como a educação, saúde pública e reforma tributária ficaram em segundo plano.

O que se destacou mesmo foram asacusações de cunho pessoal entre os presidenciáveis. Os debates se assemelhavam a ringues e não sanaram as dúvidas do cidadão. Fato esse queganhou maior destaque entre os candidatos Dilma Rousseff e Aécio Neves, já no segundo turno. Ambos argumentavam episódios em que se mostravam a par de seus planos de política passados, um desmentindo o outro.

Após a morte de Eduardo Campos no dia 13 de agosto, Marina Silva entrou em seu lugar e conseguiu angariar votos que assustaram os concorrentes ainda no primeiro turno. Uma grande novidade foi o aparecimento de novos candidatos dos chamados partidos pequenos. Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSOL) eram apostas dos novos eleitores, mas não obtiveram uma votação expressiva. Pastor Everaldo (PSC) e Levy Fidelix (PRTB) causaram polêmica falando sobre privatizações em excesso e sobre preconceito, respectivamente.

 

Pensar politicamente

Infelizmente, o tema política não é muito atrativo para o brasileiro comum. Muitos somente lembram da questão em ano eleitoral ou na hora da cobrança de melhorias. Segundo a psicóloga Fabiane Costa e Cruz, 30, a população brasileira não foi educada a pensar na política como forma de reivindicação de direitos, e gera uma massa sem força de opinião. “A política do pão e circo ainda reina no país”. Fabiane ainda critica a postura da mídia que passa informações sem a correta verificação. “Dificilmente checamos a validade das informações que chegam até nós, pois não temos o hábito de ler jornais, acompanhar a economia e ver debates. A política só nos chama atenção em período eleitoral.”

Os escândalos que envolvem nossos políticos do alto escalão também são empecilhos para gostar do assunto.  Janaína de Carvalho concorda que a corrupção afasta o interesse coletivo, gerando descrença e indiferença por parte da população. Assim, gera-se o sentimento de que a política somente beneficia quem chega ao poder, de que é somente um negócio e causa um bloqueio mental para o assunto.  “Cria-se um desprezo, uma angústia e tornando as pessoas indiferentes às mudanças, delegando a responsabilidade somente aos governantes. Algumas pessoas até apresentam e criam os próprios hábitos vindos de cima como tirar vantagem das situações, nepotismo e não se preocuparem com classes menos desfavorecidas. ”

 

 

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 Gabriela Bávaro e Thamara Marinho

 

 

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