A cultura visual evangélica brasileira: suas fases e surgimento.
A cultura visual é um dos campos privilegiados para análise de estruturas e historicidade de práticas religiosas. O projeto proposto quer avançar na base da hipótese de que as mudanças e metamorfoses do protestantismo brasileiro, com interfaces com o pentecostalismo e neopentecostalismo, seus conflitos internos e externos depois da década de 1950 do século 20 e, especialmente a partir da década de 1980, se articulam e fortalecem por mudanças nas suas práticas da cultura material e visual e não através de mudanças dos seus textos fundantes. Fazem parte do fenômeno o uso de imagens propriamente religiosas, a [re]organização de espaços, objetos materiais, ressignificações de objetos e espaços e uma preferência para a divulgação de mensagens religiosas através de médias. Ao contrário da ideologia teológica do grupo, o campo protestante-evangélico (tradicionalmente iconoclasta, supostamente fundamentada na Palavra e na pregação) tem uma cultura visual articulada, poderosa com sua força performativa conscientemente aplicada. Em tudo, alia-se essa proposta de investigação a esforços teóricos internacionais ao redor da discussão da chamada virada icônica, pictórica ou visual (BOEHM, 1994; MITCHELL, 1994; BOEHM e MITCHELL, 2009, p. 103-121; BREDEKAMP, 2011) junto às diversas teorias que favorecem uma investigação em conjunto da criação, do uso, da recepção e da representação das expressões da cultura visual acima mencionados (GILLIAN, 2007) em aplicação à Cultura Visual Religiosa (TIMM, 1990; MORGAN, 1998, 2005, 2010, 2012, PLATE, 2002; TIRAPELI, 2001). Leva-se em consideração que a cultura visual evangélica brasileira, protestante, pentecostal e neo-pentecostal representa um campo de análise bem definido, que não somente pode, mas deve ser estudado e explorado.