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Seminário de Ciências da Religião analisou fascínio pelo capitalismo

Primeira edição do evento reuniu pesquisadores de dentro e fora do Brasil

17/05/2017 17h36

Enquanto uma pequena parcela da população retém praticamente toda a riqueza do mundo, os mais pobres se mantém passivos e não questionam o modelo econômico em que vivemos hoje. "As pessoas reclamam porque são pobres, mas não reclamam do sistema que cria essa pobreza", diz o professor Jung Mo Sung, um dos organizadores do I Seminário Interdisciplinar do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, realizado nos dias 11 e 12 de maio no campus Rudge Ramos.

Sung deu início à sua fala questionando o 'fascínio' das pessoas pelo capitalismo e a defesa deste sistema. Para ele, o convencimento parte do princípio de que todos podem se realizar por meio do sucesso no mercado, mas argumenta que "isso é impossível, pois o ser humano tem desejos que vão além da realidade é que são contraditórios". Segundo o docente, o Seminário foi criado para discutir soluções: “devemos entender o mundo contemporâneo e pensar em maneiras de ajudar. Precisamos fazer algo, não adianta só reclamar”.

Lauri Emílio Wirth complementa esse raciocínio dizendo que “a gente só consegue se contrapor a esse estado das coisas se diagnostica profundamente e entende. Temos que penetrar na profundidade e entender o que existe por trás disso. Precisamos pensar com fundamento e detectar os deuses que sustentam esses imaginários”. O docente considera que é preciso levar a teologia além de um aspecto cultural e vê-la como fundamental na discussão das ilusões criadas pelo sistema operante.

“O grande problema não é que a gente se submeta ao consumo de certas coisas, é que acreditamos nessa promessa que é falsa. Temos pessoas que perdem a vida por isso e temos a total negação do outro nessa lógica da negação”, completa o professor Allan Silva Coelho, professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP.

Por problemas de saúde, o economista e teólogo alemão, Franz Hinkelammert, não pôde participar do evento por conferência, como estava programado inicialmente. Assim, os pesquisadores convidados e público presente deram continuidade às discussões com base em seus textos e dois conceitos propostos pelo estudioso: “a crítica da razão utópica” e “a crítica da razão mítica”. Além de professores e alunos da Metodista, estudantes do Seminário Teológico de Princeton, dos Estados Unidos, vieram ao Brasil para acompanhar as discussões.

Trazendo aspectos históricos e sociológicos, o professor Silvio Salej, da Universidade Federal de Minas Gerais, falou sobre a teologia da prosperidade e a crença de que as pessoas melhoraram suas condições de vida por conta da religião. “Houve de fato uma elevação da renda de todos os salários e isso criou uma mobilidade social ascendente, criando uma nova classe média. Muitas dessas pessoas vão ao culto religioso de domingo e que tipo de interpretação fazem da nova condição econômica? Eles não vinculam sua nova capacidade de consumo a uma política pública, pois a consciência dessa nova capacidade de consumo foi feita nas igrejas”, explica.

Raimundo Barreto, professor assistente no Seminário Teológico de Princeton, se dedicou a falar sobre os sacrificados, daqueles excluídos no sistema por questões sociais, raciais, culturais e étnicas. Comentando a respeito de como o cristianismo chegou ao Brasil e da resistência da cultura de povos indígenas e negros, o que é visto ainda hoje como em uma igreja pentecostal com fortes elementos da cultura afro na Bahia, disse que "claramente há uma sobrevivência cultural que representa algum tipo de resistência". 

Confira fotos do evento:

I Seminário Interdisciplinar - Capitalismo como religião e o pensamento crítico latino-americano

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