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"Jornadas: Comunicação, Cultura e Memória" discutiu o papel das religiões nas memórias da ditadura

Líderes religiosos assumiram diferentes posturas diante do período de repressão

13/04/2017 10h50 - última modificação 13/04/2017 10h58

A segunda aula das “Jornadas: Comunicação, Cultura e Memória” foi realizada na Universidade Metodista de São Paulo, em parceria com a Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), Universidade Paulista (Unip) e Escola de Propaganda e Marketing (ESPM), na última quarta-feira (12). O tema da aula foi “Memória e Religião” e pesquisadores discutiram o papel das religiões e seus líderes na construção da memória da ditadura militar no Brasil.

A jornalista Ana Caroline Castro, doutora de Teoria e Pesquisa em Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), participou da aula exibindo trechos de seu documentário “Coratio”. O filme reúne informações e depoimentos das pessoas responsáveis por elaborar o livro “Brasil: Nunca Mais”, criado clandestinamente durante a ditadura, que se tornou uma das mais importantes documentações sobre a história do período de repressão política no País.

Em sua pesquisa sobre livros clandestinos, realizada no doutorado, a jornalista graduada pela Metodista estudou a importância de Dom Evaristo Arns para registro e documentação do período ditatorial. Indo contra a Igreja, que apoiava o regime, atuou como resistência, auxiliando presos políticos e assumindo responsabilidade pelo livro. “Essa foi a importância da união ecumênica para proteger uma memória. Se não fosse isso, esses arquivos poderiam estar perdidos ainda, como muitos outros ainda estão”, diz a pesquisadora.

O livro, segundo Ana Caroline, foi um dos mais vendidos do País durante dois anos. “Eles [Dom Evaristo e outros líderes religiosos que agiram contra a ditadura] poderiam ter se silenciado, mas seu papel foi fundamental para que essa história fosse recontada. Todo esse material está disponível para nós, isso é graças ao trabalho de poucos religiosos que foram independentes da religião”.

Por outro lado, Marcelo Ramiro apresentou os resultados de sua dissertação de Mestrado, realizado no Programa de Pós-graduação em Comunicação da Metodista, denominada "Mídia Cristã e Ditadura Civil-Militar: Memória dos Silenciamentos no Jornal Expositor Cristão da Igreja Metodista”. No jornal, o pesquisador encontrou várias reportagens e editoriais que ressaltavam o caráter conservador da época e apoiavam o regime. “Enquanto muitos jovens sofriam tortura, o jornal negava o que acontecia no País. Estavam totalmente alinhados com este posicionamento”, explica Ramiro.

Ana Caroline ressaltou o quão prejudicial é este silêncio em relação a um período traumático como este na história do Brasil: “só quando saímos do silenciamento que é possível haver reparação”. A professora Magali do Nascimento Cunha comentou também a respeito da lei de anistia e como ela atrapalhou na responsabilização dos torturadores. “A anistia é uma herança grega que fala do esquecimento como forma de harmonizar o presente, mas a nossa memória não funciona dessa maneira”, finaliza.

Além de reunir vários pesquisadores e professores de diversas universidades na Metodista, o curso foi acompanhado por mais de 20 pessoas por meio de transmissão ao vivo pelo Youtube e pelo Facebook. 

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