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Dominique Wolton conversa com grupo de pesquisa "Da compreensão como método" e com a Cátedra Unesco-Metodista

Entrevista com o estudioso será publicada na próxima edição da revista Comunicação & Sociedade

04/09/2018 11h40 - última modificação 04/09/2018 17h59

Angela Correa, Dimas Künsch, Dominique Wolton e Roberto Chiachiri. Foto: Rafael Gonçalves

Dominique Wolton visitou o Brasil no mês passado para divulgar seu novo livro "Papa Francisco: O Futuro da Fé - Entrevistas com o Sociólogo Dominique Wolton". Dimas A. Künsch, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo e líder do grupo de pesquisa "Da compreensão como método", participou de conversa com o estudioso francês.  

Künsch escreveu depoimento a respeito dessa experiência. Confira:

Ne renoncez pas à être libre! (Não desista de ser livre!)

Bater papo com Dominique Wolton é uma delícia! Ele dá gargalhadas, faz mil gestos, complementa a fala animada com ruídos dos lábios e da boca, ora imita quem está desanimado ou dormindo, ora parece levantar a bandeira da justiça para proclamar algo do gênero: “Deixem essa porcaria de celular desligado pelo menos no final de semana! E abram o email no máximo uma ou duas vezes a cada sete dias!”. Diz que está liderando uma campanha mundial para todo mundo usar menos as ferramentas digitais e, sabe-se lá…, “fazer mais amor?”.

Risos da audiência!

Ri também.

E imita o gesto compulsivo dos dois dedões digitando uma mensagem no Whatsapp.

Busca auxílio na língua tocando a parte frontal do céu da boca: tic-tic-tic-tic-tic!!!

Tic-tic-tic-tic-tic....

“Informar não é comunicar!”, repete Dominique Wolton a quase cada instante. E comunicar “é negociar e, em seu melhor sentido, conviver!”.

Essas ideias estão “no coração” de suas pesquisas, que representam uma tentativa de “fazer conviver pacificamente visões de mundo muitas vezes diferentes, às vezes antagonistas”.

Resume: “Numa palavra, tudo fazer para evitar o ódio pelo outro”.

Dominique Wolton esteve em São Paulo nos dias 24 e 25 de agosto como parte de uma extensa programação de lançamento de sua obra mais recente, "Pape François: Politique et Societé - Rencontres avec Dominique Wolton (Éditions de l’Observatoire / Humensis, 2017), traduzida para o português como Papa Francisco: o futuro da fé - Entrevistas com o sociólogo Dominique Wolton (Rio de Janeiro: Petra Editora, 2018).

Doze encontros, entre fevereiro de 2016 e fevereiro de 2017, puseram em contato direto - num crédito bem dado à “comunicacão primária” (Harry Pross) -, durante mais de 20 horas, o “intelectual francês, leigo, especialista em comunicação, que trabalha há muitos anos com a globalização, a diversidade cultural e a alteridade” e o papa Francisco, argentino, cuja personalidade, trajetória e ação “interpelam uma época dominada pela economia, mas também pela busca de sentido, de autenticidade e, muitas vezes, de valores espirituais”.

Na conversa no dia do lançamento, Dominique Wolton fala de coisas sérias, de alguns dos grandes desafios da atualidade, da comunicação como tarefa e como missão. Mas ri a valer, contando histórias e mais histórias de seus encontros com Francisco, das risadas do próprio papa, das brincadeiras…

Fala sério: “O diálogo dá seu sentido à comunicação humana além da performance e dos limites das técnicas”.

Na manhã do dia 25, sábado, Dominique Wolton nos recebe para uma conversa num banco de jardim do hotel em que está hospedado.

Rafael Gonçalves e Angela Correa, doutorando e mestranda em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, assumem a parte técnica, cuidando da geração de imagem e áudio.

Roberto Chiachiri e Dimas Künsch conduzem a conversa. Dominique Wolton, brinca a cada vez que Rafael e Angela pedem um segundo para conferir se está tudo certo. “Les limites de la technique!”

Faz um parêntese para apresentar a sua ideia de “destecnicizar a comunicação”.

A entrevista, que será publicada nas próximas edições das revistas Comunicação & Sociedade (Metodista) e Folios (Universidade de Antioquia, UdeA, Medellín, Colômbia), é o primeiro ato de um projeto internacional que reúne o grupo de pesquisa “Da compreensão como método” (www.dacompreensao.com.br), a Cátedra Unesco-Metodista de Comunicação, o Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Metodista e a Faculdade de Comunicação da UdeA.

A conversa chega ao fim, e Dominique Wolton precisa voar para o aeroporto.

Agradece tanto e tantas vezes pela entrevista, que até nos perguntamos por quê.

A resposta parece vir, num primeiro momento, embalada em mais brincadeiras, abraços, beijos…

Já no interior do veículo que o levaria ao aeroporto, antes de fechar a porta aberta, olha mais uma vez em nossa direção, levanta o dedo indicador e fornece talvez uma chave nova de leitura para a força expressiva do momento: “Ne renoncez pas à être libre!”.

Minutos antes, tinha deixado nas mãos de Roberto Chiachiri um catálogo da revista internacional Hermès, que ele ajudou a fundar e dirige. Na capa do catálogo, que celebra o trigésimo aniversário de lançamento da revista, está escrito: “30 ans d'indisciplines”.

Trinta anos de indisciplinas! Vai ver que é isso.

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