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Deep Web é fonte de dados ainda inexplorada pelos jornalistas

Apesar de ser um território pouco conhecido, a “segunda rede” pode abrigar informações relevantes para o jornalismo e para a sociedade

07/12/2015 09h40 - última modificação 07/04/2016 14h43

O fazer jornalístico se baseia em dados e informações para produzir sua matéria-prima: a notícia, a reportagem. Essas fontes e documentos tão necessários para o jornalismo, podem ser encontrados nos mais diversos espaços, sejam eles físicos ou virtuais. Dentro do espaço digital, é possível obter informação por meio de motores de busca ou pelo cruzamento de dados do chamado Big Data, mas esses não são os únicos caminhos que existem.

Há uma outra fonte de dados, ainda cercada por dúvidas e anonimato, que não é captada por buscadores tradicionais (aqueles que indexam somente o que está na chamada “superfície da Internet”). Essa fonte se encontra em camadas mais “profundas” da internet, e é conhecida como Deep Web.

A fim de mostrar a importância do jornalista buscar dados neste ambiente - por ser um terreno fértil para a produção de notícias - e também com o intuito de apresentar alguns caminhos que facilitem este percurso, foi que os pesquisadores Lucas de Araújo, Krishma Carreira e Pedro Henrique Toth, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Metodista de São Paulo, desenvolveram a pesquisa “Deep Web e Jornalismo: como transformar dados escondidos em informação de relevância social”. O trabalho foi apresentado durante o evento Pensacom.2015, no GT “Comunicação Digital e Tecnologias”.

O grupo pertence à linha de pesquisa Inovações Tecnológicas na Comunicação Contemporânea da Universidade Metodista, e é composto por jornalistas que querem estudar o impacto da tecnologia na comunicação e profissionais com formação tecnológica que querem entender como funciona a comunicação. “Nós temos um perfil bastante interdisciplinar, o que contribuiu para que a pesquisa sobre a Deep Web avançasse, a fim de entendermos melhor como funciona esse mundo ainda cercado por mistérios e preconceitos, por ser desconhecido por parte dos usuários, mas que precisa ser bem explorado”, explica Krishma.


Deep Web

Os autores destacam que alguns especialistas acreditam que 96% dos dados da internet estão neste lado invisível aos buscadores, portanto é impossível desprezar um universo dessa complexidade.
Para entender melhor o significado dessa segunda rede, os pesquisadores recorrem à uma analogia: “Podemos imaginar a web como um grande oceano e as águas mais profundas seriam a Deep Web, um local inalcançável às redes das ferramentas de busca tradicionais."

A Deep Web é inalcançável por conta da forma como é construída. O fato de não usar servidores DNS (Sistemas de Nomes de Domínio), é o que torna o acesso à essa rede tão restrito. Os servidores DNS nos permitem usar nomes conhecidos para procurar um site, ao invés de termos que digitar algo extremamente técnico e difícil de memorizar. Os servidores DNS são os responsáveis pela tradução dos endereços IP, e sem saber o nome do domínio, apenas um usuário que tenha conhecimento exato do IP pode procurar determinado site.

Além disso, os sites na Deep Web são dinâmicos, ou seja, caso o usuário não conheça o endereço IP do site, ele terá que fazer uma busca com palavras-chave específicas e não pode errar essas palavras.
O acesso fica ainda mais difícil por conta da quase ausência de hiperlinks entre as páginas, o que prejudica o trabalho de indexação dos softwares dos buscadores tradicionais, isso sem contar com a exigência de login de cadastro em alguns sites, o que muitas vezes só é permitido com a “apresentação” de outro usuário que já faça parte da rede.

Todos esses motivos contribuem para que a Deep Web venha sendo cada vez mais utilizada por indivíduos, causas ou organizações que procuram uma comunicação irrastreável, quase que 100% segura e anônima, mas online ao mesmo tempo. Isso faz com que a maioria das pessoas tenham uma tendência a acreditar que nessas águas mais profundas da internet só existem ações ilegais, envolvendo crimes e violência, mas não funciona bem assim.


Luz em águas profundas

O grupo de Krishma, Lucas e Pedro Henrique, entende a “internet invisível” como uma rede que possui sua parte ilícita, mas que também possui seu "lado iluminado". “Não podemos esquecer que a Deep Web foi o berço aonde se iniciou o movimento da troca e divulgação de documentos através da organização criada por Julien Assange, o Wikileaks. Além disso, lá também existem vários documentos acadêmicos e vendas de livros que não estão disponíveis na web visível aos buscadores tradicionais como Google e Yahoo”, destacam.

Segundo os pesquisadores, o maior objetivo do trabalho foi mostrar a necessidade de explorar esse gigantesco repositório de dados para a produção de notícias, procurando mostrar os caminhos viáveis para explorar a Deep Web e colocando em debate a necessidade de ter nas redações, um profissional que seja um híbrido de jornalista com hacker. “É importante investir em aprender a lógica computacional para entender todo o processo que envolve os dados no mundo de hoje, e para saber até onde é possível chegar na rede “, finaliza o grupo.

Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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