Com população 80% urbana, Brasil tem que buscar sustentabilidade, adverte médico Gilberto Natalini
17/05/2018 16h30 - última modificação 23/05/2018 12h41
Por ser ampla, a legislação ambiental brasileira acaba se tornando confusa. Uma solução estaria em conceder personalidade jurídica à natureza, reconhecendo-a como titular de direitos intrínsecos e extrínsecos.
“A natureza não pode ser uma propriedade a serviço do homem e seu consumo voraz de recursos sem qualquer planejamento", protestou o médico e vereador Gilberto Natalini (PV), ao falar na noite de 16 de maio no Seminário da Escola de Engenharias e TI da Metodista, antecipando temáticas da 17ª Conferência Produção + Limpa e Mudanças Climáticas da Cidade de São Paulo, programada para 4 de junho próximo.
O político e militante ambiental advertiu que principalmente o Brasil precisa buscar modelo de desenvolvimento sustentável, pois já tem mais de 80% da população concentrada em centros urbanos, contra 60% no mundo. O grave é que as aglomerações urbanas brasileiras se formaram à custa da destruição do meio ambiente.
“E continuamos devastando. Como médico, vejo que a degradação da saúde é consequência direta da degradação ambiental”, falou Natalini, ex-secretário da Saúde em Diadema e idealizador da Conferência Produção + Limpa em 2001. Em 2005 foi agregado ao evento o tema Mudanças Climáticas, tal o crescimento de fenômenos como desertificação, perda de biodiversidades, queimadas e interrupção de ciclos naturais como os rios voadores - cursos de água atmosféricos formados por massas de ar carregadas de vapor de água e nuvens, levando chuvas a outras regiões por meio de ventos.
Suprimentos até setembro
Reforçando que a natureza é finita mas que a população avançou de 100 milhões de pessoas na época de Jesus Cristo para 7 bilhões hoje e previsão de 9 bilhões em 2.030, o vereador foi enfático ao dizer que está se esgotando a capacidade de o planeta suprir a evolução do consumo de bens e dos desperdícios humanos. Mostrou que, numa relação de equilíbrio a cada ano, o suprimento de recursos naturais à humanidade atualmente só daria até setembro.
“A natureza por milênios forneceu água, energia elétrica e matérias-primas. Agora só recebe em troca esgoto, poluição e resíduos. Todos os 500 córregos da cidade de São Paulo são poluídos e Ribeirão Preto está contaminando o respiro do aquífero Guarani”, advertiu ele sobre o maior reservatório subterrâneo de água doce do planeta, que abrange cerca de 1,2 milhão de quilômetros e abastece Uruguai, Argentina, Paraguai e principalmente Brasil.
A Universidade Metodista de São Paulo sediou este ano uma das pré-conferências do evento Produção + Limpa e Mudanças Climáticas. As pré-conferências são realizadas em instituições de ensino, igrejas, associações de classe a sociedades de bairro para aquecer as discussões com públicos diversos em torno do evento, que no dia 4 ocorrerá na Câmara Municipal de São Paulo a partir das 8h30. Na véspera 3 de junho, no Parque Villa Lobos, ocorre o 2º Fórum Internacional pelos Direitos da Mãe Terra, das 9h às 18h. Os dois certames são gratuitos e enfeixam várias iniciativas entre palestras, mesa redonda, fóruns de debates e exposição de casos sobre economia criativa, desastres ecológicos e documentários.
Gilberto Natalini esteve na Metodista a convite do Centro de Sustentabilidade e do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária presencial e EAD. Foi recebido pela coordenadora Márcia Sartori e pelas professoras Tassiane Pinato, Meire Pauleto e Ana Rúbio. Mais informações sobre os eventos estão no www.natalini.com.br
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Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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