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Virtualização ilimitada dos dados embala empresas digitais e ameaça as tradicionais, alerta executivo do Google

Ex-aluno Metodista fala sobre o barateamento da tecnologia e o fácil acesso que possibilitou a inúmeras plataformas

11/05/2017 18h45 - última modificação 15/05/2017 12h53

Quando foi procurado há três anos para colocar a Amazon Web Services, onde trabalhava, nos planos de criação de um novo banco no Brasil, Ricardo Smaniotti encontrou dois garotos vestindo bermudas e papetes, instalados em uma modesta casa térrea. Perguntou a si mesmo se “aqueles moleques” conheciam gigantes como Itaú e Bradesco, mas, jovem como eles, aceitou o desafio. Era o início de nada menos que o Nubank, cartão de crédito sem taxas que inovou ao incorporar um aplicativo para controlar despesas e já copiado por colossos do ramo como Bradesco e Banco do Brasil.

O exemplo é singelo, mas significativo de como não existe mais barreiras tecnológicas para trabalhar com o mundo digital e as oportunidades de novos negócios que oferece. “É a fórmula expressa de startups: formula-se uma ideia, lança no mercado para teste e, se não der certo, retira. Se você não fizer isso, outro faz”, pontuou Ricardo Smaniotti, formado pela Universidade Metodista em Ciências da Computação e hoje atuando na divisão de cloud computing do Google. Ele falou sobre “Democratização da Tecnologia e seu Papel na Transformação Digital” na noite de 10 de maio na Semana 2017 da Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação.

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Ex-aluno Metodista hoje no Google falou na Semana da Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação
A explosão na capacidade de armazenamento e processamento dos computadores está na origem do grande barateamento da tecnologia e, por consequência, do acesso cada vez mais fácil às inúmeras plataformas. Em 1980 um gigabyte custava US$ 1 milhão, exigindo seleção dos arquivos realmente importantes de se guardar. Em 2015, um giga custava inacreditáveis US$ 0,02 por mês, impacto que Ricardo Smaniotti compara à Revolução Industrial do século 18 na Inglaterra, que alterou modelos de produção, consumo e hábitos sociais.

 

Dos datacenteres dos anos 2000 à virtualização proporcionada com a chegada do Iphone em 2008 seguido da leva de aplicativos modernos, o baixo custo da tecnologia deixou o mundo realmente na palma da mão. O surgimento dos grandes provedores de computação em nuvem (cloud computer) encarregou-se de tornar ilimitada a virtualização de dados, voz, texto, imagens e vídeos.

O ex-aluno Metodista citou Uber, Netflix e Airbnb como exemplos bem sucedidos de transformação digital que causaram a chamada disruptura do mercado tradicional, assim como o Whatsapp, “que está desesperando as operadoras telefônicas”. Ricardo acredita, inclusive, que a TV a cabo está com sentença de morte decretada diante do fenômeno de canais digitais de fácil acesso e baixo custo como Netflix.

O grande perigo da disruptura, porém, está na interface com o cliente. “Com o celular na mão, se o usuário não estiver satisfeito com o Uber, muda imediatamente para o 99Taxis”, exemplificou ele sobre os ônus-bônus do mundo virtual.

Nesse cenário, também o ambiente de trabalho sofre mudanças, que são ignoradas por boa parte das empresas. O executivo do Google citou que os DTIs (Departamentos de Tecnologia da Informação) não se atualizam no mesmo ritmo dos avanços tecnológicos, sendo comum funcionários trabalharem com os próprios computadores e celulares – geralmente mais modernos -- e baixarem apps que agilizam suas tarefas. “O problema é que, quando esse funcionário sai, leva embora todos os dados da empresa”, advertiu.

Big Data e machine learning

Outra lacuna nas empresas é a quase ignorância sobre tecnologia Big Data, pela qual é possível processar todos os dados de uma empresa e montar estratégias de negócios com a identificação de insights. “Pelo menos 90% dos dados não são estruturados nas empresas, que não conseguem extrair insights seja porque não sabem, seja porque não têm a estrutura de computação exigida para trabalhar a seu favor essa massa de dados”, lamentou.

O ex-aluno Metodista, que também já passou pela American Online, Cisco Systems e VMware, prevê como próxima revolução da tecnologia a machine learning (aprendizado de máquina, em tradução livre). As próprias máquinas farão automatização de análise de dados. A literatura descreve que, usando algoritmos que aprendem interativamente a partir de dados, os computadores encontram insights ocultos sem serem explicitamente programados para procurar algo específico.

“Quando a apresentadora Ana Maria Braga comentar uma receita com chocolate, por exemplo, os computadores da Nestlé já acionam mensagens para as plataformas digitais com seus produtos”, exemplificou, ao falar de um mundo virtual onde a cada minuto sobem 20 horas de vídeos no Youtube, 2 milhões de posts em blogs e 200 milhões de posts no Facebook. “A empresa que não for flexível, aberta e ativa vai perder mercado”, alertou.

A edição 2017 da Semana da Escola de Engenharias, Tecnologia e Informação promoveu entre dias 9 e 10 de maio dezenas de encontros na forma de palestras e minicursos. Veja como foi a programação.

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