Pré-temporada é importante para planejamento e avaliação de times, debate abertura da I Jornada EDUFIS
02/05/2016 15h10 - última modificação 02/05/2016 15h39
Grande parte das imagens associadas ao esporte é da atuação na quadra ou nos gramados de jogadores e técnico. Mas tão importantes quanto essa cena de frente que vem a público são os bastidores da pré-temporada, período dedicado ao planejamento do calendário de jogos, à reciclagem técnica e física dos atletas, assim como à adaptação de quem está chegando ao grupo.
“Precisamos deixar o atleta pronto como um carro de Fórmula 1. Por isso, na pré-temporada fazemos um histórico de sua performance e avaliações postural e estática, entre outros. É também fundamental para o fisioterapeuta esportivo conhecer a metodologia que será empregada pelo treinador, a fim de entender o tipo e o tratamento de uma futura lesão”, afirma Raphael Planas, ex-aluno da Universidade Metodista de São Paulo e hoje fisioterapeuta do Esporte Clube São Paulo.
Raphael foi um dos membros da mesa-redonda de abertura da I Jornada de Reabilitação e Treinamento Esportivo promovida pela Metodista dias 29 e 30 de abril últimos, em ação conjunta dos cursos de Educação e Fisioterapia. A pauta inaugural debateu “A importância da pré-temporada” que, segundo Raphael Planas, não deve ser ocupada só com estudos sobre como atuar na profilaxia de lesões, mas sobre trabalhos preventivos. “O tempo de afastamento de um atleta lesionado é prejuízo grande, por isso temos que reduzir o tempo de retorno”, reforçou.
Para Douglas Marin, professor da Metodista e ex-preparador do handebol masculino São Bernardo/Metodista, é fundamental saber com antecedência as datas de competição para ter controle das ações técnicas necessárias à melhoria do desempenho dos atletas, e não apenas cuidar da prevenção de contusões. “O papel da pré-temporada depende do trabalho que será aplicado. No handebol, por exemplo, eu treinava com bola desde o primeiro dia e me preocupava com o calendário”, afirmou, chamando a atenção também para a necessária integração da equipe: “Um grande atributo do treinador é ser gestor de pessoas e líder. Do contrário, ele vai deixar cada um restrito ao seu segmento de atuação”.
Avaliação
Já o técnico do basquete masculino São Bernardo/Metodista, Sidney Coppini, admite que jogadores e técnicos não apreciam muito o período de “pouca bola e muitas planilhas” da pré-temporada, que ele avalia, porém, como necessária para avaliação do time. “Usamos esse período para reforçar a parte técnica, passando posicionamentos e regras”, disse. Coppini convidou os alunos a conhecer o trabalho do handebol nas quadras da Metodista, que ele avalia possuir a mesma qualidade técnica dos maiores times do País.
O treinador do vôlei feminino Nestlé/Osasco, Luizomar de Moura, destacou a integração como um mandamento não apenas entre jogadores de um time. Compor forças é também palavra de ordem para a equipe técnica e gestores de um clube.
“Todos têm que atuar em conjunto: o preparador físico trazendo o que há de mais moderno para extrair a melhor performance dos atletas, a parte médica e de fisioterapia preparando avaliações físicas para todos estarem aptos e a comissão como um todo, inclusive psicólogos, trabalhando cada grupo que chega. Num time de alta performance, temos gente vindo de Olimpíadas, de Seleção Brasileira, do exterior e também de equipes derrotadas. É preciso saber lidar com esses vários ciclos para promover a integração”, descreveu.
Compartilhamento
Antes da mesa-redonda mediada pelo coordenador do curso de Educação Física, Rogério Toto, o treinador do Nestlé/Osasco abriu a I Jornada de Reabilitação e Treinamento Esportivo da Metodista com palestra sobre “Vôlei: o esporte olímpico brasileiro mais vencedor”. Ele enumerou cinco pré-requisitos que conduziram sua carreira e que ele considera o “caminho das pedras” para todos os atletas: força de vontade, entusiasmo, superação de desafios e dificuldades, trabalho em equipe: “Está faltando compartilhamento entre os profissionais e vocês terão que conquistar esse espaço, sempre respeitando a ética”, aconselhou Luizomar de Moura à plateia de alunos de Educação Física e Fisioterapia.
O treinador entende que o sucesso do Nestlé/Osasco está na soma do trabalho de todos os profissionais do clube e citou como exemplo a virada de um placar desfavorável ao time (que perdia de 2 a 0 e ganhou o jogo) após atender, no terceiro set, à recomendação do assistente técnico para que mudasse a posição das jogadoras.
Sobre desafios e força de vontade, provocou que contratempos e aborrecimentos existem para todos, mas só vencem os que enfrentam. “Lembre que ao seu lado há alguém com as mesmas dificuldades e, se você desistir, ele vence”.
O simpósio também foi aberto pela coordenadora do curso de Fisioterapia, Carla Mazzitelli, e prosseguiu durante todo o sábado com temas variados em debate, do esporte olímpico ao treinamento e reabilitação. A programação envolveu palestras e mesas redondas sobre Uso de Palmilhas Proprioceptivas no Rendimento Esportivo, As Barreiras Sociais para Uma Campeã (Experiências Paralímpicas), Desafios do Esporte Paraolímpico, Prevenção de Lesões do Esporte: Fisioterapeuta ou Preparador Físico?, encerrando com o tema Fisioterapia Brasileira nos Esportes Olímpicos.
Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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