Lean e 5 Porquês são fundamentais na manufatura moderna
12/04/2013 11h40 - última modificação 16/03/2016 16h39
Ferramentas como 5 Porquês e Lean Manufacturing (manufatura enxuta) representam cada vez mais a ponte para uma travessia segura na linha de produção, que se tornou um telhado de vidro nestes tempos altamente competitivos. “Não adianta conceber um produto sem ter a visão de como será produzido”, afirma Rogério Evaristo, engenheiro de produção da Mercedes Benz do Brasil, cuja afirmação aparentemente simplista esconde, na verdade, a diferença entre fazer o certo e o errado numa manufatura.
É como uma bola de neve. Se não consigo identificar um problema na linha de produção, não saberei a causa. Se não sei a causa, o problema se repetirá. Se houver repetição, não conseguirei cumprir o prazo de produção. Sem cumprimento de prazo, não há entrega... Este é o princípio óbvio que sustenta a escrita dos 5 Porquês: perguntar insistentemente “por quê” (o número 5 é apenas simbólico) para buscar a origem de algo inconsistente ou causador de danos num processo produtivo.
“Por que tenho o problema, por que não consigo concluir no prazo, por que está acontecendo essa falha? Precisamos ser curiosos. Estamos acostumados a só ver o problema, mas não sua causa. Temos que mergulhar e aprofundar a investigação”, provocou Rogério Evaristo, que falou dia 14 de maio na Semana Facet 2015 da Universidade Metodista de São Paulo sobre “Engenheiro de Produção no Mercado Atual e a Aplicação do Conceito Lean no Dia a Dia”.
Customizar é a saída
Rogério Evaristo usou o próprio currículo para falar das multitarefas de um engenheiro de produção, como é demandado e importante na manufatura: criação de protótipos, gerenciamento de industrialização, preparação da produção, novos produtos, projetos globais, gerenciamento de falhas, consultoria em industrialização, planejamento e implementação de infraestrutura e customização de artigos, entre outros. Sobre customizar (personalizar o produto para o cliente), ele avalia como a grande saída para a diferenciação de um fabricante diante da concorrência.
O Lean (manufatura enxuta) representa outra ferramenta crucial para fortalecer o corpo de uma fábrica contra doenças oportunistas como desperdício, baixa eficiência, interrupções frequentes, pouca qualidade. Trata-se de filosofia que enumera cinco princípios básicos de uma manufatura enxuta, criada por Taiichi Ohno: valor, fluxo de valor, fluxo contínuo, produção puxada e perfeição.
Visto assim, parece fácil. Mas o caminho é duro e não permite indecisão. Segundo a teoria, manufatura enxuta é enxuta porque o objetivo é produzir cada vez mais com cada vez menos.
O ponto inicial é definir o que é Valor e é o cliente quem faz isso, quem identifica qual é o valor que determinado produto agrega. Caberia à empresa determinar qual a necessidade que o cliente tem do bem, procurar satisfazê-lo e cobrar por isso um preço específico. O próximo princípio é Fluxo de Valor. Pela teoria, consiste em separar os processos da cadeia produtiva em três tipos: os que efetivamente geram valor, os que não geram valor mas são importantes à manutenção dos processos e da qualidade, e, por fim, aqueles que não agregam valor, devendo ser eliminados imediatamente.
Em busca da perfeição
Fluxo Contínuo, como o nome prenuncia, significa dar fluidez aos processos e atividades que restaram. “Significa eliminar todas as partes intermediárias da linha de produção”, sintetiza o engenheiro da Mercedes Benz. O resultado imediato da criação de fluxos contínuos é a redução do tempo de concepção de produtos, de processamento de pedidos e em estoques.
Produção Puxada é simplesmente inverter o fluxo produtivo: as empresas não mais empurram os produtos para o consumidor (desovando estoques) por meio de descontos e promoções. “É o mercado indicando o que precisa (puxando a produção) e não a empresa produzindo em massa e empurrando para o mercado”, cita Rogério Evaristo.
Perfeição, último passo da manufatura enxuta, significa melhoria contínua. É o próprio estado da arte. Deve ser o objetivo de todos os envolvidos em direção a um processo ideal. Na cadeia automotiva, por exemplo, não só a montadora deve ter conhecimento profundo de todo o processo, mas também os fabricantes de autopeças, os distribuidores e revendedores de veículos, por exemplo.
Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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