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Norte global impede outras maneiras de enxergar o mundo, entendem defensores da contra-hegemonia

Aula magna das Licenciaturas Metodista debate a imposição de apenas um lado da história da humanidade

12/08/2016 16h25

Professores Oswaldo e Maria Inês alertaram que outras histórias são possíveis

Apesar da fama de paladinos da democracia, do livre comércio e do respeito aos direitos humanos, países do Norte são mestres em fechar seus mercados, violentar culturas, memórias e a dignidade humana em nome de impor a ideologia do “homem branco”. Isso explicaria a necessidade de o Sul hemisférico reagir para não aderir de forma integral e cega ao modo de pensar de grupos que historicamente detêm o poder.

“As nações colonizadoras que dominaram outras impuseram sua versão da história. É preciso exorcizar o Norte que impõe nossas escolhas, determina nossos gostos e modos de pensar”, defende professor Oswaldo de Oliveira Santos Junior, coordenador do Núcleo de Formação Cidadã da Universidade Metodista de São Paulo, que conduziu na noite de 11 de agosto a aula magna das Licenciaturas de Ciências Biológicas, Filosofia, Matemática e Pedagogia.

Segundo o pensamento da Contra-hegemonia e Pedagogias do Sul, que deu nome ao tema da aula inaugural do 2º semestre, o Norte errou a dose ao colocar suas ideologias, culturas e padrões econômicos como vigas-mestras do mundo, impedindo a pluralidade. “Precisamos de outras perspectivas que valorizem a humanidade acima de tudo, sobretudo acima do mercado”, citou professor Oswaldo, explicando que Sul não é necessariamente o espaço geográfico no mapa mundi, mas uma manifestação política contra a dominação de nações consideradas mais poderosas e que não reconheceriam as diferenças e autonomia das demais.

Pensar diferente

O coordenador do NFC apontou exemplos de ofensivas do Norte para se colocar em patamar superlativo, como é o caso da literatura. Citou que autores indianos, brasileiros, palestinos ou latinos em geral são silenciados nas próprias escolas, que priorizam escritores e historiadores americanos e europeus em salas de aula. Outro símbolo do domínio “branco” seria o mapa cartográfico da Terra, que coloca o Norte em cima e a Europa centralizada. Seriam formas de “colonialistas brancos” manterem as “raças inferiores” para expandir suas conquistas e poder, segundo professor Oswaldo.

Ele conclamou futuros e atuais professores a pensar diferente e a abrir o cenário de ensino a outras perspectivas e manifestações, sobretudo às de contestação. Entre outros, citou o filósofo e sociólogo judeu alemão Walter Benjamin sobre como combater a hegemonia colonizadora: “Temos a tarefa de escovar a história a contrapelo (no sentido contrário ao do pelo)... é resolver o que está escondido por séculos de intolerância, preconceito e racismo, é uma prática que favorece o empoderamento dos grupos subalternizados”. Também citou o historiador e escritor brasileiro Varneci Santos do Nascimento, que narra em cordel a luta dos escravos trazidos à força da África, uma resistência que a história não teria contado na integridade, como o fato de os negros serem alfabetizados e terem vindo sequestrados.

A inclusão de outros sujeitos e pensamentos não significa excluir o que já existe. O pensamento contra-hegemônico pretende mostrar que outras histórias são possíveis. Especializada em artes com ênfase em teatro, a professora da Universidade e do Colégio Metodista Maria Inês Breccio também participou da aula magna das Licenciaturas entremeando a exposição com contação de estórias. Falou sobre cuidar de pessoas, ouvir versões diferentes de um mesmo tema e sobre a força da palavra. “Estamos ficando pobres em conhecimento porque não escutamos quem não está dentro do nosso espectro de pensamento. Não haverá mais contadores de estórias e histórias porque não haverá mais gente para ouvir”, advertiu.

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Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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