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Escola confessional deve enfatizar qualidade, defende presidente do Conselho Nacional de Educação

26/01/2015 15h10 - última modificação 27/01/2015 09h53

Fotos Eduardo Damini

A qualidade da educação deve servir de combustível para a diferenciação das escolas confessionais diante da competição acirrada não apenas com instituições particulares, mas com o próprio governo. O ensino público superior cresceu em quantidade de campi e em oferta de vagas, além do estímulo de acesso na rede privada com políticas oficiais como FIES, Pronatec, ProUni e Enem, fechando o cerco das escolas superiores comunitárias, como são hoje chamadas.

“O grande desafio é fazer a sociedade atual identificar o valor agregado da qualidade ao caráter confessional, como existia antigamente”, advertiu o presidente do Conselho Nacional de Educação, professor Gilberto Gonçalves Garcia, em palestra na Assembleia Docente da Universidade Metodista de São Paulo na noite de 22 de janeiro.

“Não basta mais o emblema antes valorizado nas instituições históricas e mais tradicionais, como as católicas, presbiterianas, metodistas e adventistas. Os jovens não carregam essa herança cultural de família e descobrem novos valores e interesses por meio dos meios de comunicação”, falou o presidente do CNE, exortando as escolas confessionais a fazer uma reflexão realista da atualidade. Sua palestra versou sobre “Aspectos Relevantes do Cenário da Educação Brasileira e o Papel das Instituições Confessionais”.

Regulação perversa          

Reitor da Universidade Católica de Brasília e membro do CRUB (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras), além de ter comandado a ABRUC (Associação Brasileira de Universidades Comunitárias), professor Gilberto Garcia admitiu que os percalços são grandes. Citou o que chamou de uma política regulatória perversa e rigorosa sobre a educação superior: “A regulação pauta o projeto pedagógico das escolas, e não mais o projeto pedagógico pauta o ensino”, referiu-se sobre a inversão de valores para se cumprir as metas de avaliação do MEC (Ministério da Educação).

Embora elogie a política de cotas e de massificação do ensino superior pretendida pelo governo, o presidente do CNE entende que isso comprometeu o cenário da educação. As cotas acabam inserindo minorias e alunos da rede pública com deficiências de conhecimento e que vão derrubar, mais adiante, os indicadores de qualidade das Instituições de Ensino Superior em avaliações como do ENADE e do Sinaes, citou Gilberto Garcia. O professor faz, inclusive, restrições aos indicadores de aferição do Sinaes, que a seu ver conflitam com a própria lei, como ocorre entre o Conceito Institucional e o IGC (Índice Geral de Curso) que compõem o ranking.

Outro contratempo no caminho das IES comunitárias é que a forte expansão da rede pública rouba mestres e doutores das escolas não-públicas, numa fuga de cérebros que também compromete a qualidade. Gilberto Garcia citou ainda que as facilidades de financiamento oficial e as bolsas ProUNI retiram muito do caráter filantrópico que antes identificava as virtudes das escolas comunitárias.  

Segundo dados do Censo da Educação de 2012, o Brasil tem 2.416 instituições de ensino superior, 304 das quais públicas, sendo 103 federais (63 das quais universidades). Até 2002, o Brasil tinha 43 universidades federais. No total, o número de matrículas no ensino superior dobrou no Brasil, passando de 3,5 milhões em 2002 para 7,04 milhões em 2012.

O presidente do Conselho Nacional de Educação fez uma retrospectiva no Brasil, passando pelos três séculos de Brasil-colônia, 67 anos de Império, pelas ditaduras Vargas e militar, até os últimos 30 anos de redemocratização. “Ainda não tivemos fôlego e história para praticar a universidade ideal no Brasil”, entende, citando que somente a partir da Constituição de 1988 foram definidas claramente as fronteiras entre o que antes era público (laico) e privado (religioso-confessional). Por conta da colonização portuguesa, o binômio Estado-religião foi predominante em todas as estruturas brasileiras, sobretudo na educação, disse.

Sobre as baixas notas do último ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que acaba sendo passaporte dos concluintes do ensino médio para as universidades, Gilberto Garcia lamentou, mas vê como positivo o fato de essa realidade ser agora explícita. “Antes não havia indicadores. Agora sabemos. Vamos esperar uma série histórica para avaliar melhor”, disse. O ENEM teve início em 2008. Dos 6,1 milhões de candidatos em 2014, 529 mil tiveram nota zero em redação e o desempenho médio em matemática caiu 7,3%.

Veja abaixo entrevista com o presidente do CNE sobre o ensino nacional e sobre a missão das escolas confessionais de manter o nível elevado da formação profissional.

Rumo aos 100 mil alunos       

Saudando a presença do presidente do CNE na abertura do ano letivo de 2015, o reitor Marcio de Moraes anunciou que o evento deu início aos preparativos dos 50 anos de fundação da Metodista, a serem festejados em 2.020. A meta é chegar ao meio século de atividades com a marca de 100 mil alunos formados. Até 2014, segundo o reitor, a universidade graduou 80 mil estudantes.

Também compuseram a mesa da assembleia o pró-reitor de Pós-Graduação, professor Fábio Botelho Josgrilberg, a pró-reitora de Graduação, professora Vera Lúcia Gouvêa Stivaletti, e o professor Luiz Roberto Alves, que também integra o Conselho Nacional de Educação, no comando da Câmara de Educação Básica.

Esta matéria foi publicada no Jornal da Metodista.
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