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Tecnologia social é base de projeto de pesquisa

08/05/2013

08/05/2013 10h58

Iniciativa busca desenvolver sistema que envolva comunidade na discussão de problemas para propor soluções que possam ser levadas aos governantes

Soro caseiro, filtro de água feito com garrafas plásticas, aquecedor solar de baixo custo e uma forma de captação de água de chuva para a produção de alimentos são alguns exemplos de tecnologia social apresentados como resposta para uma determinada situação. Com a multiplicação de iniciativas que seguem neste sentido, o uso da expressão tem se tornado cada vez mais comum.

Em seu site, o Instituto de Tecnologia Social (ITS) afirma que este tipo de
tecnologia “tem a ver com as soluções criadas na interação com a população como resposta aos problemas que ela enfrenta, levando em conta suas tradições, seus arranjos organizacionais, os saberes locais, o potencial natural
da região, enfim, sua realidade histórica, econômica, social e cultural”.

Para o ITS, a tecnologia social é um modo de fazer, de produzir conhecimento, “que presta atenção em valores como a participação e o aprendizado, a disseminação de informações e do conhecimento entre todas as partes envolvidas, a transformação das pessoas e da realidade social, entre outros aspectos”. De acordo com o Instituto, ela está relacionada “à amplia ção da cidadania e à inclusão social, porque possibilita a aprendizagem, a transformação da sociedade”, além da apropriação do conhecimento gerado.

É dentro deste contexto que se insere um projeto realizado pelo professor Walter Teixeira, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, inserido na linha de pesquisa “Inovações tecnológicas na comunicação contemporânea”. Com o título de “Inteligência Social Hiperlocal: emergência da informação relevante através da multidão”, o objetivo é aplicar a tecnologia para desenvolver sistemas computacionais para um tipo de jornalismo, que é
aquele li gado à comunidade. “Como a internet é um sistema de baixa hierarquia e descentralizado, é muito difícil você concentrar um foco de atenção em um determinado lugar para falar da sua localidade. O usuário está ali e daqui a pouco ele clica na notícia da rainha, do papa, do futebol inglês. É diferente de um jornal de bairro. Quando você entra no site de um jornal de bairro, você é obrigado a ler aquilo porque não tem nenhuma outra notícia que não seja aquela ali”.

Para Walter Teixeira, a internet serve como polo de atração e de discussão de assuntos importantes. “Se eu estou usando a internet para discutir as coisas do meu raio de ação social mais próximo, estou ajudando a minha comunidade a melhorar. E eu posso usar o jornalismo dessa forma, tanto com profissionais trabalhando em conjunto com o que a gente chama de crowdsourcing [trabalho coletivo remoto, produção comunitária], como com as pessoas que estão no entorno.” Assim, segundo ele, “o sistema será aberto e todos os que desejarem poderão contribuir”.

O foco do projeto é o centro de São Paulo, um lugar que o professor considera sob pressão econômica e que vive uma tentativa de “limpeza social”
por causa do poder econômico. A ideia é “criar um sistema que possa engajar essas pessoas para que elas tragam soluções que sejam levadas para os governantes e pressioná-los para que aquela solução aconteça.

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