Evento debate a democratização dos meios de comunicação
14/06/2013 14h39
O evento reuniu profissionais de diferentes setores para discutir a democratização da comunicação. Foto: Mônica Rodrigues
"Quero falar também" abordou questões como a influência da mídia na sociedade e a regulamentação de artigos da constituição ligados à comunicação
Quatro debatedores, uma plateia formada em sua maioria por estudantes de Jornalismo e uma questão “que dá muito pano pra manga”: a democratização dos meios de comunicação no Brasil. Com pouco mais de duas horas de duração, o tempo dedicado ao I Seminário Direito à Comunicação, que teve como tema “Quero falar também”, não foi suficiente para esgotar o assunto em questão.
Editor da TV Record e escritor do blog “Doladodelá, o jornalista Marco
Aurélio Mello contou sobre a sua saída da TV Globo por não concordar com
o modo como estava sendo feita a cobertura das eleições de 2006. Assim
como outros colegas, foi demitido no ano seguinte. “Nós trabalhávamos
achando que podíamos fazer o jornalismo como ele deveria ser. Não se
pode permitir que um veículo de comunicação forme a opinião das pessoas
e por isso manipule a informação.”
Para quem quer ser independente, Marco Aurélio comentou que os blogs apresentam-se como alternativa. “A internet nos deu uma mídia. Criamos
um veículo de comunicação que pode crescer.”
Para o radialista João Brant, membro da coordenação do Conselho do
Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação e da executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), “a comunicação
é um bem precioso para a democracia. É um espaço central para a circulação de ideias e os meios de comunicação devem centralizar o debate, devem refletir a pluralidade”.
João Brant defende também o Projeto de Lei de Iniciativa Popular para as Comunicações, documento que trata das regulamentações das Comunicações Eletrônicas no País – rádio e televisão –, setor atualmente regido pelo Código Brasileiro das Telecomunicações; e dos artigos da Constituição Federal referentes à comunicação, como os que tratam da defesa de conteúdo nacional, diversidade regional e a produção independente.
Já o professor Júlio Veríssimo enfatizou que durante o curso de Jornalismo,
participar de três horas de aula por dia não é suficiente. “É um exercício
constante do aprendizado. A comunicação se faz 24 horas por dia.”
De acordo com o docente, “hoje há um enxugamento das redações das
mídias tradicionais”. Por este motivo, Júlio afirmou que há diversas possibilidades de atuação relacionadas à comunidade. “Sindicatos, organizações de classe, associações de bairro, por exemplo, não podem ter só um jornalzinho. É preciso criar uma política de comunicação também com a comunidade do entorno. O mais importante: é necessário ter gente boa e, sobretudo, com senso crítico”.
Rafael Marques, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, falou
sobre a importância da mídia e compartilhou experiências pelas quais os
trabalhadores passaram durante paralisações. “Foram duas formas de abordagem em duas greves na Ford. Na segunda, diante do desgaste da imagem, a empresa fez um acordo e reviu a decisão da demissão.” Ele ainda falou sobre as concessões de rádio e de TV, conquistas históricas dos trabalhadores.
O evento foi promovido pela Faculdade de Comunicação e Cátedra Gestão
de Cidades e teve o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT),
jornal ABCD Maior e TV dos Trabalhadores.