Compromisso com a realidade
13/06/2013 15h15 - última modificação 17/06/2013 15h42
VIII Encontro de Movimentos Populares e Cidadania trouxe representantes de importantes movimentos sociais para compartilhar histórias e ideias com o público
“Você tem sede de que? Você tem fome de que? A gente não quer só comida. A gente quer comida, diversão e arte”. Com os versos da música “Comida”, dos Titãs, foi aberto o VIII Encontro de Movimentos Populares e Cidadania evento promovido pelo Núcleo de Formação Cidadã e pela Faculdade de Humanidades e Direito, que aconteceu entre os dias 13 e 17 de maio.
Inclusão, hip hop e rap nacional, grafite, direitos humanos, trabalho e cidadania estiveram entre os temas abordados por importantes representantes destes cenários. O intuito do evento foi abrir um espaço para o testemunho dos movimentos sociais e também trazer a possibilidade para que a comunidade acadêmica e a sociedade tomem contato com temas que fazem parte da realidade de todos.
“Essa semana nos possibilita uma conexão com a realidade. Muitas vezes estamos com o celular no bolso, o tablet na mão e achamos que estamos extremamente conectados com o mundo real, mas a realidade mesmo está nas ruas, está lá fora, está no encontro com as pessoas”, revelou o coordenador do Núcleo de Formação Cidadã, professor Oswaldo de Oliveira San tos Jr.
O professor também contou como surgiu o evento. “Há oito anos, quando a gente pensou pela primei ra vez neste evento incluímos no nome a palavra ‘encontro’, para proporcionar essa troca de experiências com aquilo que acontece nas ruas, aquilo que está sendo produzido na sociedade, com o que as pessoas estão pensando.”
Grafite, arte e trabalho
“Se a realidade não é bonita, que a arte seja.” A constatação é de Michel Ra malho de Toledo, mais conhecido como Cena 7, artista plástico, poeta e produtor cultural no coletivo Sarau do Fórum. Em sua palestra, ele contou sobre a história do grafite com fatos marcantes deste movimento, fazendo analogias com a realidade atual.
O artista revela que “o grafite veio para contestar, o grafiteiro reinvidica uma questão social que envolve uma luta de classes. Não é simplesmente o fato de escrever o nome na rua”.
“Essa junção da arte com o trabalho, a sociedade e a revolta é que possibilita a mudança”, acredita.
A literatura tem compromisso?
Com a presença do escritor e cronista Ferréz foi possível debater o tema e perceber que a literatura tem não apenas um, mas vários compromissos, e um deles é com a realidade.
“O que eu escrevo alguns concordam, outros não, que é literatura, mas o que eu vivo é um compromisso”, relatou Ferréz.
O escritor, que começou lendo histórias em quadrinhos e livros de R$ 1 no sebo, pois era o que sua condição financeira permitia, trouxe sua experiência literária e sua vivência com o movimento hip-hop para o evento.
“Nunca vou deixar de me indignar, nunca vou deixar de falar o que eu penso. Palavrão pra mim é fome, miséria, egoísmo.”
Ferréz também mencionou a alta taxa de analfabetos funcionais e disse que é possível ensinar literatura para quem não sabe ler. “A oralidade, saber contar e interpretar a história é o que faz a diferença.”
O papel do estudante enquanto protagonista nas mudanças sociais
Os militantes do Conselho Regional de Estudantes de Psicologia do Estado de São Paulo, Stephanie Mota e Thiago Lira, abordaram no evento o histórico da luta dos estudantes para conquistar seus direitos. Traçando um pano rama desde a ditadura, os estudantes discutiram quais os problemas atuais, o que está sendo feito em relação a eles e o que os estudantes têm feito e podem fazer para gerar mudanças.
“Essa luta é algo difícil de fazer, ninguém nos ensina. No início são pequenas conquistas, mas que mostram que é possível mudar”, conta Thiago. Stephanie, que também é representante do Centro Acadêmico de Psicologia da Metodista, completa dizendo que “o importante é não abrir mão para garantir os direitos não só dos estudantes, mas da sociedade co mo um todo”.
“A universidade forma pessoas que estão formando o País. Aí está a importância de a universidade ser democrática”, conclui Thiago.
Confira o vídeo com a íntegra da palestra.