Entrevista: Ser gentil é ser inteligente
01/10/2012 11h45 - última modificação 01/10/2012 12h28
No mercado de trabalho quem é amável comas pessoas ganha a confiança dos colegas
A professora Ana Maria Santana Martins é responsável pelo curso de Etiqueta Empresarial e Social da Universidade Metodista de São Paulo, e coordenadora do Secretariado Executivo Bilíngue e da pós-graduação em Assessoria Gerencial na mesma instituição.
Com experiência na área de Etiqueta Empresarial, Ana Maria acredita que a gentileza é um estágio que as pessoas bem formadas conseguem alcançar por meio do seu esforço de aprimoramento nas suas práticas cotidianas – tanto na convivência corporativa, quanto na sociedade.
Espaço Cidadania: O que é gentileza para você?
Ana Maria Martins: É uma maneira particular de o indivíduo ser, de se compor, de agir, de se relacionar, de se envolver com os demais seres vivos. Pode se dizer que gentileza é aquela parte da educação mais refinada e mais relacionada com o caráter de cada um: são os valores pessoais, comportamentais e as questões propostas pela ética.
Espaço Cidadania: Qual é a essência da gentileza?
Ana Maria Martins: Na sua essência, a gentileza acena e busca um mundo mais humano e igualitário. Para tanto, faz parte o constante questionamento para aprimoramentos sobre a maneira com a qual o seu praticante está se relacionando com ele mesmo, com as pessoas do seu entorno e, sobretudo, com aquelas pessoas que não compõem seu relacionamento constante do dia a dia.
Espaço Cidadania: Como a gentileza é importante no ambiente de trabalho?
Ana Maria Martins: Pessoas gentis atraem fidelidade facilitando o relacionamento com o mundo que as cerca. As pessoas gentis são mais respeitadas e obtêm mais sucesso nas táticas de negociações. Portanto, ser gentil no ambiente de trabalho é uma questão de bom senso e inteligência. E como passamos a maior parte do nosso tempo no trabalho, é recomendável investir positivamente nos relacionamentos profissionais, sociais e de amizades, interagindo corretamente com todos, tratando-os com consideração e respeito, valorizando as pessoas e suas posturas sem, contudo, sermos subservientes.
Espaço Cidadania: Como você vê a gentileza no mundo hoje?
Ana Maria Martins: Nos dias atuais, com tanta correria, notam-se as mais variadas inobservâncias às “boas maneiras”. Observo gente que considera a gentileza como algo fora de moda, superado e sem lugar para os dias atuais. Infelizmente, muitas pessoas não percebem que suas atitudes têm a capacidade de produzir efeitos a seu favor ou contra elas. Palavras bem colocadas, como “por favor”, “obrigada” e “você poderia...”, podem abrir muitas portas. Para isso, é indispensável prestar atenção nas atitudes e frases dos indivíduos de nosso convívio.
Espaço Cidadania: Qual é a relação entre gentileza e cidadania?
Ana Maria Martins: Ninguém nasce gentil e nem todos conseguem ser gentis. Somente as pessoas observadoras e dedicadas conseguem atingir esse “refinamento” e isso será sempre uma propriedade sua, sua marca indelével. Por sua vez, cidadania está ligada à noção de direitos. Cidadania pressupõe contrapartida de deveres, onde o indivíduo exerce papéis distintos, em enlaces de seriedade, honestidade e desprendimentos. A relação entre ambas encontra-se nas suas próprias essências. Enquanto a gentileza é um refinamento que parte de dentro do indivíduo, a cidadania forma um conjunto de “direitos” que vêm de fora para usufruto do indivíduo a se destacar o fato de a ação da gentileza facilitar e favorecer sempre o seu praticante.
Gustavo Carneiro