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Calouros de Jornalismo têm Aula Magna com Heródoto Barbeiro

10/03/2011

11/03/2011 09h50 - última modificação 11/03/2011 10h27

O jornalista Heródoto Barbeiro em palestra aos alunos do primeiro semestre de Jornalismo. Crédito: Lara Molinari.

A Universidade Metodista de São Paulo recebeu no dia 4 de março, no Campus Rudge Ramos, o jornalista Heródoto Barbeiro para ministrar uma palestra na Aula Magna aos calouros do curso de Jornalismo.
Heródoto abordou “Os desafios do Jornalismo hoje: a informação em tempo real” e enfatizou que aquele grupo de alunos está vivendo “um período excepcional para trabalhar com comunicação porque é uma época de mudanças rápidas no mundo tecnológico”.
Ao falar sobre a necessidade ou não do diploma do curso de jornalismo, ele afirmou que “cada vez valemos menos pelo papel e mais pela competência e pelo constante aprimoramento ao longo da vida. Isso é o que abre e o que fecha portas”.
Ele ainda comentou sobre a questão do fim do jornalismo impresso, a confluência de mídias, a quebra de paradigmas que a tecnologias e as novas mídias causaram, a participação cada vez maior do público, além de contar algumas situações pelas quais passou ao longo de sua carreira.
O jornalista não deixou de mencionar a sua saída da rádio CBN, após 28 anos trabalhando no mesmo prédio. “Era confortável continuar na CBN. Mas virei uma página e decidi assumir um novo desafio, o de relançar o canal Record News e ajudar na construção da marca do jornal, fazendo um telejornal das nove às dez da noite”.
 Confira abaixo os principais trechos da palestra.

Mudanças tecnológicas
“Tecnologicamente tudo está mudando muito rápido, economicamente também. É uma nova etapa do capitalismo e essas mudanças são adequadas a essa nova etapa que o capitalismo está estruturando. Como isso me afeta, em relação à comunicação? Toda essa tecnologia está à minha disposição”.

“A tecnologia está acelerando as mudanças e a comunicação é uma delas. A comunicação não é um fim em si mesmo, é um meio. A finalidade última é a informação”.

Fim do jornalismo impresso?
“Não, mas o jornal de papel e tinta sim. O impresso continuará existindo, mas ele será impresso na tela do computador em bits e bytes. Isso não muda absolutamente nada. Tem textos e fotos. Eu, por exemplo, deixei de assinar a Folha e passei a assinar o UOL, que tem o mesmo conteúdo. Com isso, vemos uma quebra de paradigma: o conteúdo continua, mas a plataforma muda”.

As novas mídias e a participação do público
“Hoje não tem mais especialização. Ninguém mais consegue trabalhar com uma plataforma que seja sem outras telas abertas. Eu trabalhava com duas na CBN”.

“Eu costumava dizer todos os dias de manhã: ‘você que está saindo agora de casa e que está com seu smartphone e vê alguma coisa importante, mande um e-mail para nós que vamos apurar’ e recebíamos, por exemplo, que tinha atraso em uma linha da CPTM. Então eu pedia para alguém da produção checar o que estava acontecendo”.

“Qualquer pessoa pode participar da construção do jornal simultaneamente. Além disso, os veículos estão à mercê do cidadão, da crítica, da resposta imediata”.

“Outro exemplo é o do Programa Roda Viva, que é transmitido pela TV e pela internet. Interatividade total. Tínhamos três ‘twiteiros’ convidados que acompanhavam e faziam comentários do que estava acontecendo. Entrava o intervalo na TV, mas continuava na internet”.

Mudanças no papel de emissor e receptor de informação
“Há alguns anos, quatro ou cinco grandes emissoras emitiam e o restante recebia. A tecnologia mudou esse paradigma porque cada um de nós passou a ser um emissor e não só receptor. São milhões de emissores de um lado e milhões de receptores de outro e que se falam”.

“Não é mais você quem decide o que eu quero ver ou ouvir. A rédea está na minha mão agora. Na internet, escolho o que quero”.

Divulgação da informação
“Com as novas mídias, vejo a figura de um árabe com um punhado de areia na mão. Quanto mais ele aperta, mais a areia cai. Não tem como impedir a divulgação da informação. As ditaduras existem no mundo e acham que conseguem controlar [as informações]. Uma mulher morreu em uma manifestação no Irã. À noite tinha cenas da mulher morta em todos os telejornais do mundo. Cada cidadão tem uma arma terrível na mão, que é o celular. O cara filma e manda por e-mail para o mundo inteiro. Estamos vendo grandes transformações políticas e sociais no mundo árabe. Como as pessoas estão de organizando? Pelo Twitter,  Facebook, Orkut, Myspace...”.

O jornalismo e o diploma
“Jornalismo é jornalismo não importa em que plataforma se propague. Valem os mesmos princípios – busca pela isenção, ética, apuração, interesse público. Afinal, o que é mais importante para a sociedade? A plataforma ou o conteúdo, o debate, a formação do espírito crítico?”.

“Fazer jornalismo é um processo de construção mental, intelectual. Você precisa estar constantemente lendo, se atualizando. Não é suficiente saber o manual de redação. Se você é um editor, por exemplo, dentre dez sonoras, você não tem que colocar aquela que dá o tempo para a reportagem, mas com o conhecimento do assunto, qual é a melhor. É um trabalho intelectual. A tecnologia é um meio, que se aprende”.

“Sou contrário à exigência de diplomas para todos os cursos, exceto um ou outro, como para medicina. Mas é importante fazer uma faculdade porque precisamos aprender a fazer comunicação, adquirir conhecimento e desenvolver o espírito crítico. Se uma pessoa estudada tem competência, por que ficamos em cima de um papel? Ou me preparo para atuar nessa sociedade ou vou ter dificuldade”.

“Na época em que cursava História, eu trabalhava na biblioteca. Um dia chegaram para mim e perguntaram se eu tinha diploma de biblioteconomia. Eu disse que sabia organizar, catalogar. Mas falaram que se eu não tinha diploma, então não podia trabalhar lá. O mesmo aconteceu com o jornalismo. Fui fazer a faculdade e foi importante fazer o curso porque aprendi a fazer jornalismo e adquiri conhecimento”.

Adaptação das empresas aos novos tempos
“As empresas passaram a ter um olhar estratégico para a comunicação. Precisaram criar meios de comunicação para se relacionar com seus stakeholders. Tem que ser estratégico porque faz parte da credibilidade. A decisão em relação à marca quem constrói são as pessoas que trabalham com comunicação, porque trabalham com a percepção”.

Importância da apuração da informação
“Não adianta ser velho na profissão. Você comete os mesmos erros de alguém que está começando. No primeiro cochilo que a gente dá, a gente erra! Se eu não tomar cuidado, eu também comento erros”.

Jornalismo opinativo
“Sem as novas mídias, éramos mais impactados pelos comentaristas. A função do jornalista é apresentar os diversos aspectos da notícia, apurar e divulgar corretamente para que as pessoas formem sua própria opinião. Nada contra o jornalismo opinativo. Mas eu quero formar a minha própria opinião. A nossa sociedade é paternalista e a mídia achava que tinha que ser assim também. Precisamos criar massa de debate e o jornalismo é melhor ou pior dependendo do nível de desenvolvimento da democracia. Hoje se desenvolveu a consciência cidadã e as pessoas querem opinar”.

Liberdade de expressão e liberdade imprensa
“A liberdade de expressão está além da liberdade de imprensa. É um advento das novas mídias. Se não me deixam falar no seu veículo de comunicação, abro o meu e faço isso”.

“A liberdade de imprensa é garantida pela Constituição. A questão é que existem diversas instâncias no Judiciário. Um juiz de uma cidade, por exemplo, pode impedir que um jornal publique uma matéria por entender que pode prejudicar determinada pessoa. O problema é que são tantas instâncias e tantos outros assuntos a serem julgados, que estes acabam não chegando às instâncias superiores”.

Comunicar erros


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