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Apesar da alta do dólar, brasileiros não desistem das rotas internacionais

Metodista na Mídia - 23/09/2008

23/09/2008 11h02 - última modificação 23/09/2008 11h57

A recente valorização do dólar assustou muitas pessoas que já estavam com as malas prontas rumo a destinos internacionais. Apenas no mês de setembro, a moeda americana acumula uma alta de quase 10%, embora venha registrando uma ligeira queda nos últimos dias. Ainda assim, a escalada do câmbio não diminuiu a procura por viagens ao exterior, já que muitos turistas acreditam que essa turbulência no mercado financeiro será passageira.

Para o professor de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul) Radamés Barone, apesar da oscilação do dólar, ainda vale a pena investir no turismo internacional. "Mesmo com a instabilidade do dólar, os turistas ainda conseguem preços razoáveis. Ficou em desvantagem quem comprou moeda nos dias de alta, por isso é preciso ficar atento às variações", explica. Segundo Barone, quem já fez um planejamento não deve desistir. "Os turistas devem aproveitar os dias de queda para quitar os débitos", diz.

A agente de viagens Priscila de Souza Vasconcelos (foto), 26 anos, segue exatamente a recomendação do professor. Ela embarca no próximo dia 5 para Miami, nos Estados Unidos. "Por conta da instabilidade do dólar, estou pagando passeios e hospedagens em partes. Acompanho a cotação em tempo real para aproveitar os dias de queda", revela. O que preocupa Priscila é o dinheiro em espécie para as compras. "Ainda não adquiri. Se até lá a cotação baixar, vou aproveitar. Caso contrário, terei que optar pelo cartão de crédito", diz.

São exatamente as compras no cartão que podem trazer surpresas na volta para casa, de acordo com o coordenador do curso de Pós-Graduação em Gestão Financeira da Universidade Metodista de São Paulo, Marcelo dos Santos. "Muitas pessoas pensam que conseguem fugir da alta do dólar, comprando tudo no cartão de crédito. Só que o pagamento é feito de acordo com a cotação do dólar comercial do dia do fechamento da fatura, e não do dia da compra", explica. "No momento do pagamento do cartão, a lembrança da viagem pode ser salgada", alerta o professor.

Segundo Santos, para evitar gastos além do previsto, o recomendável é comprar a moeda no Brasil. "Como economista, aconselho aos turistas que façam compras parceladas do dólar, em lotes de 10% a 15% do valor a ser gasto. Dessa forma, o turista conseguirá manter uma média no preço. Se num dia estiver em baixa, faça um investimento maior. Caso contrário, compre o menos possível", diz. "De qualquer forma, o ideal é fugir do cartão", enfatiza Santos.

Justamente para evitar surpresas na fatura do cartão, a engenheira Cláudia Borges, 34 anos, vai refazer o orçamento de sua viagem para ficar longe do crédito. "Vou passar a minha lua de mel na Itália e Grécia, onde farei um cruzeiro de uma semana pelas Ilhas Gregas. Tentarei quitar os gastos no navio em dólar. Por conta da instabilidade da moeda, vamos diminuir as compras e o consumo", afirma. "Mesmo assim, conseguiremos aproveitar".

Agências de turismo - Apesar do cenário de instabilidade, as expectativas do setor ainda são positivas. Para o diretor comercial da Nascimento Turismo, Cleiton Feijó, o mercado ficou apreensivo na última semana, mas não houve desistências. "O cambio oscila de acordo com a economia global, que está passando por um momento crítico. Acredito que a moeda norte-americana ficará cotada por volta de R$ 2 e, se isso acontecer, não afetará a procura para viagens ao exterior", afirma.

A opinião otimista também é compartilhada pelo proprietário da Paradise Dreaming Viagens e Turismo, Sérgio Pereira. "Ainda não senti efeitos da situação do dólar, mas a tendência é que a procura por viagens internacionais caia de acordo com a alta do câmbio. Se isso ocorrer, teremos como alternativa os roteiros nacionais", diz.

Segundo Pereira, as vendas dos pacotes internacionais foram expressivas neste ano. "Isso ocorreu porque o dólar permaneceu boa parte em queda em relação ao real. Mas a expectativa é positiva para o restante do ano, uma vez que existe público para todos os tipos de viagens", afirma. 

Fonte: Diário do Grande ABC

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